"É com profunda tristeza que emitimos esta nota. Vasco Graça Moura morreu ao fim da manhã de ontem, em Lisboa."
Sobre ele, diz Francisco José Viegas, diretor editorial da Quetzal Editores:
«Pessoalmente, era um homem superiormente inteligente, sensível, dedicado à literatura, inquietado pela literatura. Vasco Graça Moura é um dos nossos grandes poetas europeus, um clássico que ultrapassou a fragilidade e as maldições do tempo – a sua obra, a sua intuição minuciosa e cheia de cultura, de erudição e de leveza, deviam ser motivo suficiente para relermos, também, a beleza terrível da sua Poesia Reunida.
Poucos conseguiram, como Vasco Graça Moura, recriar o cânone da nossa grande poesia e comover-nos tão profundamente, entre a ironia e a melancolia (seus instrumentos fundamentais), num equilíbrio de grande autor e de respeito pela tradição dos seus mestres que vêm do renascimento até hoje. O lugar de poeta não esconde, além disso, a sua figura de magnífico tradutor (o de Dante ou Shakespeare), de romancista, de ensaísta culto e exigente, de homem criativo e empenhado pelo seu país. Era um homem raro, com convicções fortes – e um espírito combativo.
A Quetzal, que publica a sua poesia e a sua ficção, bem como as inúmeras traduções premiadas que nos deixou, sofre com a perda de um autor sublime. Como o próprio Vasco Graça Moura dizia recentemente, “está a faltar poesia em Portugal”. Infelizmente, deixou-nos um dos nossos grandes poetas.»
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