quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Travessa d’Abençoada, de João Bouza da Costa, é o romance vencedor do Prémio P.E.N. Narrativa 2012

O romance de estreia de João Bouza da Costa, Travessa d’Abençoada, acaba de ser agraciado com o Prémio P.E.N. de Narrativa para o ano de 2012.
Travessa d’Abençoada é um romance que acompanha os diversos protagonistas e acontecimentos que têm lugar numa travessa típica de Lisboa, durante 24 horas.
Aquando da publicação deste livro, em janeiro de 2012, o crítico literário Miguel Real escreveu no Jornal de Letras: «Lamentamos que não exista já o Prémio Literário Cidade de Lisboa, Travessa d’ Abençoada merecia-o em absoluto, retrato em perfeição da nova Lisboa habitada por um cidadão cosmopolita, universalista e tolerante, não já a antiga capital imperial e africanista ou colonialista, não já a Lisboa heroica e épica propagada pelo Estado Novo, pesada de edifícios majestáticos, antes moderna e europeia carregada de idosos (as doenças e a solidão da terceira idade retratadas no romance), de casais pobres e ricos (o novo condomínio de luxo em contraste com as casas envelhecidas dos prédios de reboco à vista), de pessoas diferentes (a criança autista), de estrangeiros (a mulher do tradutor), de vícios (a agonia dos drogados), de maquiavelismo (o empreiteiro reles que atormenta o “Orelhas” para ele abandonar a casa), numa mistura de tradição (os frangos assados o fado as roupas das senhoras velhas…) com rock e música erudita, onde se ouve ao mesmo tempo um refrão clássico e um verso de Rilke.»

Sinopse:
Uma criança autista escuta os sons de dois corpos entregues ao sexo e convoca os seus deuses contra a derrocada do tempo. Um tradutor apropria-se, coxeando, da sua cidade, enquanto a música inunda a noite e a sua mulher se debate com a memória. Um velho preso no labirinto da raiva enfrenta a morte caído numas escadas. Pessoas de uma pequena travessa de Lisboa, vinte e quatro horas da vida no mundo.

Sobre o autor:
João Bouza da Costa nasceu em Lisboa (1954) e passou a infância em África (Luanda). Tem levado uma vida anticíclica, sempre a fugir dos acontecimentos históricos: deixou Angola quando nesta se iniciava a gesta independentista (1963), abandonou Portugal logo após a revolução de Abril (em setembro de 74) e escapou da Alemanha em 89, pouco antes do grande êxtase coletivo da queda do Muro. Meteu-se, com fraco sucesso e por pura necessidade, em muitas e variadas lides: foi carteiro, limpador de vidros, vendedor de vinhos, pintor de cenários de ópera, professor de uma pretérita ortografia, tradutor e intérprete, mas terá talvez sido o acaso das novas tecnologias, com a sua facilidade para rasurar e sintetizar, que o ajudou a ultrapassar o fado dos papelinhos avulsos e a chegar-se um pouco mais à escrita e a si próprio.


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