quinta-feira, 26 de março de 2020

Longa pétala de mar - Isabel Allende [Opinião]

Título: Longa pétala de mar
Autor: Isabel Allende
Editor: Porto Editora
N.º de Páginas: 392

Sinopse: 
Espanha, final da década de 1930. A vitória iminente das tropas franquistas na Guerra Civil obriga milhares de pessoas a abandonar o país, numa perigosa viagem através dos Pirenéus. Entre eles, Roser Bruguera, uma jovem viúva, e Víctor Dalmau, médico e irmão do falecido marido de Roser.
Em França, conseguem embarcar no Winnipeg, um navio fretado pelo poeta Pablo Neruda que transportou mais de 2 mil espanhóis até ao Chile - essa «longa pétala de mar, de vinho e de neve» -, onde são recebidos como heróis.
Víctor e Roser integram-se com sucesso na vida social do país de acolhimento, durante várias décadas, até ao golpe de Estado que derruba Salvador Allende, parceiro de xadrez de Víctor Dalmau. Os dois amigos de toda uma vida são de novo forçados ao exílio, mas, como diz a autora, «se vivermos o suficiente, todos os círculos se fecharão».

A minha opinião: 
Todos sabemos que Isabel Allende tem o dom de criar personagens marcantes, envolvendo-os numa história apaixonante. 
Em Longa Pétala de Mar, a autora chilena apresenta-nos a família Dalmau, que tem como protagonista Víctor, que vê o curso de medicina ser interrompido quando é obrigado a lutar na Guerra Civil Espanhola. Pelos vastos conhecimentos na área da medicina Víctor é colocado fora dos campos de batalha e acaba por sair ileso de uma guerra que dizimou milhares (30 mil) de espanhóis. 

Por outro lado, vamos conhecer Roser Bruguera, uma rapariga pobre, acolhida pelos pais de Víctor que acaba por se tornar da família ao ficar grávida de Guillem, o membro mais novo da família. Infelizmente Guillem acaba por morrer em combate e nunca chegará a saber que deixou a sua amada grávida de um filho seu. 

A história, que tem início no final dos anos 30, vai sendo contada através do da vida de Víctor e Roser, mostrando os dias duros que ambos têm de passar até encontrar uma certa estabilidade na sua vida.
 
A guerra traz fome e poucas perspectivas de vida a não ser fugir de tudo e todos. A chegada de Franco ao poder também não traz nada de bom, o que faz com que ambos, de maneiras completamente diferentes, fujam para França. Mas este também acaba por se tornar num país inseguro quando entra a Segunda Guerra Mundial. 

"A guerra é um vendaval que não deixa senão um monte de escombros à sua passagem." 

Refugiados e a tentar fugir de um país que os despreza, o caminho dos dois cunhados vai cruzar-se precisamente em França e, quando vêm uma oportunidade única para partirem para o Chile, não pensam duas vezes. 

Partem assim no navio Winnipeg, numa viagem organizada pelo poeta Pablo Neruda, que transportou 2 mil refugiados republicanos espanhóis.

Isabel Allende faz uma retrospectiva fantástica da maior parte do século XX, contando de uma uma forma brilhante, episódios importantes da história mundial, sobretudo em países como Espanha e Venezuela, mas também na história política do Chile, com a chegada de Salvador Allende até à entrada no poder pelo ditador Pinochet.

"Poesia é tudo o que fica na cabeça e jamais se esquece..." 

A história, arrebatora e as personagens ricas e cativantes fazem com que este livro seja quase perfeito. Só não leva as 5 estrelas por ter demasiadas descrições históricas que fazem com que se torne, em algumas alturas, numa leitura um pouco mais arrastada. 







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