quinta-feira, 26 de julho de 2018

O livro que Sam Shepard escreveu antes de morrer

Título: Espião na Primeira Pessoa
Autor: Sam Shepard
Género: Literatura Romance
N.º de páginas: 104
Data de lançamento: 3 de agosto
PVP: € 14,40

Poucos dias antes de morrer, a 27 de julho de 2017, Sam Shepard fez a revisão e ditou a versão final do seu derradeiro livro, Espião na Primeira Pessoa, que a Quetzal faz chegar às livrarias a 8 de Agosto, com tradução de Salvato Telles de Menezes. Não é tanto um epitáfio, mais um encore. Uma despedida inquieta.
Em Espião na Primeira Pessoa, o narrador observa e relata num discurso desassombrado, em que a implacável consciência da doença (Esclerose Lateral Amiotrófica) e da morte próxima é interrompida por pontos luz, momentos de beleza e júbilo, di-gressões pelo passado – e pelos antepassados –, considerações de afeto e espanto sobre a família mais próxima. Este é um livro breve, com capítulos curtos, num registo pessoal e intimista. Os rascunhos iniciais foram manuscritos, uma vez que Sam Shepard já não era capaz de dactilografar. Quando se lhe tornou impossível escrever à mão, passou a gravar e, já perto do fim, ditava com esforço os textos, que posteriormente eram transcri-tos pelas suas duas irmãs, Roxanne e Sandy. O trabalho de edição e revisão do livro foi feito com ajuda da cantora e escritora Patti Smith, antiga amante e amiga de mais de 40 anos.
«Há um ano conseguia ouvir cair as nozes. Conseguia partir as nozes. Conseguia coçar a barriga do catahoula que tinha muitos cachorrinhos. Que o filho, o rapaz magricela, insistia em que ficasse com eles. Exatamente há um ano conseguia guiar através da grande divisão entre o Norte e o Sul. Conseguia guiar ao longo da costa. A costa irregular. Conseguia bocejar no deserto. Mais ou menos exatamente há um ano conseguia caminhar com a cabeça levantada. Conseguia ver através do ar. Conseguia limpar o rabo.» - Espião da Primeira Pessoa, Sam Shepard

Sinopse:
Espião na Primeira Pessoa é, num primeiro plano, a observação pelo narrador de um homem de idade, um vizi-nho do outro lado da rua. O velho enigmático que observa será, afinal, ele próprio, perto do fim – e que desse pre-sente aprisionado parte em digressões pela memória, mas também pelo espaço e tempo remanescentes.
O registo não é realista, o fluxo da consciência corre livre e anarquicamente, e a identidade é móvel ou constante-mente transmutável (o narrador é quem vê, mas é também o outro, o objeto do escrutínio). O resultado dessa ob-servação é de grande lucidez: o homem que olha de perto os passos (ainda que metafóricos), as sensações e refle-xões que antecedem o fim do seu caminho.

Sobre o autor:
Sam Shepard é autor – galardoado com o prémio Pulitzer – de mais de 44 peças teatrais e de três coletâneas de contos. Enquanto ator, apareceu em mais de 40 filmes, tendo sido nomeado para um Óscar em 1984. Foi finalista do prémio literário W.H. Smith pelo seu livro de contos Great Dream of Heaven. Foi-lhe atribuído o doutoramento honoris causa pelo Trinity College, de Dublin, em 2012. Membro da Academia Americana das Artes e Letras, recebeu, da mesma, a Medalha de Ouro para Drama. Foi galardoado, em 1979, com o Prémio Pulitzer.

Crítica literária:
«Há qualquer coisa de magnético na sua obstinação em recusar aos leitores as respostas fáceis que tantas vezes desejamos.» Chicago Tribune
«O intelectual versus o homem Marlboro; o solitário que não quer estar só.» The New York Times Book Review
«Shepard ilumina a solidão de uma forma belíssima neste breve, mas rico e comovedor, trabalho final.» The Independent
«Há ecos de Beckett no estilo abstémio e nos ecos existenciais desta novela.» The New York Times
«No fim, Shepard ainda tinha a sua voz. E nós ainda a temos, agora.» Washington Independent Review of Books


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