quarta-feira, 2 de outubro de 2019

3 palavras que todas as mães deviam gritar!!!

«Que se Foda!» - Susana Almeida, Ser Super Mãe é uma Treta.

SerSuper Mãe É uma Treta, de Susana Almeida, é o livro sobre a maternidade mais divertido e verdadeiro de sempre. Conta a história das mães imperfeitas, das mães que não têm medo de assumir os erros, das que berram, que perdem a paciência, que dizem asneiras... É a maternidade sem paninhos quentes, até porque os filhos não são sempre o melhor do mundo o tempo todo!

«Mães imperfeitas que não têm medo de o assumir, este livro conta a nossa história, não duvidem. Vão ler-se a cada palavra, a cada vírgula. Fôssemos gente de criar grupos de Facebook (Deus nos livre e guarde de tal sorte) e bateríamos recordes de participação.» - Ana Bacalhau, in Prefácio

A maternidade não é uma coisa perfeitinha, como vemos nas redes sociais, não é fácil, como mentimos umas às outras, não é mágica, como imaginamos antes de engravidar. Ser mãe é a prova de maior resistência física e emocional que existe. E quando insistimos em perpetuar a ideia de que tudo é perfeito, em vez de estendermos a mão às outras mães, estamos a colocar em cima delas o peso da culpa por não conseguirem alcançar essa perfeição.

Quando fui mãe, senti que se tinha instalado no mundo uma política que nos proibia de errar, de nos assumirmos cansadas e de dizermos tudo o que sentimos para lá do amor avassalador pelos nossos filhos, como se todos os ais tivessem de ser silenciados para não sermos julgadas em praça pública. Não contem comigo para isso.

Às vezes, a maternidade é um milagre, outras vezes é apenas uma enorme dor de cabeça. E dizer isto não coloca em causa o amor que sinto pelos meus filhos, porque entre birras, respostas tortas e noites sem dormir, eu sou a melhor mãe do mundo para os meus filhos, da mesma forma que vocês são a melhor mãe do mundo para os vossos. Acreditem, ninguém os atura melhor do que nós.

Então, vamos lá parar com esta merda de fingir que não estamos todas à beira de um ataque de nervos, pegar num copo de vinho e falar sem filtros sobre isto de ser mãe…

«Que mãe é que eu sou? Nunca me preocupei demasiado com essa merda, em definir-me enquanto mãe, com os pormenores e as linhas com que coso a maternidade. A minha maternidade. Não gosto de lugares comuns, de estereótipos, de papéis e expectativas que não servem para a minha vida. Quero ter convicções fortes, certezas absolutas e também quero poder dar-lhes um pontapé no rabo quando afinal elas não servirem para a minha vida e para a dos meus filhos. Quero ser livre para fazer merda, quero ser livre para foder uma noite tranquila porque perdi a paciência com os miúdos, quero deixar que comam sobremesa mesmo quando o peixe ficou no prato, quero deixar os miúdos esfregarem plasticina no chão mesmo que isso me rebente os nervos, quero abraçar os meus filhos quando me mirram o coração, quero limpar-lhes as lágrimas e dizer-lhes que às vezes os amigos são parvos. Quero ser livre, sem teorias, merdas positivas, prisões a frases feitas e vidas perfeitas. Quero ser imperfeita. Reservo-me o direito a ser imperfeita. A tentar, errar, voltar a tentar, errar, tentar outra vez e acertar. Reservo-me o direito a ser a mãe que for preciso a cada momento, a mãe que consigo ser a cada momento, a ser a mãe dos meus filhos, a melhor mãe possível nesta loucura da maternidade, estando-me completamente a foder para a mãe que as outras são.

Porque eu não sei que mãe as outras são. Só sei que eu sou a mãe que grita e que abraça, a mãe que sente um aperto no peito quando os filhos fazem praia com a escola e que ergue as mãos ao céu e agradece quando eles passam a tarde de sábado na casa da avó, sou a mãe que se emociona quando os vê sorrir, crescer, estar no mundo e que também tem vontade de os atirar pela janela quando não param de embirrar um com o outro e viram a casa de pernas para o ar. Sou a mãe que ameaça, que suborna, que castiga e tira de castigo logo a seguir, sou a que dá uma palmada quando tudo falha ou quando o que falha é a minha paciência. Sou a mãe que passa todos os sinais vermelhos às quatro da madrugada para chegar à urgência de pediatria, que se desfaz quando os miúdos estão doentes, que trocaria com eles todas as dores, exceto as gastroenterites porque já me ofereceram muitas. Sou a mãe que dá murros na almofada e que bate com a cabeça na parede de cada vez que o filho acorda a meio da noite. E são muitas. Mas que também o enche de beijos quando acorda com os abraços pequeninos de quem diz que sou a melhor mãe de sempre. Sou a mãe que não tem soluções para as birras da filha, que umas vezes consegue ter toda a compreensão do mundo e que outras não aguenta nem mais uma birra porque a camisola preferida está no cesto da roupa para lavar. Sou a mãe que se esforça por existir sem os filhos, por existir com os filhos, a que dá pontapés na culpa, que não quer saber o que os outros pensam, que opiniões maravilhosas têm para me dar, o que faziam de diferente, melhor ou o caralhinho. Sou a mãe que ama os filhos mais que a si mesma, mas que não se coíbe de dizer o quanto eles lhe fodem a cabeça.

Confuso? Ainda bem. A maternidade é esta confusão de sentimentos, de contradições, de nervos à flor de pele, de gritos e abraços, não é a preto e branco, não é só cor-de-rosa, não são só águas calmas e viagens tranquilas. E está tudo bem. Feitas as contas, somados os prós, subtraídos os contras e multiplicado o amor para acalmar os nervos, eu sou uma mãe do caralho e vocês também. Todos os dias.»
, Susana Almeida.



Susana Almeida já foi mais nova, é casada, mãe de dois filhos, madrasta de um adolescente, dona de um gato,trabalha por conta de outrem, paga um empréstimo à habitação, limpa a própria sanita e acumula pilhas de roupa por passar a ferro. Vive na margem certa do Tejo, o que a obriga a atravessar o rio todos os dias e usar mais transportes públicos do que o seu olfato e a sua pouca paciência gostariam.Por incrível que pareça, arranjou tempo para criar um blogue, o Ser Super Mãe É Uma Treta. Hoje, dedica mais tempo às páginas de Facebook e de Instagram, que vai usando como substituto de ansiolíticos, doses excessivas de bebidas brancas e culpa. Escreve com os nervos à flor da pele, sem filtros, exausta e a cair de sono, mas o que escreve é um retrato fiel daquilo que pensa e da forma como vive a maternidade. Ama os filhos daqui até à lua, mas às vezes também tem vontade de os atirar pela janela. E não pede licença para o fazer.





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