Título: A Despedida de Ulisses
Autor: Francisco Moita Flores
Editor: Casa das Letras
N.º de Páginas: 344
Sinopse:
Março de 2020. Ulisses conta os dias para se reformar do Ministério e se dedicar à sua paixão: a pintura. No dia tão esperado, tudo fecha. E o País passa a viver entre a pandemia e o delírio político e mediático.
Que raio de ideia foi esta, quando se soube que a pandemia estava prestes a chegar, de esvaziarmos os supermercados de papel higiénico e latas de atum? Que susto foi este que nos levou a confundir uma doença respiratória com um desarranjo intestinal?
Vivemos dias de delírio. Durante muitos meses, fomos interditados ao toque, ao beijo, ao abraço. Apenas ligados aos ventiladores da esperança para que o pesadelo terminasse. É certo que trouxe dor e sofrimento, luto e inquietação, mas também é verdade que nos ofereceu dias onde escutámos e acreditámos nas coisas mais disparatadas. Piores do que o intempestivo assalto às prateleiras do papel higiénico.
Nunca como neste tempo de transtorno se percebeu como a informação-espetáculo não coabita pacificamente com o conhecimento. Alimenta-se de poeira, ignorando a tempestade, olha a espuma das ondas sem vislumbrar a grandeza dos mares. Enclausurados pela polícia sanitária, tornámo-nos atores e espetadores desse psicodrama vertiginoso que nos remeteu para estudos e perícias paridas pelo Diabo, presos aos saberes de gente especializada em saber não especializado.
Escrevi este romance através dos medos que nos têm atormentado, durante a clausura forçada a que estivemos obrigados, submetidos aos caprichos de deuses de vendedores de banha da cobra, de sábios e de sabichões que desfilaram nos ecrãs de notícias.
Os protagonistas - Ulisses e Florência - são um bocadinho de todos nós. Apimentei-os com salpicos de loucura que o confinamento nos trouxe. Foram Contínuos, mais tarde promovidos a Assistentes Operacionais, pais de três filhos, cinquenta anos de comunhão de ternura e quezílias que, tal como nós, viveram assarapantados com as notícias e milagres.
E não morreram de Covid. Viverão felizes para sempre nas páginas deste livro.
Assistente operacional num qualquer ministério, Ulisses é um homem invulgar. Cumpridor do seu ofício, que o tornaria um completo ser transparente no seu local de trabalho, Ulisses tinha um hóbbie que o destacava dos demais: o seu gosto e jeito pela pintura.
Chegado aí podia dedicar-se ao que mais gostava: a pintura.
Mas eis que chega uma pandemia que vira tudo ao contrário. Florência a sua mulher, uma hipocondríaca, vidra-se nas notícias e entra em parafuso. Manda-o comprar papel higiénico e conservas para estarem prevenidos para os tempos que aí vinham. Ulisses não entende o porquê de tanto alarido, mas o tempo vai colocá-lo à prova e vai "obrigá-lo" a estar fechado em casa.
Francisco Moita Flores escreveu este romance em memória do pai, vítima de Covid. E tal como os protagonistas, este é um livro que fica para memória futura. Vai lembrar sempre o que passamos com esta maldita pandemia e tudo o que ela trouxe de mau, desde o isolamento, o distanciamento das famílias, uma boa dose de loucura por parte de todos na corrida aos bens de primeira necessidade...
Gosto imenso do autor.
Sinopse:
Março de 2020. Ulisses conta os dias para se reformar do Ministério e se dedicar à sua paixão: a pintura. No dia tão esperado, tudo fecha. E o País passa a viver entre a pandemia e o delírio político e mediático.
Que raio de ideia foi esta, quando se soube que a pandemia estava prestes a chegar, de esvaziarmos os supermercados de papel higiénico e latas de atum? Que susto foi este que nos levou a confundir uma doença respiratória com um desarranjo intestinal?
Vivemos dias de delírio. Durante muitos meses, fomos interditados ao toque, ao beijo, ao abraço. Apenas ligados aos ventiladores da esperança para que o pesadelo terminasse. É certo que trouxe dor e sofrimento, luto e inquietação, mas também é verdade que nos ofereceu dias onde escutámos e acreditámos nas coisas mais disparatadas. Piores do que o intempestivo assalto às prateleiras do papel higiénico.
Nunca como neste tempo de transtorno se percebeu como a informação-espetáculo não coabita pacificamente com o conhecimento. Alimenta-se de poeira, ignorando a tempestade, olha a espuma das ondas sem vislumbrar a grandeza dos mares. Enclausurados pela polícia sanitária, tornámo-nos atores e espetadores desse psicodrama vertiginoso que nos remeteu para estudos e perícias paridas pelo Diabo, presos aos saberes de gente especializada em saber não especializado.
Escrevi este romance através dos medos que nos têm atormentado, durante a clausura forçada a que estivemos obrigados, submetidos aos caprichos de deuses de vendedores de banha da cobra, de sábios e de sabichões que desfilaram nos ecrãs de notícias.
Os protagonistas - Ulisses e Florência - são um bocadinho de todos nós. Apimentei-os com salpicos de loucura que o confinamento nos trouxe. Foram Contínuos, mais tarde promovidos a Assistentes Operacionais, pais de três filhos, cinquenta anos de comunhão de ternura e quezílias que, tal como nós, viveram assarapantados com as notícias e milagres.
E não morreram de Covid. Viverão felizes para sempre nas páginas deste livro.
Assistente operacional num qualquer ministério, Ulisses é um homem invulgar. Cumpridor do seu ofício, que o tornaria um completo ser transparente no seu local de trabalho, Ulisses tinha um hóbbie que o destacava dos demais: o seu gosto e jeito pela pintura.
Oriundo de gente pobre e humilde, Ulisses nunca pode estudar e prosseguir com o sonho das belas artes. Contentou-se com o trabalho de contínuo no Ministério, aturar os mais diversos ministros com os seus diversos feitios. Viu dar-se o 25 de abril, testemunhou a queda de governos e manteve-se ali até ao dia da reforma.
Chegado aí podia dedicar-se ao que mais gostava: a pintura.
Mas eis que chega uma pandemia que vira tudo ao contrário. Florência a sua mulher, uma hipocondríaca, vidra-se nas notícias e entra em parafuso. Manda-o comprar papel higiénico e conservas para estarem prevenidos para os tempos que aí vinham. Ulisses não entende o porquê de tanto alarido, mas o tempo vai colocá-lo à prova e vai "obrigá-lo" a estar fechado em casa.
Francisco Moita Flores escreveu este romance em memória do pai, vítima de Covid. E tal como os protagonistas, este é um livro que fica para memória futura. Vai lembrar sempre o que passamos com esta maldita pandemia e tudo o que ela trouxe de mau, desde o isolamento, o distanciamento das famílias, uma boa dose de loucura por parte de todos na corrida aos bens de primeira necessidade...
Gosto imenso do autor.
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