domingo, 30 de dezembro de 2018

Melhores leituras 2018

O fim do ano está a chegar e está na hora para fazer balanços de leituras. Em relação ao desafio a que me propus ler no Goodreads até que superou as minhas expetativas. Em 75 livros que esperava ler li 89 e no geral as leituras foram muito boas, tendo tido muitas leituras com quatro estrelas e um número considerável de cinco estrelas.
Relativamente às piores leituras "falarei"no post seguinte.

Assim, de forma aleatória fica aqui o meu Top 10
O Homem de Giz - C. J. Tudor
A história começa quando aos doze anos Eddie e os amigos tiveram contacto com o misterioso Homem de Giz. Uma personagem central na trama e Eddie será assombrado por ela.
Se pensarmos que todos guardamos segredos durante parte da nossa vida há alguns que são mais importantes que outros. Durante todo o livro vamo-nos deparando que cada uma das personagens esconde algo que poderá ser determinante para percebermos parte do que se passou naquele ano. E não, não foi apenas a morte daquela jovem bonita, que foi descoberta através de uma enigma escrito a giz, qual quebra-cabeças, que os levaria a encontrar o corpo.
Aquele grupo de miúdos composto por Gav Gordo, Metal Mickey, Hoppo e Nicky, a única rapariga, remonta-nos mesmo àquela época. Quem viveu nos anos 80 sabe do que estou a falar. A liberdade que os pais davam às crianças naquela altura permitiam-lhes fazer quase tudo sem que ninguém se preocupasse muito com isso.
Além do thriller são abordados temas como violência doméstica, religião, demência, bullying e o aborto, temas que enriqueceram cada umas das personagens, dando mais vivacidade ao livro.


A minha avó pede desculpa - Frederik Backman
Elsa tem sete anos de idade, quase oito, e é diferente. Para já, tem como melhor - e única - amiga a avó de setenta e sete anos de idade, que é doida: não levemente taralhoca, mas doida varrida a sério, capaz de se pôr à varanda a tentar atingir pessoas que querem falar sobre Jesus com uma arma de paintball, ou assaltar um jardim zoológico porque a neta está triste.
Avó e neta são as protagonistas desta história tão comovente. E não são os avós o universo dos netos?
“Ter uma avó é como ter um exército. É o derradeiro privilégio dos netos: saberem que têm alguém sempre do seu lado sejam quais forem as circunstâncias. Mesmo quando estão errados. Na verdade, principalmente quando estão errados.” A avozinha é a parte fulcral de toda a história. Uma mulher irreverente, que nunca deixa de ser criança e que leva Elsa para um imaginário que ela própria inventou. E, à medida que vamos avançando na leitura, vamos percebendo que há muita coisa interligada e que tudo pode fazer sentido, cruzando-se com a vida real.
A minha avó pede desculpa é de leitura obrigatória e que nos leva às lágrimas.


O Diário de Anne Frank - Diário Gráfico de Ari Folman
Lançada mundialmente em celebração do 70.º aniversário de O Diário de Anne Frank, esta é a sua primeira adaptação para banda desenhada, realizada com a autorização da família e tendo por base os textos originais do diário.
Reviver a história da mais célebre vítima do Holocausto foi tão bom que me foi difícil classificar esta leitura com apenas 5 estrelas. 
Excelentes desenhos, acompanhados por um excelente texto que expressa na perfeição o que Anne transpareceu no seu diário. Não esquecendo a ironia e o sarcasmo da jovem Anne antes e durante a clausura no anexo. 

Um por um - Chris Carter
O inspetor Robert Hunter, da Divisão de Assaltos e Homicídios da Polícia de Los Angeles, recebe um telefonema anónimo de alguém a dizer-lhe que vá a uma transmissão privada num endereço específico da Internet. Hunter regista-se e depara-se com um espetáculo macabro, feito apenas para os seus olhos. Mas quem telefonou não quer que ele se limite a observar; quer que ele participe. E a recusa não é opção.
Neste quinto volume da série Robert Hunter, o autor joga novamente com o factor psicológico, levando o detective de homicídios a escolher como prefere que seja a próxima morte. A recusa não é uma opção e Hunter vê-se obrigado a optar pela água em detrimento do fogo.
Mais uma vez Chris Carter prova que é um mestre no género e consolida a minha preferência na leitura dos seus livros. 


O desaparecimento de Stephanie Mailer - Joël Dicker
Na noite de 30 de Julho de 1994, a pacata vila de Orphea, na costa leste dos Estados Unidos, assiste ao grande espectáculo de abertura do festival de teatro. Mas o presidente da Câmara está atrasado para a cerimónia… Ao mesmo tempo, Samuel Paladin percorre as ruas desertas da vila à procura da mulher, que saiu para correr e não voltou. Só para quando encontra o seu corpo em frente à casa do presidente da Câmara. Dentro da casa, toda a família do presidente está morta.
Depois do sucesso com A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert e O Livro dos Baltimore era expectável que o novo livro de Joel Dicker criasse burburinho. A pergunta que todos fazem é se este novo livro acompanha o sucesso dos anteriores ou se é um flop.
Para mim foi mais uma excelente leitura. Adoro a forma com Dicker escreve, sempre entre saltos temporais, que nos cativa com personagens fortes e interessantes. E a dose de mistério continua lá, sempre a espicaçar o leitor e a colocar questões sobre os acontecimentos.

Objectos Cortantes - Gillian Flyn
Recém-chegada de um internamento breve num hospital psiquiátrico, Camille Preaker tem um trabalho difícil entre mãos. O jornal onde trabalha envia-a para a cidade onde foi criada com o intuito de fazer a cobertura de um caso de homicídio de duas raparigas.
Foi o primeiro livro de Gillian Flynn e tem como protagonista Camille Preaker, uma jornalista medíocre, de um jornal de província, que se refugia na bebida para esquecer a sua própria vida.
Perante o assassinato de uma menina na cidade natal de Camille e do desaparecimento de uma outra, o director do jornal vê ali uma oportunidade de mandar a sua jornalista para aquela cidade pequena a fim de fazer um furo jornalístico.
Meio renitente em aceitar a proposta do seu superior, Camille vê-se quase obrigada a aceitar o convite e parte para a cidade que há uns anos lhe deixou marcas profundas. Marcas no sentido literal.
Os dados estão lançados para que a história corra bem. Flynn escreve bem, e a somar a isso sabe criar um enredo forte, de forma a criar no leitor vários tipos de sentimentos. O primeiro passa pelas personagens, todas elas cheias de defeitos e que serão difíceis de agradar. Mas é precisamente isso que me fez gostar deste livro. Adorei.

A Sereia de Brighton - Dorothy Koomson
Praia de Brighton, 1993
As adolescentes Nell e Jude descobrem o corpo de uma jovem na praia e, quando ninguém o reclama, a vítima passa a ser conhecida como A Sereia de Brighton. Três semanas mais tarde, Jude desaparece e Nell, ainda chocada com os acontecimentos na praia, fica completamente desamparada.
Passados 25 anos, Nell vive atormentada pelo passado, abandonando o emprego para descobrir a verdadeira identidade da jovem assassinada – e o que aconteceu à amiga naquele verão inesquecível.
Dorothy Koomson é conhecida pelos seus romances apaixonantes, mas, os seus últimos livros têm sido enriquecidos com histórias com um toque de mistério que têm resultado na perfeição. O racismo e os problemas sociais continuam a ser retratados com mestria, mas Koomson elevou-os para outro patamar, podendo assim abarcar muitos mais leitores. E, claro, mais uma vez, a personagem principal do livro é negra, como todas as que figuram nos seus livros.

Frida Kahlo - María Hesse
A vida de Kahlo, desde a sua infância, passando pelo acidente traumático que mudaria sua vida e sua arte, seu amor complicado por Diego Rivera e a feroz determinação que a levou a se tornar uma grande artista.
Inspirado pelas experiências da icônica pintora mexicana, este livro oferece um belo passeio ilustrado pela vida e obra de Frida Kahlo.

Já é sabido o que Frida sofreu ao longo da sua curta vida, mas também constatamos que ela viveu intensamente a vida. Amou muito, sofreu muito, viajou, granjeou sucesso e morreu muito jovem. Tudo isso María Hesse retrata nesta espécie de novela gráfica que adorei folhear. 

Em forma muito resumida, María Hesse alia a biografia de Frida com ilustrações magníficas da pintora, tornando este livro uma perfeita obra de arte.

Flores Cortadas - Karin Slauhgter
Passaram mais de duas décadas desde que Julia, a irmã mais velha de Claire e de Lydia, desapareceu aos 19 anos, sem deixar rasto. Algum tempo depois, elas deixaram de se falar e seguiram caminhos opostos. Claire tinha-se convertido na esposa decorativa e ociosa de um milionário de Atlanta. Lydia, uma mãe solteira, namorava com um ex-presidiário e esforçava-se por fazer com que o dinheiro chegasse até ao fim do mês. No entanto, nenhuma delas recuperara do horror e da tristeza da tragédia partilhada. 
Flores Cortadas foca-se, sobretudo, na vida de duas irmãs que, por circunstâncias do destino se vêem separadas por quase duas décadas.
Claire e Lydia são completamente diferentes e a vida de ambas é reflexo disso.
Depois que a irmã Julia desapareceu Claire casa com um jovem milionário, que perde os pais num trágico acidente, Lydia sai de casa e começa a abusar das drogas e acaba por ficar grávida de um ex-presidiário.
A par de uma excelente história, temos aquele que é o ponto forte do livro: o testemunho das duas irmãs e as cartas que o pai destas escreveu para a irmã desaparecida. Este último revela a dor atroz que é perder um filho e até certo ponto não saber onde está. De facto, pior que ver um filho morrer é vê-lo desaparecer sem saber o que aconteceu na realidade. 

A Casa das Meninas Indesejadas - Joanna Goodman
Aos 16 anos, Maggie Hughes faz algo imperdoável aos olhos da família: apaixona-se e engravida. O nome do rapaz é Gabriel e a relação de ambos é proibida. A bebé vai chamar-se Elodie e não conhecerá o amor dos pais. Em vez disso, é enviada para um orfanato miserável, onde cresce sem saber o que é ter um lar e uma família.
E quando uma lei atribui mais dinheiro aos hospitais psiquiátricos do que aos orfanatos, a situação de Elodie piora dramaticamente.
6 de março de 1950. Maggie dá à luz um bebé indesejado. Desde as primeiras horas de vida que o destino de Elodie está traçado: o orfanato. E vive bem com isso. Elodie não é aquela menina que espera desesperadamente pela visita semanal de casais que "escolhem" aquela criança que podem chamar de sua. E quando não é escolhida não fica triste porque gosta de viver ali junto com as freiras.
"Naquele lugar cheio de segredos, não há segredos."
Joanna Goodman pega na triste realidade passada no Quebeque entre os anos 1940 e 1960 e traz-nos um livro fantástico que devorei em pouco tempo. O facto de não estar a par da História fez com que não levasse demasiadas expectativas, e acabei por ficar chocada com o que as instituições fizeram com estas crianças nestes 20 anos.
A história, muito bem contada pela autora, é inserida numa linda história de amor entre Maggie e Gabriel. E é também aqui que Goodman mostra a rivalidade entre franceses e ingleses no Quebeque que os separa em duas facções.

1 comentário:

Mariana Leal disse...

Desses só li o 'Objectos Cortantes', que também foi parar ao meu top de melhores leituras! :D "O Homem de Giz" e "A Sereia de Brighton" são dois títulos que me deixaram muito curiosa em 2018, e hei-de adquiri-los algures nos próximos tempos :) Bom 2019!

WOOK - www.wook.pt