Autor: Deana Barroqueiro
Editora: Ésquilo
Páginas: 352
Formato: 16x23 cm
«O Romance da Bíblia possui o riso que acontece debaixo da palma da mão entreaberta sobre a boca, mas igualmente o desfrute do gozo, ambiguamente trocado, tomado, pelo gosto do outro, no tactear da língua. Um livro de memórias ancestrais, que nos mostra o despertar da mortal e venenosa serpente das seitas religiosas, do obscurantismo, do sexismo com a sua rancorosa face. Mas, O Romance da Bíblia é ainda a beleza trabalhada, cinzelada, com um bom gosto literário inusitado, eu diria mesmo raro, na ficção portuguesa. (…)
A minha opinião: -->
Não sou feminista, mas penso que, ao longo dos séculos, o papel da mulher foi sempre menosprezado, ocupando sempre lugar de pouco destaque na história e na vida dos homens. N’ “O Romance da Bíblia”, um livro que resultou da junção de duas das suas obras preferidas “Os contos eróticos do Velho Testamento” e os “Novos contos eróticos do Velho Testamento”, Deana Barroqueiro dá voz às mulheres injustiçadas, menosprezadas e quase invisíveis do Novo Testamento. Aqui as mulheres ganham outro protagonismo, quer seja pela sua beleza, ou pela sua inteligência.
Exemplo disso, realçado num dos primeiros contos deste livro, foi o tratamento que Abraão deu à sua mulher Sarai e que mais me impressionou. Com medo do Faraó, Abraão diz que é irmão de Sarai, mulher muito bela, que logo atraiu os egípcios. Como tal, o faraó mandou chamá-la para ser uma das suas concubinas e Abraão nada fez para o impedir.
Excertos:
“Sarai fora o valor entregue por Abraão em troca da sua tão preciosa segurança. E quanto a ela? Que preço pagara Sarai apenas por ter nascido mulher? Um custo muito alto em submissão, falsidade e humilhações.”
“Se quiseres conservar a tua boa fortuna, evita aproximar-te das mulheres da casa. As fêmeas têm provocado, desde o princípio do mundo, a ruína dos homens…”
Podem ver um excerto da obra aqui
Entrevista por Teresa Horta a Deana Barroqueiro, no Diário de Notícias aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário