segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Entrevista a Sandra Carvalho autora de A Saga das Pedras Mágicas

Através de uma iniciativa levada a cabo pelo Marcador de Livros e a Editorial Presença os seguidores deste blogue tiveram oportunidade de colocar algumas questões à autora da Saga das Pedras Mágicas, Sandra Carvalho. Eis o resultado final:

Marcador de Livros (ML) - Como surgiu a ideia de escrever um livro e de como torná-lo numa saga?
Sandra Carvalho (SC) -
Não consigo precisar o momento em que esta história começou a tomar forma. Só para terem uma ideia, fiz apontamentos sobre o modo de vida dos Viquingues nos meus cadernos do 7º. ano, que inspiraram algumas cenas dos primeiros livros. Por isso não será exagero dizer que a Saga das Pedras Mágicas me acompanha desde sempre. Ao longo do tempo fui fazendo pesquisa sobre as civilizações Celta e Viquingue, porque despertavam o meu imaginário e a minha paixão. Escrevia por puro prazer, para a família e os amigos, sem nenhumas pretensões. Publicar era algo que nem ocupava o meu pensamento, como um sonho impossível de realizar, até porque tinha consciência de que as editoras não aceitariam apostar em alguém desconhecido, principalmente quando o que estava em causa era um romance fantástico. Entretanto, a Saga foi ganhando forma e crescendo, a par de outras histórias. O meu marido foi o primeiro a ler o manuscrito, que mais tarde chegaria até vós como “A Última Feiticeira” e “O Guerreiro Lobo”. Ficou tão entusiasmado que “decretou” de imediato que este devia ser submetido ao parecer de uma editora. E eu entrei literalmente em pânico! Achava que a crítica de um profissional ao meu trabalho seria o fim do mundo… bem, pelo menos o fim da enorme satisfação que retirava da escrita! No entanto, como sabia que ele ia persistir nessa convicção, comecei a ler e a reler a história. Levei cerca de três anos a corrigir o que estava mais do que corrigido, e a tecer um esboço do rumo que pretendia dar à Saga, desde as “Lágrimas do Sol e da Lua, até à “Sacerdotisa dos Penhascos” e ao desenlace final. Por fim, o meu marido cansou-se de esperar que eu me decidisse. Foi ele quem pôs o manuscrito num envelope e o enviou para a Editorial Presença, porque era a editora que tinha acabado de abrir as portas a autores portugueses, nomeadamente no género fantástico, com a publicação das Crónicas de Allaryia, do Filipe Faria. E assim se iniciou esta aventura…

ML - Em que baseou para escrever esta saga, qual foi a inspiração?
SC - A par do interesse pelas culturas Celta e Viquingue, acho que fui bastante influenciada pelo facto de ter nascido e crescido em Sesimbra, entre a serra e o mar, no seio de uma família de pescadores. Depois, tudo o que fui aprendendo ao longo da vida, a família, os amigos, os amores, os risos, as lágrimas, os medos, as decepções e as esperanças acabaram por formar a minha personalidade e compor a minha escrita. A Saga é um acto de paixão, por isso não é difícil despertar a inspiração.

ML - As personagens dos seus livros têm algo a ver com quem a rodeia?
SC - Sim e não. Sempre que imagino uma personagem faço um pouco o trabalho de um actor. Esqueço quem sou e mergulho nesse ser, quer ele esteja destinado a ser um herói ou um vilão. Por isso as personagens da Saga são tão complexas e “humanas”. Ninguém é linearmente bom ou mau e todos chegaram onde estão com uma história para contar. É óbvio que isso exige muito esforço e concentração… Por vezes é mesmo desgastante, devido à intensidade das emoções envolvidas, que eu experimento como se fossem minhas. No fim, as personagens acabam por reflectir algumas das minhas vivências, mas nunca tracei um perfil a pensar especificamente numa pessoa.

ML - Qual foi a sensação quando viu o seu primeiro livro à venda?
SC - Sem querer ofender susceptibilidades, a mesma de ver um filho nascer e de o segurar nos braços pela primeira vez. O sonho que eu não me atrevia a sonhar tinha-se tornado realidade! É uma alegria impossível de descrever… Porém, ao mesmo tempo, senti o peso da responsabilidade. De repente, algo absolutamente íntimo e espontâneo estava exposto ao olhar e à crítica de todos. Sou tímida, por isso não foi fácil “revelar a alma”. Mas, no fim, tudo resultou numa experiência muito gratificante, que me tornou mais forte e me dá novos prazeres a cada dia.

ML - Costuma procurar saber as opiniões dos seus leitores?
SC - Tenho de dividir a escrita com o trabalho, a família e os amigos, por isso resta-me pouco tempo para navegar na rede à procura de algo que não esteja relacionado com a pesquisa para a Saga. O meu contacto com os leitores é pessoal. Todos os dias recebo mensagens que me deixam bastante satisfeita e emocionada, e às quais faço questão de responder. É muito bom saber que, através da escrita, tive a honra de colorir os sonhos de alguém e, até, por vezes, influenciar positivamente a sua vida. Daí o peso da responsabilidade! Também gosto muito de visitar as escolas e contactar com os jovens, para lhes contar a minha experiência e deixar a mensagem de que, por mais que os seus sonhos pareçam impossíveis, vale sempre a pena lutar para realizá-los. E ADORO estar nas Feiras do Livro e conversar com os meus leitores. Nessas ocasiões, o entusiasmo de partilhar esta aventura é tão grande que até esqueço que sou tímida e falo pelos cotovelos!

ML - Quando vai na rua já aconteceu conhecerem-na?
SC - Em Sesimbra, sim. De resto, faço questão de promover o meu trabalho e não a minha imagem. Quero que as pessoas comprem os meus livros porque alguém lhes disse que a história era apaixonante, e não porque tenho olhos castanhos e cabelos aos caracóis.

ML - Porquê escrever para os mais novos? É mais fácil ou, por outro lado, são mais exigentes que os adultos?
SC - Após quase cinco anos de contacto com os leitores, estou à vontade para dizer que o interesse pela Saga atravessa todas as idades. Inclusive, nas Feiras do Livro já tive a satisfação de ter três gerações sentadas ao meu lado. Por vezes até são as mães que compram os livros e depois os passam aos filhos, que ficam tão envolvidos com a história que convencem os avós a ler... E, se é verdade que os mais novos são mais exigentes do que os adultos, no que se refere ao Fantástico é mais difícil encantar um adulto com um cenário místico do que um jovem. Porém, essa questão acaba por não se colocar com a Saga, pois, apesar de a magia estar presente, a base da narrativa é uma linda história de amor, que também contém alguns elementos históricos, pois gosto de dar a conhecer aos meus leitores um pouco das culturas Celta e Viquingue, como viviam, o que comiam, como se vestiam, navegavam e guerreavam, as suas lendas e rituais…

ML - É uma leitora assídua? Qual a sua referência a nível literário?
SC - Até começar a trabalhar era uma leitora compulsiva; uma devoradora de livros, em vários géneros literários. Depois, infelizmente, comecei a ter cada vez menos disponibilidade para ler. Agora, todos os meus tempos livres são ocupados a escrever. Contudo, logo que possível, voltarei a dedicar-me a essa paixão que me dá tanto prazer. Tenho muitos autores de referência, entre os quais se encontram Hans Christian Andersen, Enid Blyton, Agatha Christie, Conan Doyle, Emilio Salgari, Edgar Rice Burroughs, Robert Heinlein, Tolkien, Juliet Marillier, Marion Zimmer Bradley, Michael Crichton…

ML - Qual o maior sonho que gostaria de atingir com a sua escrita?
SC - Ver o projecto da Saga a ganhar vida e receber o apoio dos meus leitores já é a concretização de um grande sonho. Agora, há que continuar a trabalhar com afinco, para que esse sonho não se desvaneça. É óbvio que, um dia, gostaria de poder dedicar-me inteiramente à escrita. Contudo, por enquanto, vou dando passos pequeninos, enquanto desfruto da alegria de partilhar esta aventura.

ML - Qual a melhor altura para escrever? É disciplinada na escrita ou só escreve quando tem inspiração?
SC - Eu adoro escrever por isso qualquer altura é boa, quer seja de dia ou de noite. A Saga está sempre presente na minha cabeça. Inclusive, algumas situações complicadas já foram resolvidas em sonhos. Sempre que posso sentar-me diante do computador deixo a imaginação voar e perco a noção da realidade. Quando estou mais cansada aproveito para reler o que escrevi. O tempo é pouco e há que aproveitá-lo ao máximo. A escrita exige muita concentração e dedicação. No entanto, nenhum sacrifício é demais, quando se trabalha com amor. E é com muito carinho que me despeço.

Resta-me agradecer ao blogue Marcador de Livros e aos seus leitores pelas questões que colocaram, assim como aos meus companheiros de aventura. Desejo-vos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Que 2010 testemunhe a concretização de todos os vossos sonhos. Muitos beijinhos Sandra Carvalho

6 comentários:

Soraia Lobos disse...

bem..

grande entrevista!!
O blog está muito bom, os meus parabens!

sou fan incondissional de sandra carvalho!

se quiserem ver o meu bloginho aqui esta o endereço:

www.mundosandracarvalho.blogspot.com

Soraia Lobos disse...

bem..

grande entrevista!!
O blog está muito bom, os meus parabens!

sou fan incondissional de sandra carvalho!

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Carla Martins disse...

Adorei a entrevista!!!

Vim aqui para te desejar um Feliz Natal e um 2010 maravilhoso! Vou viajar e volto só dia 04....até a volta!

beijinhos!

Sílvio Silva disse...

espero que passes um óptimo naltal...

Nuno Chaves disse...

Boas Festas São os Votos do Página a Página, cheio de livros no sapatinho. Feliz natal.
Nuno Chaves

Maria Manuel Magalhães disse...

Obrigada. Ainda bem que gostou da entrevista e, já agora, do blogue. Espero que o visite mais vezes. Também já dei uma espreitadela no seu, que está fantástico. É mesmo fã dos livros de Sandra Carvalho :)

Carla ainda bem que gostaste.

Espero que todos tenham passado uma excelente quadra e tenham recebido muitas prendas (livros) no sapatinho.

WOOK - www.wook.pt