Título: As Coisas que Faltam
Autor: Rita da Nova
Editor: Manuscrito Editora
Ano: 2023
N.º de Páginas: 256
Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais.
Ana Luís cresce a sentir que lhe falta algo e que não pertence a lado nenhum. a convivência com a mãe, uma mulher fria e dominadora, aprisiona-a num lugar solitário.
É na figura do pai que deposita todas as suas esperanças: ele é a peça do puzzle que falta e, quando o conhecer, a sua vida vai finalmente fazer sentido e sentir-se-á completa.
As Coisas que Faltam, o tão aguardado romance de estreia de Rita da Nova, traz-nos a história de uma mulher à procura do seu lugar no mundo.
Numa trama de densidade emocional crescente, a autora explora com destreza a complexidade da identidade humana, a importância do círculo familiar e as histórias que se repetem, às vezes de geração em geração.
Por essas e por outras coisas Ana Luís sonha com uma vida diferente, ao lado de um pai presente. Esse lado da sua vida que falta pode ser a peça-chave para a sua felicidade.
Rita da Nova dá-nos a conhecer uma personagem sofrida, em busca do seu passado, das suas origens, e que embate num muro de pedra que nada lhe diz. A fim de a proteger, esta mãe acaba por criar uma barreira ainda maior, afastando a filha de si a cada dia que passa.
Ana Luís é uma menina inconformada que se transforma numa mulher em busca de respostas. Quando elas finalmente lhe são dadas criam nela uma angústia ainda maior porque continua a não saber a história em profundidade.
Será que a sua vida poderia ter sido diferente se a verdade não lhe tivesse sido sonegada? Estas são perguntas que fui fazendo ao longo do livro. Sou a favor de que a verdade esteja sempre presente, mesmo que seja dolorosa.
Rita da Nova escreve bem, muito bem e criou uma história envolvente e interessante. Prendeu-me do princípio ao fim a história de Ana Luís e compadeci-me desta mãe tão sofrida que só queria proteger a filha e amá-la à sua maneira.