quinta-feira, 18 de junho de 2020

Mulheres que compram flores - Vanessa Montfort [Opinião]

Título: Mulheres que compram flores
Autor: Vanessa Montfort
Editor: Porto Editora
N.º de Páginas: 384

Sinopse: 
Num bairro pequeno e central da cidade, há cinco mulheres que compram flores. A princípio, nenhuma o faz para si própria: uma compra-as para um amor secreto, outra para o seu escritório, a terceira para as pintar, uma outra para os seus clientes, e a última... para um homem morto.
«A última sou eu e esta é a minha história.»
Após a perda do seu companheiro, Marina percebe que está totalmente perdida: durante demasiado tempo, ocupou um lugar secundário na sua própria existência. Procurando começar do zero, aceita um trabalho temporário numa curiosa florista chamada «O Jardim do Anjo». Lá, encontrará outras mulheres, todas muito diferentes entre si, mas que, como ela, estão numa encruzilhada vital no que diz respeito ao trabalho, aos amores, aos desejos ou à família. Do relacionamento entre elas e Olivia, a excêntrica e sábia dona da florista, despontará uma amizade íntima da qual depende o novo rumo que as suas vidas tomarão.
Viciante, divertido, romântico e honesto, Mulheres que compram flores é um comovente romance sobre amizade e independência feminina, numa viagem épica rumo ao centro dos sonhos da mulher contemporânea.

A minha opinião: 
Num bairro pequeno de Madrid vivem cinco mulheres que compram flores por motivos distintos. E há ainda uma outra que as vende. E é precisamente a mulher que as vende que será o ponto fulcral de toda a narrativa. 

O Jardim do Anjo será o lugar de encontros para que cada mulher, todas na casa dos 40, desabafe e fale de tudo o que lhe vai na alma. Certo é que todas sofrem do mesmo: mal de amor. 
Narrado por Marina, a viúva, que "aterra" naquele pequeno bairro quase de para-quedas, Mulheres que Compram Flores é, como o título indica, um livro de mulheres, e para mulheres, mas que deve ser lido também por homens. E porquê? Para que tentem conhecer o que se passa no nosso íntimo, aquilo de que temos medo, mas também o que almejamos. 

"A única coisa que nos afasta da felicidade é o medo da mudança."

Todas elas sofreram ou sofrem de desgostos de amor. A maior parte sem filhos e completamente sozinhas, refugiam-se na compra de flores para expiar os seus "pecados". Cassandra tem um caso com um homem casado, e compra flores para si própria para que todos percebam que, além de realizada no trabalho tem também uma vida familiar organizada. 

"Andamos preocupadíssimas como a conquista do nosso lugar nas empresas, sem termos conseguindo ainda arranjar um canto próprio em casa. "

Victoria tem, aparentemente, uma vida que todos desejam. Um marido e filhos. Mas vamos percebendo que há por detrás disto um marido que a reprime e que tem complexo dela ser uma mulher mais bem sucedida que ele. Gala, uma pinga amor, que adora sexo, mas que não se quer prender com nenhum homem, talvez porque o único homem que a prendeu deixou-o partir. 
Depois temos Aurora uma artista cujos pais reprimiram desde nova, o que faz com que o medo de se entregar a um homem seja enorme. 

"O verdadeiro amor não pode viver-se com medo."

E há ainda as personagens que mais me marcaram: a narradora, Marina, que sempre se sentiu como copiloto de um relacionamento que durou até que o seu marido morreu. Sente que terá de encetar uma jornada sozinha, no barco Peter Pan, por forma a conseguir mudar o rumo da sua vida. Que, pela primeira vez, está ao leme da sua vida. E Olívia, a misteriosa personagem que mais encantou, desde o início do livro.  

Adorei a escrita da autora, adorei a história destas seis mulheres que, apesar de todas as fraquezas, conseguem superar tudo e ditar o rumo da sua vida e fiquei ainda com mais curiosidade em perder-me pelas ruas de Madrid, que Vanessa caracterizou tão bem. 

Além disso, a leitura é repleta de referências a artistas como Cervantes, Rosa Montero ou até a própria autora do livro!



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