terça-feira, 3 de março de 2009

A Papisa Joana – Donna Woolfolk Cross

Muitos negaram, ao longo dos séculos, a sua existência, mas é ainda considerável a quantidade de documentos que referem a sua passagem pelo trono papal. A autora reuniu, numa perfeita combinação, aspectos lendários com factos históricos, do qual resultou um romance sobre Joana de Ingelheim. Na galeria das mais extraordinárias e controversas figuras do Ocidente, a papisa assume contornos enigmáticos e fascinantes.


Esta é a história de uma mulher que nasceu fora do seu tempo. Uma mulher inteligente, lutadora, forte, numa altura em que isso não se pedia das mulheres. Do sexo feminino apenas se pedia que tivessem muitos filhos, sobretudo varões, e que arrumassem a casa. Por isso mesmo, nem lhes davam mais liberdade para fazer qualquer outra coisa. Joana quis ir mais além, sobretudo no conhecimento, na resposta aos seus porquês. Com o seu irmão mais velho aprendeu a ler e a escrever e mais tarde com um preceptor acabou por aprender latim e grego fluentemente (o que nem todos os eruditos sabiam). Mas o facto de ser mulher as portas estavam fechadas para ela. No entanto, bafejada pela sorte, Joana consegue entrar numa escola, onde ela é a única rapariga. Aí tem à sua disposição vários livros para se cultivar ainda mais. Mas também é aí que se apaixona, embora seja um relacionamento sem futuro. Quando a terra onde estava foi atacada pelos normandos Joana ficou sozinha e foi aí que decidiu fazer-se passar de homem. Joana sente que esta poderá ser a única oportunidade de seguir com o que mais gosta: o conhecimento.
E de Joana passou a João Anglicus.
Mais tarde, os seus vastos conhecimentos em medicina depressa chegam aos ouvidos do Papa Sérgio e acabam por abrir-lhe as portas por ser o seu braço direito. Daí a tornar-se Papa foi um salto. No entanto, Joana nunca esquece o seu grande amor e uma noite de loucura acaba por resultar numa gravidez, que viria a resultar na sua própria morte, dois anos após ter sido eleita Papa, em 853.
A história da Papisa Joana surpreendeu-me embora já tivesse umas ‘luzes’ sobre o assunto. Acredito piamente que tenha existido um Papa que tenha sido mulher, até porque há e houve sempre muitos segredos dentro do Vaticano que nunca serão revelados. Segundo um cronista do século XIII, Joana ocupou o cargo durante dois ou três anos, entre o Papa Leão IV e o Papa Bento III (anos de 850 e 1100).
Uma das evidências mais interessantes a respeito da existência de Joana é o decreto que foi publicado pela corte de Roma, proibindo que se colocasse Joana no catálogo dos papas: "Assim, acrescenta o sensato Launay, não é justo sustentar que o silêncio que se guardou sobre essa história, nos tempos que seguiram imediatamente o acontecimento, seja prejudicial à narrativa que mais tarde foi feita. É verdade que os eclesiásticos contemporâneos de Leão IV e de Bento III, por um zelo exagerado pela religião, não falaram nessa mulher notável; mas os seus sucessores, menos escrupulosos, descobriram afinal o mistério..." Isso vem provar que possa realmente ter existido uma mulher Papa.

1 comentário:

Diana Marques disse...

Parece-me bastante interessante, gosto de romances históricos, ainda por cima tendo como base um facto religioso, por isso acho que vai aqui para a lista das próximas aquisições!

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