Prémio Nacional da Crítica em Espanha, país onde vendeu 700 mil exemplares, Pátria foi descrito pelo júri como “comovente". O retábulo definitivo de mais de três décadas da vida no País Basco editado no ano em que se assinala meio século do primeiro atentado cometido pela organização terrorista ETA foi profusamente elogiado pela crítica. “Há muito tempo que não lia um livro tão convincente e tocante, tão inteligentemente concebido”, escreveu o Nobel da Literatura, Mario Vargas Llosa, no jornal El País, quando o romance foi publicado em Espanha.
“Chega-me, de novo, de Itália, uma alegria e uma honra. Estou muito feliz por ter sido premiado com o Prémio Giuseppe Tomasi di Lampedusa 2018”, escreveu o escritor nas redes sociais, que viajará, em Agosto, para receber o prémio que homenageia o autor de O Leopardo. Em Maio, Aramburu já tinha vencido o Premio Strega Europeu atribuído igualmente em Itália.
Pátria narra a luta da ETA pela voz de duas mulheres de famílias amigas que se tornam rivais. No dia em que a organização anuncia o abandono das armas, Bittori dirige-se ao cemitério para, na sepultura do marido, Txato, assassinado pelo grupo, para lhe contar que decidira voltar à casa onde os dois tinham vivido. Mas poderá ela conviver com aqueles que a perseguiram antes e depois do atentado que transtornou a sua vida e a da família? Poderá saber quem foi o encapuzado que num dia chuvoso matou o marido, quando este regressava da sua empresa de transportes? Por mais que chegue às escondidas, a presença de Bittori alterará a falsa tranquilidade da terra, sobretudo a da vizinha Miren, amiga íntima noutros tempos, e mãe de Joxe Mari, um terrorista encarcerado e suspeito dos piores receios de Bittori. O que aconteceu entre essas duas mulheres? O que envenenou a vida dos filhos e dos respetivos maridos, tão unidos no passado? Com lágrimas escondidas e convicções inabaláveis, com feridas e coragem, a história arrebatadora das suas vidas, antes e depois da tormenta que foi a morte de Txato, fala da impossibilidade de esquecer e da necessidade de perdoar numa comunidade fragmentada pelo fanatismo político.
Fernando Aramburu é já considerado um dos narradores mais destacados de língua espanhola. Vive desde 1985 na Alemanha, mas nasceu em San Sebastian.
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