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sexta-feira, 11 de março de 2016

Acaba de sair nova edição de «D. Sebastião e o Vidente» de Deana Barroqueiro

Acaba de sair a nova edição, revista e melhorada, do primeiro romance histórico para adultos de Deana Barroqueiro, com a chancela da Casa das Letras/Leya. Foi o romance D. Sebastião e o Vidente que, há 10 anos a Porto Editora escolheu para se lançar na ficção, apresentando-o no Mosteiro dos Jerónimos com a maior pompa e circunstância. 
"Foi o meu maior sucesso, tendo sido premiado e vendeu mais de 17000 exemplares, o que é espantoso para quem não se movimenta nos meandros dos media, não é jornalista nem político."
O livro estabelece muitas pontes entre o desgoverno e a corrupção no Portugal quinhentista com os mesmos pecados do Portugal do século XXI, como se não tivéssemos aprendido nada. Deana Barroqueiro escreve romances históricos (14 obras publicadas) sobre temas portugueses), procurando fazer um retrato rigoroso de Portugal e dos sucessos e personagens histórico que os leitores desconhecem.

Sobre o Livro:
D. Sebastião e o Vidente narra a história do décimo sexto rei de Portugal, o Desejado, desde o seu nascimento, em 1554, até ao seu fulgurante ocaso, nas planícies de Alcácer Quibir, em 1578.

Encarnando as esperanças da nação, D. Sebastião é, todavia, um órfão privado de afectos, criado e educado por velhos, como a avó, a rainha D. Catarina, e o tio, o cardeal D. Henrique. Aclamado rei aos três anos de idade, vai crescer, caprichoso e atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário.

Senhor de um poder absoluto (alimentado pela corrupção dos cortesãos e dos políticos), assume-se como o Capitão de Deus, numa Cruzada contra os mouros, que vai conduzir Portugal ao desastre, profetizado pelas visões de Miguel Leitão de Andrada, um fidalgo de Pedrógão Grande, com fumos de vidente, cuja vida se entrelaça com a do rei, nesse binómio de idealismo-materialismo posteriormente imortalizado em D. Quixote e Sancho Pança.

O Desejado, graças à sua personalidade problemática e fascinante, fez-se mito (o Sebastianismo), amado e odiado ao longo dos séculos, tendo o desastre de Alcácer Quibir deixado no esquecimento a melhor parte do seu reinado: as reformas políticas, administrativas e militares.

Carta aos leitores:
«D. Sebastião e o Vidente» foi o meu primeiro romance histórico de longo fôlego, a obra que a Porto Editora escolheu, em 2006, para iniciar o seu projecto editorial de ficção. Constitui um marco no percurso da minha escrita, porque, embora já tivesse publicado sete romances juvenis e dois livros de contos, foi este livro, premiado e com várias edições esgotadas, que me tornou conhecida como romancista.  
“D. Sebastião e o Vidente” representou não um corte com a obra anterior, mas um ponto de viragem, uma mudança em termos de objectivos, de destinatários e de maturidade da escrita. Teve uma longa gestação (cerca de três anos) e um parto difícil, com muitas versões destruídas. Talvez porque, inconscientemente, a antiga professora de literatura que ainda me habita se insurgisse contra a liberdade da escritora e lutasse para impor a sua vontade, ansiosa por partilhar com os leitores esse tesouro extraordinário de personagens, sucessos e obras do Renascimento português, que lhe serviram de modelo.
Creio que o tema do sebastianismo me surgiu de uma visão pessimista de Portugal, do marasmo do nosso presente e da incerteza do nosso futuro colectivo. Acabávamos de entrar no terceiro milénio da nossa era, um tempo que se esperava de grande Descoberta, Progresso e Conhecimento, para maior felicidade do homem; contudo, no mundo, sopravam cada vez mais fortes os ventos do desencanto, da violência, da pobreza e da superstição. Portugal, avesso à mudança, continuava à espera de um D. Sebastião que o viesse salvar do pântano da mediocridade e imobilismo em que vegetava.
Neste contexto, assume primordial importância no romance um narrador que dialoga, num registo irónico e crítico, com o leitor/a, permitindo-lhe estabelecer uma relação de distanciação e/ou proximidade entre as duas épocas, cotejando o passado com o presente. «A Literatura e a História não dividem o seu património», afirma uma máxima chinesa, porque uma obra literária dá sempre testemunho de um determinado tempo, espaço e civilização. E esse conhecimento é, na minha concepção, a mais-valia do romance histórico.
Assim, o leitor é convidado a sair do seu tempo pessoal e a mergulhar num outro tempo, efabulado, porém, recriado a partir de uma rigorosa investigação de fontes documentais, que se reflecte na contextualização da acção, da linguagem, das mentalidades, dos lugares e dos costumes do século XVI.
De igual modo, as personagens históricas do rei D. Sebastião (o mais desejado e caluniado de Portugal) e de Miguel Leitão de Andrada (um fidalgote de Pedrógão Grande, com fama de vidente e autor da Miscelânea, uma das fontes do romance) são retratadas de forma realista, por vezes crua, mas humanizada, procurando fazer-lhes a justiça que lhes foi negada. Duas vidas entrelaçadas pelo Destino, desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir, que reflectem o espírito da época, esse binómio do idealismo-materialismo, magistralmente encarnado em D. Quixote e Sancho Pança, de Miguel de Cervantes.
D. Sebastião é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão privado de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto (alimentado pela corrupção dos cortesãos e dos políticos) que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visões de Miguel Leitão de Andrada.
E como todo o autor de romances históricos é por natureza um criador de mitos, ofereço aos meus leitores uma complexa intriga palaciana, feita de conspiração, mistério e revelação… que, dez anos depois da sua criação – uma década preenchida pela trilogia de romances de viagens e descobrimentos, «O Navegador da Passagem», «O Espião de D. João II» e «O Corsário dos Sete Mares: Fernão Mendes Pinto» –, surge em nova edição, revista e melhorada, com a chancela da Casa das Letras/Leya.
Se a leitura vos proporcionar algumas horas de prazer e contribuir para um melhor conhecimento deste período da nossa História, o romance terá cumprido a sua missão e a autora seguirá novo caminho, na senda da sua escrita.»

Deana Barroqueiro




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Corsário dos Sete Mares - Deana Barroqueiro [Opinião]

Título: O Corsário dos Sete Mares
Autor:
Deana Barroqueiro
Editor: Casa das Letras


Sinopse:
Fernão Mendes Pinto é o exemplo vivo do aventureiro português do século XVI, que embarcava para o Oriente com o fito de enriquecer. Curioso, inteligente, ardiloso e hábil, capaz de todas as manhas para sobreviver, vai tornar-se num homem dos sete ofícios, sendo embaixador, mercador, médico, mercenário, marinheiro, descobridor e corsário dos sete mares - Roxo, da Arábia, Samatra, China, Japão, Java e Sião - por onde, durante vinte anos, navegou e naufragou, ganhou e perdeu verdadeiros tesouros, fez-se senhor e escravo, amou e foi amado, temido e odiado. Herói polémico e marginalizado, Fernão participa em campanhas de paz e guerra, da Etiópia à China, sendo também um dos primeiros portugueses a visitar o Japão, onde introduz os mosquetes ali desconhecidos e fica nas crónicas locais como o noivo do primeiro matrimónio de uma japonesa com um ocidental. Através de Fernão Mendes Pinto e dos testemunhos das personagens com quem se cruza, na sua peregrinação pelo Oriente longínquo, a autora faz ainda a narrativa dos principais episódios da grande saga dos Descobrimentos Portugueses, como as conquistas de Goa e Malaca, o heróico cerco de Diu ou as campanhas do Preste João na Etiópia. Em sete mares se divide o romance, por onde o leitor, na pele das personagens, fará uma intrigante viagem no Tempo, ao encontro de si próprio e de mundos e povos antigos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes, uma peregrinação na busca incessante de fortuna, encarnada na demanda da mítica Ilha do Ouro.

A minha opinião:

Além de histórico, este novo livro de Deana Barroqueiro, O Corsário dos Sete Mares é um livro de aventuras. O retratado: Fernão Mendes Pinto, nas suas longas aventuras pelo Oriente.

É já sabido que sou fã confessa da obra de Deana Barroqueiro e todas as vezes que leio um novo livro me surpreendo pela positiva. A autora tem o condão de fazer com que fiquemos cativos à leitura das suas palavras quase como uma dependência. Consegue fazer de um livro que poderia tornar-se chato, para uma grande maioria, um autêntico prazer, cheio de aventuras pelo meio, tornando a já de si tão rica personagem com ainda mais encantamento.

Gostei de conhecer um Fernão Mendes Pinto humano, mas também aventureiro e destemido, muitas vezes perto de ser condenado à morte pelos mais diferentes motivos, nos mais variados países pelos quais passou, mas conseguindo safar-se sempre. Um português de mérito que tem vindo a ser esquecido. 


O Corsário dos Sete Mares relata a primeira década dos 20 anos que Fernão andou pelo Oriente, relatando os vários locais pode onde esteve e as diferentes culturas como se ainda vivêssemos no tempo dos descobrimentos. Os relatos sanguinários e muitas vezes chocantes de que “padeciam” a maior parte dos prisioneiros dessas paragens podem chocar o leitor mais sensível, mas criam um realismo ainda maior do que se passava na época.

Dividido por sete grandes capítulos (assim como os sete mares) marcando o espaço e tempo em que eles ocorreram, numa investigação concisa a que já habituou os seus leitores, a obra ainda é recheada de provérbios seculares, assim como excertos das épocas retratadas, que enriquece sobremaneira o romance.

Excelente.

“Se quiseres conhecer um cavalo monta-o; se quiseres conhecer uma pessoa, convive com ela.” - Japonês

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Corsário dos Sete Mares é o novo livro de Deana Barroqueiro

Com data prevista para lançamento o dia 22 de Outubro, O Corsário dos Sete Mares é o novo livro de Deana Barroqueiro a ser publicado pela Casa das Letras.

Sinopse:
Fernão Mendes Pinto é o exemplo vivo do aventureiro português do século XVI, que embarcava para o Oriente com o fito de enriquecer. Curioso, inteligente, ardiloso e hábil, capaz de todas as manhas para sobreviver, vai tornar-se num homem dos sete ofícios, sendo embaixador, mercador, médico, mercenário, marinheiro, descobridor e corsário dos sete mares - Roxo, da Arábia, Samatra, China, Japão, Java e Sião - por onde, durante vinte anos, navegou e naufragou, ganhou e perdeu verdadeiros tesouros, fez-se senhor e escravo, amou e foi amado, temido e odiado. Herói polémico e marginalizado, Fernão participa em campanhas de paz e guerra, da Etiópia à China, sendo também um dos primeiros portugueses a visitar o Japão, onde introduz os mosquetes ali desconhecidos e fica nas crónicas locais como o noivo do primeiro matrimónio de uma japonesa com um ocidental. Através de Fernão Mendes Pinto e dos testemunhos das personagens com quem se cruza, na sua peregrinação pelo Oriente longínquo, a autora faz ainda a narrativa dos principais episódios da grande saga dos Descobrimentos Portugueses, como as conquistas de Goa e Malaca, o heróico cerco de Diu ou as campanhas do Preste João na Etiópia. Em sete mares se divide o romance, por onde o leitor, na pele das personagens, fará uma intrigante viagem no Tempo, ao encontro de si próprio e de mundos e povos antigos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes, uma peregrinação na busca incessante de fortuna, encarnada na demanda da mítica Ilha do Ouro.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Romance da Bíblia - Deana Barroqueiro [Opinião]

Título: O Romance da Bíblia
Autor: Deana Barroqueiro
Editora: Ésquilo
Páginas: 352

Formato: 16x23 cm
«O Romance da Bíblia possui o riso que acontece debaixo da palma da mão entreaberta sobre a boca, mas igualmente o desfrute do gozo, ambiguamente trocado, tomado, pelo gosto do outro, no tactear da língua. Um livro de memórias ancestrais, que nos mostra o despertar da mortal e venenosa serpente das seitas religiosas, do obscurantismo, do sexismo com a sua rancorosa face. Mas, O Romance da Bíblia é ainda a beleza traba­lhada, cinzelada, com um bom gosto literário inusitado, eu diria mesmo raro, na ficção portuguesa. (…)

O livro de Deana Barroqueiro traz consigo a visão da mulher. Lúcido olhar, que ao longo dos séculos tem faltado à visitação deste universo da Bíblia: Velho Testamento moralista, repleto de anciãos preguiçosos, libidinosos e lascivos, de brutamontes ignorantes e violadores, convocados por um Deus irado frente à própria incompetência e à própria ima­gem, segundo a qual teria criado o homem, de quem afinal não gosta e castiga. E é precisamente no enredamento deste dilema, que se abrem as páginas do primeiro dos dezanove textos que, fragmentariamente, irão formar um todo literário uno: falando de Noé e de Jacob, de Isaac e de Sansão, de Asmodeu e dos circuncisos, de Labão e de Abraão, arrancando-os do seu pedestal de heróis divinos, com uma habilidosa cruel­­dade implacável.» - Maria Teresa Horta Crítica Literária

A minha opinião:
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Para Deana Barroqueiro este foi o livro que lhe deu mais gozo escrever. E agora percebo porquê. Posso dizer que “O Romance da Bíblia” também me deu um grande prazer de leitura, ficando com sede de ler ainda mais.
Não sou feminista, mas penso que, ao longo dos séculos, o papel da mulher foi sempre menosprezado, ocupando sempre lugar de pouco destaque na história e na vida dos homens. N’ “O Romance da Bíblia”, um livro que resultou da junção de duas das suas obras preferidas “Os contos eróticos do Velho Testamento” e os “Novos contos eróticos do Velho Testamento”, Deana Barroqueiro dá voz às mulheres injustiçadas, menosprezadas e quase invisíveis do Novo Testamento. Aqui as mulheres ganham outro protagonismo, quer seja pela sua beleza, ou pela sua inteligência.
Exemplo disso, realçado num dos primeiros contos deste livro, foi o tratamento que Abraão deu à sua mulher Sarai e que mais me impressionou. Com medo do Faraó, Abraão diz que é irmão de Sarai, mulher muito bela, que logo atraiu os egípcios. Como tal, o faraó mandou chamá-la para ser uma das suas concubinas e Abraão nada fez para o impedir.

Excertos:
“Sarai fora o valor entregue por Abraão em troca da sua tão preciosa segurança. E quanto a ela? Que preço pagara Sarai apenas por ter nascido mulher? Um custo muito alto em submissão, falsidade e humilhações.”
“Se quiseres conservar a tua boa fortuna, evita aproximar-te das mulheres da casa. As fêmeas têm provocado, desde o princípio do mundo, a ruína dos homens…”
Podem ver um excerto da obra aqui
Entrevista
por Teresa Horta a Deana Barroqueiro, no Diário de Notícias aqui

domingo, 25 de outubro de 2009

O Espião de D. João II - Deana Barroqueiro [Opinião]

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Título: O Espião de D. João II
Autor: Deana Barroqueiro
P. V. P.: 19,50 euros
Páginas: 528
Formato: 16x23 cm

Sinopse:
O formidável Espião de D. João II possuía qualidades e talentos comparáveis aos de um James Bond e Indiana Jones, reunidos num só homem. A memória fotográfica, uma capacidade espantosa para aprender línguas, a arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, a mestria no manejo de todas as armas do seu tempo e, sobretudo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, aliados ao culto cavaleiresco da mulher e do amor que o fascinavam, fazem dele uma personagem histórica única e inspiradora.
El-rei D. João II escolhia-o para as missões mais secretas, certo que qualquer outro falharia. Talvez esse secretismo seja a razão do seu nome de família e do seu rosto terem ficado, para sempre, na penumbra.
Em 1487, Pêro da Covilhã foi enviado de Portugal, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra, aquilo que o navegador ia demandar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do encoberto Preste João.
Ao espião esperava-o uma longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mar Vermelho e costas do Índico até Calecut e, também, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, descobrindo povos e culturas em lugares hostis, cujos costumes lhe eram completamente estranhos. Na pele de um enigmático mercador do Al-Andalus, o Escudeiro-guerreiro do Príncipe Perfeito realizou proezas admiráveis que causaram espanto no mundo do seu tempo.
Neste romance fascinante, Deana Barroqueiro convida-nos a seguir o trilho de Pêro da Covilhã na sua fabulosa odisseia recheada de aventuras, amores, conquistas e descobertas inolvidáveis…

A minha opinião
O Espião de D. João II relata as aventuras de Pêro da Covilhã, ou Ali Moumen, um dos nomes que adoptou para se disfarçar de muçulmano aquando a sua viagem por via terrestre até à Índia, com o intuito de descobrir a rota das especiarias. Pelo caminho depara-se com inúmeras aventuras, conseguindo escapar sempre à morte. A convivência com diversas culturas também é aqui relatada, como é o caso das mulheres indianas ou de algumas facções muçulmanas que espantam Pêro da Covilhã, pelas disparidades tão grandes com a cultura portuguesa da época.
Na cultura indiana, por exemplo, Pêro espanta-se ao saber que as mulheres brâmanes e naires, as duas castas mais nobres, vivem em lugares próprios, sempre fora das cidades, com o intuito de não se cruzarem com castas inferiores às suas. Quando uma rapariga está na altura de receber um homem, a mãe começa a procurar imediatamente alguns brâmanes ou naires para lhe manterem a filha e assim dormirem, três ou quatro com ela, cada um deles dando-lhe uma certa quantia de dinheiro por dia para o seu mantimento. Em suma, quanto mais amantes tiver a mulher, mais honrada fica.
«Cada um dos seus maridos está com ela em dia certo, desde o meio-dia até ao outro meio-dia e assi vão passando sua vida sem haver entre eles quaisquer cumprimentos e, se algum a quiser deixar, larga-a e toma outra e ela também quando se aborrece de algum diz-lhe para se ir embora e ele não tem outro remédio senão obedecer-lhe.»
E é aí, na Índia, que descobre um mundo diferente do que estava habituado. «De uma única palmeira, se pode achar não só madeira como tecido para vestes, papel de carta ou fio para fazer cordas, leite, óleo e açucar ou, ainda, vinho e aguardente para o prazer e o esquecimento». Descobre a canela, o fulgor do ouro, o brilho das safiras, os rubis.
E descobre, também, aquilo que julga serem as antigas Minas de Salomão, mas é envenenado por uma víbora que o deixa momentaneamente cego.
Quando é enviado, por D. João II, para a descoberta terrestre da rota das Índias, Afonso Paiva, seu colega em aventuras também o acompanha na viagem até África, mas com uma missão diferente: descobrir Preste João. Só que, anos mais tarde, quando Pêro decide encontrar-se com ele, descobre que o seu amigo havia sido assassinado e não tinha conseguido cumprir a sua missão. Decide então encetar novas aventuras para cumprir a missão do amigo.
É interessante a incursão de Pêro da Covilhã a Fez, logo no início da sua viagem, descrita como uma cidade com mais de 785 mesquitas, 80 fontes e chafarizes, 93 banhos públicos (…) uma urbe maior que muitas capitais europeias, incluindo Lisboa, dando a demonstrar que os mouros eram bastante avançados em relação aos europeus.
É bastante curiosa a vida de Pêro da Covilhã, que confesso sabia muito pouco (ou quase nada). A forma como Deana Barroqueiro conta e relata a História é também de louvar, uma vez que, com a sua escrita tão fluida, nos faz viajar no tempo, de uma forma nada maçadora, e nos faz viver também as aventuras deste jovem beirão, que muito fez pelo nosso país.

Podem ainda saber mais sobre o livro e as viagens da autora após a conclusão do romance: http://conversacomleitores.blogspot.com/2009/10/no-rasto-de-pero-da-covilha.html
Os interessados podem ainda visitar o blogue da escritora: http://deanabarroqueiro.blogspot.com/


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