quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Menina é Filha de Quem? - Rita Ferro [Opinião]



   

Título: A Menina é Filha de Quem?
Autor:
Rita Ferro 
Editora: Dom Quixote
Data de Lançamento: Outubro 2011 
ISBN: 9789722047050 
Dimensões: 15,5 x 23,5 cm 
N.º Páginas: 256 
Encadernação: Capa mole

Sinopse:
Depois de ter perdido a mãe, em Agosto de 2010, Rita Ferro volta ao passado para saber de si. A viagem é penosa porque as pessoas são as mesmas, mas ela não se reconhece. Quem é aquela menina? Com que sonha? Que espera da vida? O que a defrauda? E como conseguem os seus, tão cheios de regras, ensiná-la a voar? Por ela respondem as memórias mais marcantes: o primeiro amor na Primária, os namorados de Verão, as primas direitas que se ficam num desastre brutal, as vezes que ela própria se cruzou com a morte, os avós públicos e privados, o pai e, sobretudo, a mãe, difícil de chorar pois toda a vida fez rir. Uma viagem que começa nos anos 50 e atravessa toda uma época de escuridão e mansidão, em que a obediência e o mimetismo são encorajados, por onde passam figuras conhecidas de todos nós como Fernanda de Castro, António Ferro, António Quadros, Ruben A., Almada Negreiros, Natália Correia, Ary dos Santos, David Mourão- Ferreira e até Fernando Pessoa. 

A minha opinião:
Esta não é apenas a autobiografia da conhecida Rita Ferro. É, antes de mais, um excelente retrato de época, detalhado ao mais ínfimo pormenor, sobretudo pelos olhos de uma criança (a autora) que cresceu no seio de uma família de intelectuais, mas também de aristocratas.
Estabelecendo como base a figura materna, este livro soa-me a jeito de homenagem a uma mulher um pouco fria e fechada, mas que marcou para sempre a vida da autora: a sua mãe, Pó.
No entanto, não podia deixar de mencionar a sua ascendência no que toca à literatura: neta de António Ferro e da poetisa Fernanda de Castro, filha de António Quadros, Rita Ferro só podia dar em escritora, e uma escritora de sucesso. Apesar de não ter conhecido o avô, guarda dele uma admiração enorme, prestando-lhe a sua homenagem. Quanto à avó dá um exemplo que eu acho soberbo: já no fim da vida e cega, Fernanda de Castro escreveu, ditando, 4 livros. E todos eles tinham caligrafia diferente já que pedia que lhe escrevessem quem estivesse de momento com ela, fosse filho, netos, empregados... 
Gostei de conhecer um pouco mais desta escritora que conheci com o livro Uma mulher não chora há já muitos anos. Uma mulher que foi marcada sobretudo por influência feminina, já que quando nasceu já não tinha avô materno, e o avô paterno viria a falecer um ano depois. 
Recomendo, sem reservas.


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