quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

A Criança em Ruínas - José Luís Peixoto [Opinião]

 

Título: A Criança em Ruínas
Autor: José Luís Peixoto
Editor: Quetzal Editores
N.º de Páginas: 96

Tendo como temática principal a nostalgia da "criança em ruínas", a obra reúne vários poemas de diferentes fases da vida do autor. A melancolia, os cenários de dor, os problemas existenciais e as inquietações estão presentes na maioria dos textos. A exorcização dos males do poeta surge precisamente pela escrita, pois o poema é "o último esconderijo da pureza". O mundo poético surge aqui definido como sendo aquele em que o poeta é o "imigrante dentro de uma estrela, de um parágrafo".

José Luís Peixoto é família, é terra.

Publicado em 2001, A Criança em Ruínas é um livro de poesia onde José Luís Peixoto se despe para o leitor, chorando o luto, mostrando a importância da família na sua vida, da sua mãe. Quase dando continuidade a Morreste-me, o autor abre-se de um forma tão profunda que é difícil para o leitor não se conseguir rever também nas suas palavras.

 Apesar de ter poucas páginas, este é um livro tão intenso que acabamos por parar a cada poema, de forma a absorver o que o autor nos transmite.
A mesa, as refeições, são a altura da reunião, da junção da família, do convívio. Com a morte do pai, o seu lugar à mesa continua lá, mas com os anos, a família como ele a vê, desintegra-se porque cada elemento acaba por criar a sua própria família.
Esta é a história de cada um de nós. Todos nós, de uma forma ou outra já perdemos alguém que nos faz falta, que nos deixa a vida completamente em ruínas. Daí sentirmos o que o autor sente, a cada virar de página...

"O poema é onde eu fui feliz e onde eu morri tanto."

"Estou na casa onde as memórias se sentam nas cadeiras para jantar em pratos invisíveis."

"O amor é saber que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer."

"Estou sozinho. Sinto falta de mim em mim. Estou sozinho."





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