Autor: Gabriel Magalhães
Do mesmo autor do polémico e provocatório ensaio Como Sobreviver a Portugal continuando a ser Português, chega agora um romance cheio de ironia que é também uma crítica impiedosa ao modus operandi das elites portuguesas e um retrato dos alpinistas sociais, ávidos de reconhecimento e poder.
A estreia auspiciosa de Gabriel Magalhães, reputado professor catedrático de Literatura, no género policial.
Uma intriga subtil sobre os bastidores do poder político e os meandros da cultura que decorre nalguns dos mais emblemáticos e belos lugares de Lisboa. Personagens fortes, um protagonista atípico e um piscar de olho à história.
Um livro inteligente e divertido que ajuda a perceber a sociedade portuguesa e as suas elites, a partir de uma sucessão de crimes que assentam na ganância, vaidade e desejo de poder.
Uma obra que percorre os lugares mais emblemáticos de Lisboa, do Museu dos Coches à Praça Luís de Camões, da Estrela ao Parque das Nações.
Um panorama irónico dos bastidores da cultura e da política, com os seus jogos e guerras, e um retrato lúcido do povo que lava no rio.
Um olhar crítico e divertido sobre um país que não perdoa a diferença.
Ironia das ironias: os crimes serão desvendados por uma mulher banal, a anti heroína. Rosário, filha de emigrantes que vive de empregos precários vai revelar-se o cérebro da investigação. Pelo caminho, não faltam peripécias e sobressaltos históricos como a célebre queda de Salazar da cadeira.
Um crime no Museu dos Coches.
Uma jovem historiadora transformada em detective.
Um político ambicioso que se senta na cadeira de Salazar.
Um homem aparece assassinado no salão principal do Museu dos Coches com uma lança atravessada no ventre. Ao longo dos dias seguintes, morrem misteriosamente mais pessoas.
Quem é o serial killer por trás de tudo isto?
Rosário do Amaral, uma filha de emigrantes que vive de empregos precários, vai revelar-se o cérebro da investigação.
«Os funcionários do Museu dos Coches tinham passado os últimos meses enfurecidos com os cortes nos salários, a eliminação do subsídio de férias e outras tenazes que lhes apertavam as vidas. De resto, a comunicação social anunciava cada dia mais medidas de austeridade, como quem publicita as sequelas de um filme de terror.
«Ao verem nascer o novo edifício do Museu – que era uma gargalhada que lhes atiravam à cara: para aquilo, havia dinheiro! –, alguns puseram a correr todo o tipo de rumores. Surgiu o boato de que uma parte do pessoal seria dispensada, ou forçada a uma reforma antecipada. No entanto, o mexerico mais devastador foi o de que o futuro edifício seria concessionado ao Grupo Pestana, o dos hotéis e das pousadas, que articularia o sítio museológico com um albergue de luxo, apenas com cinco quartos destinados a xeques árabes ou potentados orientais. Se assim fosse, iria tudo para a rua?
Passariam a fazer as camas e a servir os pequenos-almoços na pousada?
«O cadáver do senhor Santos com uma lança espetada nas tripas gerou primeiro a habitual piedade portuguesa, mas a seguir, enquanto almoçavam, os funcionários redescobriram a raiva, o rancor dos últimos meses. E o corpo do pobre homem passou a ser interpretado de outra maneira: como uma vítima que representava a classe.»
Sobre o autor
GABRIEL MAGALHÃES (Luanda, 1965) é professor de Literatura na Universidade da Beira Interior, tendo também dado aulas em Espanha – país onde viveu muitos anos e onde fez o seu doutoramento.
É autor de vários livros de ficção e não ficção - Como Sobreviver a Portugal continuando a ser Português, Planeta, 2014.
Em 2009 ganhou o Prémio Revelação da APE.
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