quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Britt-Marie esteve aqui - Fredrik Backman [Opinião]

Título: Britt-Marie esteve aqui
Autor: Fredrik Backman
Editor: Porto Editora
N.º de Páginas: 304

Sinopse:
Não é que Britt-Marie seja uma pessoa crítica, exigente ou difícil - ela apenas espera que as coisas sejam feitas de uma determinada forma. Uma gaveta de talheres desarrumada está no topo da sua lista de pecados imperdoáveis. Os seus dias começam, impreterivelmente, às seis da manhã, porque apenas os lunáticos acordam mais tarde do que essa hora. E não é passivo-agressiva. De modo nenhum. As pessoas é que, às vezes, interpretam as suas sugestões úteis como críticas, o que não é, de todo, a sua intenção. Afinal, Britt-Marie não é alguém que julgue os outros, não importa o quão mal-educados, desleixados ou moralmente suspeitos possam ser.
Quando Britt-Marie descobre que Kent, o marido, lhe é infiel, a sua vida perfeitamente organizada, de repente, desorganiza-se. Tendo de passar a sustentar-se sozinha, arranja um emprego temporário como zeladora do centro recreativo de Borg. Nessa posição, a exigente Britt-Marie tem de lidar com muita sujidade, eletrodomésticos temperamentais, indisciplina a rodos e até uma ratazana como companheira. Britt-Marie vê-se então arrancada da sua zona de conforto e arrastada para a vida dos seus concidadãos de Borg, uma estranha mistura de seres desesperados, canalhas, bêbedos e vagabundos, sendo incumbida da impossível tarefa de levar a equipa de futebol local, composta por várias crianças sem qualquer tipo de talento para acertar numa bola, à vitória. E, quando um dia Kent aparece a pedir-lhe desculpa, ela tem de decidir, de uma vez por todas, o que realmente deseja da vida. Nesta pequena localidade de gente inadaptada, pode Britt-Marie encontrar o lugar a que realmente pertence?
Engraçado e comovente, perspicaz e humano, Britt-Marie esteve aqui celebra as amizades inesperadas que nos mudam para sempre e o poder do mais gentil dos espíritos, para tornar o mundo um lugar melhor.

A minha opinião: 
Britt-Marie não é uma pessoa fácil de se gostar. Obsessiva com muitas das coisas que a rodeiam acaba por se tornar uma valente chata de quem qualquer pessoa quer fugir a sete pés. 

Depois de ter sido traída pelo marido Kent, que a deixa para viver com uma mulher mais nova, Britt-Marie, que lhe dedicou toda a sua vida e aos seus filhos, vê-se sozinha e sem qualquer ocupação. E é aqui que o livro começa: no centro de emprego. E uma conversa caricata entre a idosa e a funcionária de centro de emprego surge, fazendo-me soltar alguns sorrisos. 

"Quero um emprego porque não acho que seja muito digno incomodar os vizinhos com maus cheiros. Quero que alguém saiba que eu estou aqui."

Como forma de a afastar do centro de emprego e com o intuito de a ocupar lá arranjam um emprego para esta velha rezingona, no centro recreativo de uma estranha localidade. 

Borg é o local ideal para Britt-Marie se estabelecer. Com poucos habitantes, todos com as suas particularidades, a forma de ser de Britt é facilmente compreendida por todos e não é que aos poucos vão gostando dela?

Ao longo da sua estada em Borg é-nos dado a conhecer a vida de Britt, como foi tratada enquanto criança, até conhecer Kent, uma segunda escolha para companheiro de uma vida. 

O livro fica ainda mais rico com a descrição da pequena localidade e dos poucos habitantes que lá existem. Por momentos também nos apercebemos que são pessoas que desistiram de viver. Com a chegada desta nova habitante curiosamente tudo muda e Borg torna-se numa localidade cada vez mais visitada. 

Frederik Backman é exímio em escrever sobre sentimentos e em criar personagens marcantes. Prova disso é A Minha Avó Pede Desculpas cuja opinião está aqui
Com uma ironia presente desde o início até ao final da história o autor dá-nos a perceber que nunca é tarde para darmos uma segunda oportunidade à nossa vida. A idade e a experiência não podem, nem devem ser impeditivo de nada, pelo que temos de ser persistentes até conseguirmos atingir os nossos sonhos. 
Britt-Marie é exemplo disso. 

Adorei. 


 


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