Título: Um Milionário em Lisboa
Autor: José Rodrigues dos Santos
Coleção: «Fora de Colecção», n.º 409
N.º de Páginas: 672
PVP: € 22,00
Kaloust Sarkisian completa
a arquitectura do negócio mundial do petróleo e torna-se o homem mais
rico do século. Dividido entre Paris e Londres, cidades em cujas suítes
dos hotéis Ritz mantém em permanência uma beldade núbil, dedica-se à
arte e transforma-se no maior coleccionador do seu tempo. Mas o destino
Interveio. O homem mais rico do planeta resolve viver no bucólico
Portugal. O país agita-se, Salazar questiona-se, o mundo do petróleo
espanta-se. E a polícia portuguesa prende-o. Não perca o segundo e
último volume desta história apaixonante.
A minha opinião:
Um Milionário em Lisboa é a segunda parte da biografia daquele que foi considerado o homem mais rico do mundo, Caloust Gulbenkian (Kaloust Sarkisian). José Rodrigues dos Santos baseou-se na vida deste ilustre homem, que em muito contribuiu para a cultura em Portugal e escreveu dois livros magníficos. Pessoalmente gostei ainda mais deste não só por parte da história ser passado no nosso país, mas também por explanar o conflito entre turcos e otomanos, dando a conhecer aos leitores aquela que foi talvez a primeira tentativa de extermínio de um povo: o povo arménio.
Confesso que esta parte da história era-me um pouco desconhecida e que, através da vivência de Krikor, fui conhecendo um pouco o que os refugiados arménios passaram nas mãos dos turcos, que em muito me fez lembrar o extermínio judeu poucos anos depois.
Com o início da Segunda Guerra Mundial começa-se a adivinhar o porquê da escolha de Kaloust recair em Portugal. Um país neutro, que em muito lhe fazia lembrar a sua terra natal, Constantinopla.
À parte isso achei hilariante a forma como Kaloust vivia diariamente. Sempre contido, não gostava de ganhar dinheiro mal gasto, nem pagar impostos (daí viver até ao fim dos seus dias no hotel). A sua obsessão por querer bater um recorde familiar, viver até aos 106 anos, fazia com que chegasse ao cúmulo de mandar vir de fora maçãs e morangos para a sua dieta diária. Todos os dias apontava quantos frutos comia, para que o hotel não o enganasse nas contas...
De salientar o significado de beleza que teve início no início do primeiro livro e que só será explicado no final do livro, transformando-o num momento delicioso e esclarecedor.
Para os fãs de José Rodrigues dos Santos, mas sobretudo para os de Caloust Gulbenkien que sempre "conviveram" com este nome quando frequentavam as bibliotecas (como eu), este é um livro imperdível e uma óptima prenda de Natal.
Excertos:
"Nenhum país é grande se não dominar o negócio do petróleo."
"É melhor ter más notícias do que notícias nenhumas."
"Prefiro enfrentar a realidade mais dura a viver na ilusão mais enganadora. A incerteza é insuportável."
"A intenção. É isso que separa a arte da realidade."
"A arte é para ser fruída, não para ser esquecida."
Opinião de O Homem de Constantinopla
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