domingo, 25 de janeiro de 2009

O Último Catão – Matilde Asensi



Ladrões de relíquias, igrejas cristãs do Oriente e do Ocidente, uma obscura irmandade religiosa e a Divina Comédia de Dante Alighieri são as chaves desta trama fascinante em que o mistério e a aventura se reúnem em redor da História. Recorrendo à arte e à literatura como elementos essenciais da narrativa, Matilde Asensi convida-nos, num romance elaborado e ambicioso, a uma apaixonante viagem pela História e pelos segredos mais bem guardados do Cristianismo.
Quando vi que este livro estava baratíssimo (comprei-o por 2 euros) achei que era uma boa oportunidade para começar a lê-lo de rajada, até porque gosto de romances históricos.
De facto, esta é a história de uma aventura entre três estranhos, de nacionalidades diferentes, e que pouco têm entre si: Ottavia Salina (uma religiosa da Ordem da Venturosa Virgem Maria e paleógrafa); Kaspar Glauser-Roist (capitão da guarda suíça) e Farag Boswell (egípcio e trabalha no museu greco-romano de Alexandria).
Juntos são chamados para um missão que vai leva-los a viver uma série de peripécias e provações com bastante enigma à mistura, tendo como pano base A Divina Comédia de Dante. O objectivo de todas as provações por que passaram era apenas um: descobrir onde estavam situadas algumas das relíquias que haviam sido roubadas em diversas igrejas espalhadas por vários países. A aventura leva-os a Siracusa, Roma, Ravena, Jerusalém, Atenas, Istambul, Alexandria e Antioquia. Todas as igrejas cristãs situadas nestas localidades haviam sido espoliadas dos seus Ligna Crucis.
Pelo meio do livro ainda descobri algumas coisas curiosas:

Regras de algumas facções da Igreja “…na comunidade do monte Atos, na Grécia, onde bem sabe quem nem sequer as fêmeas dos animais podem entrar, mas tão-pouco me parece que a tivessem deixado pernoitar na abadia nem deambular livremente pelo lugar, como felizmente nós fizemos. Os frades ortodoxos são muito parecidos com os muçulmanos no que se refere às mulheres.”
Catões - Os dois catões mais conhecidos da história – “os políticos romanos Marco Catão e Catão de Útica… Marco Catão, chamado Catão, o Velho era um maldito fanático, um defensor dos mais bafientos e tradicionais valores romanos, ao estilo daqueles americanos sulistas que acreditam na superioridade da raça branca e são simpatizantes da Klu-Klux-Klan. Desprezava a cultura e a língua gregas porque dizia que debilitavam os romanos e pela mesma razão, tudo o que era estrangeiro. Era duro e frio como uma pedra. Serviu Roma como questor, edil, pretor e censor entre os anos 204 e 149 antes da nossa era. Possuindo fortuna, vivia com a máxima austeridade e considerava supérflua qualquer despesa inútil, como por exemplo a comida dos escravos velhos que já não podia trabalhar. Matava-os, simplesmente, como parte do seu plano de poupança, e aconselhava os cidadãos romanos a seguirem o seu exemplo, a bem da República. Considerava-se a si mesmo perfeito e exemplar... […]. Creio que a irmandade se fixou sem dúvida no outro Catão, Catão de Útica, bisneto do anterior e um homem certamente admirável. Como questor da República, devolveu ao tesouro uma imagem de honradez que tinha perdido muito séculos antes. Era extremamente decente e honesto. Como juiz foi insubornável e imparcial, pois estava convencido de que, para ser justo, não era preciso mais do que querer sê-lo. A sua sinceridade era tão proverbial que em Roma, quando se queria refutar drasticamente alguma coisa, se dizia: «Isso não é verdade, nem que Catão o diga!» Foi um fervoroso opositor de Júlio César, que acusava, com razão, de corrupto, ambicioso e manipulador e de querer reinar sem oposição sobre Roma inteira, que então era uma república. César e ele odiavam-se mortalmente. Durante anos e anos mantiveram uma luta inflamada, um para vir a ser o dono exclusivo de um grande império e outro para o impedir. Quando, finalmente, Júlio César triunfou, Catão retirou-se para Útica, onde tinha uma casa, e cravou uma espada no próprio ventre porque, disse, não tinha cobardia suficiente para suplicar a César pela vida, nem valentia necessária para se desculpar diante do seu inimigo.”

Dante - “Dante Alighieri fez parte dos Fedeli d’Amore desde a sua mais tenra juventude e chegou a ocupar um lugar muito destacado dentro da Fede Santa. […] Por que julga que as pessoas não percebem nada quando lêem a Divina Comédia? Parece a toda a gente um bonito e compridíssimo poema carregado de metáforas que os estudiosos interpretam sempre como alegorias referida à Santa Igreja Católica, aos Sacramentos ou a qualquer outra tolice semelhante. E todos pensam que Beatriz, a sua amada Beatriz, era a filha de Folco Portinari, que morreu de sobreparto aos vinte anos. Pois não, não é assim, e por isso é que não se percebe o que o poeta diz, porque se lê sob a perspectiva errada. Beatriz Portinari não é a Beatriz de que Dante fala, nem tão-pouco a Igreja Católica é a grande protagonista da obra. Há que ler A Divina Comédia em cifra, como explicam outros especialistas. […] sabiam que cada uma das três partes d’A Divina Comédia tem exactamente 33 cantos? Sabiam que cada um desses cantos tem exactamente 115 ou 160 versos, cujos dígitos somam 7? Acham que isto é uma casualidade numa obra tão colossal como A Divina Comédia? Sabiam que as três partes, o Inferno, o Purgatório e o Paraíso terminam exactamente com a mesma palavra, «estrelas», de simbolismo astrológico? […]"
Pitágoras – “um dos filósofos gregos mais eminentes da Antiguidade, nascido no século VI antes da nossa era, estabeleceu uma teoria segundo a qual os números eram o princípio fundamental de todas as coisas e a única via possível para esclarecer o enigma do universo. Fundou uma espécie de comunidade científico-religiosa na qual o estudo das matemáticas era considerado como um caminho de aperfeiçoamento espiritual e pôs todo o seu empenho em transmitir aos seus alunos o raciocínio dedutivo. A sua escola teve numerosos seguidores e foi a origem de uma cadeia de sábios que se prolongou, através de Platão e Virgílio até à Idade Média.”
Maratona e os Jogos Olímpicos –
“os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna tiveram lugar na Grécia em Abril de 1896, depois de mãos de mil e quinhentos anos sem se realizarem. o vencedor da corrida da maratona fora um pastor grego de 23 anos e de apenas 1.60m chamado Spyros Louis. Spyros, considerado desde então um herói nacional, percorreu a distância que separava a localidade de Maratona do estado olímpico de Atenas em duas horas, cinquenta e oito minutos e cinquenta segundos. […] não era corredor profissional.”

Pesquisei ainda na Wikipedia Maratona é a mais longa, desgastante e uma das mais difíceis e emocionantes provas do atletismo olímpico. Ela é disputada na distância de 42,195 km desde 1908. É tradicionalmente o último evento dos Jogos Olímpicos de Verão. Na edição de Estocolmo 1912, o português Francisco Lázaro morreu durante a prova. Nos Jogos de 1948 em Londres, a distância da maratona olímpica foi estabelecida. Até aí, a distância era variável, embora sempre próxima dos quarenta km. Para que a família real britânica pudesse assistir ao início da prova do jardim do Palácio de Windsor, o comité organizador aferiu a distância total em 42.195 metros, que continua até hoje.

2 comentários:

Rock In The Attic disse...

Também estive com este livro na mão, há dois dias. Mas pelo mesmo preço optei por comprar "Os Versículos Satânicos".

Anónimo disse...

Eu acabei por comprar os dois, não consegui resistir :)

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