sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A Morte do Papa - Nuno Nepomuceno [Opinião]

Título: A Morte do Papa
Autor: Nuno Nepomuceno
Editor: Cultura Editora
Páginas: 352

Sinopse:
Uma freira e dois cardeais encontram o corpo sem vida do Papa sentado na cama, com as mangas da roupa destruídas, os óculos no rosto e um livro nas mãos. O mundo reage com choque, sobretudo, quando Pedro, um delator em parte incerta, regressa à ribalta e contraria a versão oficial. Porém, tudo muda quando imagens de um escritor famoso vêm à tona, colocando-o na cena do crime.

Enquanto as dúvidas se instalam, um jornalista dedica-se à investigação do desaparecimento de uma adolescente. Mas eis que um recado é deixado na redação da Radio Vaticana. Com a ajuda de um professor universitário e da sua intrépida esposa, os três lançam-se numa demanda chocante pela verdade. O corpo da jovem está no local para onde aponta o anjo.

Pleno de reviravoltas e volte-faces surpreendentes, intimista e apaixonante, inspirado em factos reais, A Morte do Papa conduz-nos até um dos maiores mistérios da história da Igreja Católica, a morte de João Paulo I. Tendo como base os cenários únicos da Cidade do Vaticano, este é um thriller religioso arrebatador, de leitura compulsiva, e igualmente uma incursão perturbadora num mundo onde a ambição humana desafia o poder de Deus.

A minha opinião: 
Inspirado na vida de Albino Luciani, o Papa do Sorriso e no desaparecimento de Emanuela Orlandi, o novo livro de Nuno Nepomunceno tinha todos os ingredientes para dar certo. E não é que deu?

O primeiro livro que li sobre a morte misteriosa de João Paulo I foi "O Último Papa" de Luís Miguel Rocha, há uns anitos. E esse livro fez-me apaixonar pelos livros do escritor tendo-os lido todos.

Quando li a sinopse do novo livro do Nuno, fiquei logo encantada com a temática. De facto, são muitos os livros publicados em volta do Vaticano, o que se torna difícil, depois de ler tantos, haver um novo que nos prenda. Mas o facto de ser à volta de dois crimes que me interessam bastante, deixou-me completamente vidrada na narrativa. 

Nuno traz novamente a sabedoria de Afonso Catalão e da sua mulher e ex-jornalista Diana, que fazem com que a obra se torne ainda mais familiar. Este casal é uma mais valia para o desenrolar da história que se vai tornando cada vez mais interessante à medida que vamos conhecendo o que se passou na noite em que o Papa Mateus I morre inesperadamente. 

Depressa vamos descobrindo que as primeiras declarações sobre como foi descoberto o Papa não são completamente verdadeiras, e colocando em dúvida sobre se Stefano Ugeri, o seu verdadeiro nome, morreu de norte natural ou foi assassinado. O autor percorre o que se passou na realidade com Albino Luciani para explicar como foi a morte de Stefano, colocando as mesmas dúvidas que surgiram em 1978 quando o Papa do Sorriso foi encontrado morto. 

Tal como João Paulo I, o seu "sósia" Mateus I tem o desejo de mudança no Vaticano, passando pela forma como os Cardeais vivem, à gestão do Banco do Vaticano, colocando, logo à partida, um mau estar em sua volta. 

De facto, a integridade de Stefano, que se faz notar desde tenra idade, faz com que crie inimizades logo enquanto estudante, ao questionar várias passagens da Bíblia.

A apimentar ainda mais o mistério é o paralelismo que Nuno faz com o desaparecimento de Gabriella, uma jovem de 15 anos, que deixa de ser vista depois de ter-se dirigido a uma paragem de autocarros para ir para casa. 
Gabriella é baseada na história real de Emanuela Orlandi, desaparecida a 22 de junho de 1983, filha de um funcionário do Banco do Vaticano. Até agora as pistas que surgiram não deram em nada, embora se suspeite que os restos mortais estejam no cemitério Teutónico, dentro da Cidade do Vaticano. 

Quem conhece os livros de Nuno sabe que ele escreve muito bem. Este não é excepção. Desde a temática à forma como ele conseguiu entrosar as duas histórias, este é um livro que, apesar de ter sido dos primeiros que li este ano, será um dos candidatos a melhor livro de 2020. 
Recomendo vivamente.


Estes dois pequenos livros, que acabam por ser um complemento à história principal, e só devem ser lidos depois de lido A Morte do Papa, podem ser descarregados depois de submeter a newsletter da página do Nuno. Do que estão à espera?




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