Autor: Celeste Ng
Editor: Edições Asa
N.º de Páginas: 248
Sinopse:
"Lydia morreu. Mas eles ainda não sabem."
Começa assim o avassalador romance de Celeste Ng. É de manhã, a família desperta para o pequeno-almoço. O pai, a mãe, o filho mais velho e a filha mais nova. Há porém um lugar vago à mesa e um silêncio que pesa. A filha do meio, a favorita dos pais, está ausente.
Como morreu, ou porque morreu, é para já um enigma. Há um inquérito, dúvidas, suspeitas e acusações. E uma teia delicada de dramas antigos, de segredos, que se vão desvendando pela voz (e pelo olhar) de cada um dos elementos da família. Apaixonamo-nos por eles, tão expostos (e tão frágeis) nesse momento de perda. Conhecemos a mãe, loura e de olhos azuis, que abandonou o sonho de uma vida pela filha - a quem depois virá a exigir o impossível. O pai, de ascendência chinesa, que projecta na única filha de traços ocidentais a sua própria integração na América. E conhecemos os irmãos de Lydia, a quem foram dadas apenas as sobras do amor - mas que nem por isso deixaram de a amar.
Tudo o que Ficou por Dizer é um romance pungente, narrado numa voz terna, por vezes poética, sempre precisa. É uma obra sobre os não-ditos, os abismos que se abrem nas famílias, os esquecimentos do amor. E sobre esse enorme mistério chamado Lydia, que na hora da sua morte ofereceu à família, por fim, uma hipótese de redenção.
A minha opinião:
No ano passado estreei-me na leitura de Celeste Ng com o livro que lhe deu notariedade "Pequenos fogos em todo o lado" e gostei imenso.Por isso mesmo, logo que surgiu a oportunidade peguei no livro de estreia da autora com grandes expectativas.
Felizmente não foram goradas.
A autora norte-americana traz a lume o tema da xenofobia nos anos 70, numa altura em que os casais de etnias diferentes eram olhados de lado. James Lee, apesar de nascido na América, era ostracizado na escola por ser chinês. Nunca se integrou e nunca fez amigos. Marilyn, por seu lado, era uma jovem obstinada e tinha o sonho em tornar-se médica, mesmo indo contra a vontade da mãe que desejava que a sua única filha fosse uma dona de casa exemplar.
Tudo isto é importantíssimo para o desenrolar da história que vai andar em torno do desaparecimento de Lydia, a filha do meio do casal, e que vai devastar toda esta família.
O isolamento, a predilecção por parte dos pais em relação a um dos filhos, o desejo que os pais em relação ao futuro dos filhos de forma a condicionar as suas próprias opções, a decepção em relação ao rumo que a vida toma vai sendo mostrado em exaustão ao longo de toda a história.
Gostei imenso da temática retratada, mas sobretudo da forma como Celeste Ng a contou demonstrando o sofrimento de todos os intervenientes. Isso fez com que tivesse odiado todas as personagens e ao mesmo tempo gostado de todos, até porque todos eles foram mostrados de todas formas, virados do avesso o que nos faz conhecê-los ao pormenor.
Muito bom.
O isolamento, a predilecção por parte dos pais em relação a um dos filhos, o desejo que os pais em relação ao futuro dos filhos de forma a condicionar as suas próprias opções, a decepção em relação ao rumo que a vida toma vai sendo mostrado em exaustão ao longo de toda a história.
Gostei imenso da temática retratada, mas sobretudo da forma como Celeste Ng a contou demonstrando o sofrimento de todos os intervenientes. Isso fez com que tivesse odiado todas as personagens e ao mesmo tempo gostado de todos, até porque todos eles foram mostrados de todas formas, virados do avesso o que nos faz conhecê-los ao pormenor.
Muito bom.
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