sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Novidade Esfera dos Livros: Chorei de Véspera, de Isabel Nery

«Esta é a minha história. Nasci no dia 20 de abril de 1971, às 17 horas e dez minutos, e devia ter morrido no dia 10 de abril de 2009, às doze e trinta. Mas não morri. E preciso de vos contar porquê.»
Assim começa Isabel Nery a narrativa da sua experiência de quase-morte após um derrame cerebral. O azar trouxe-lhe uma médica negligente, com risco de vida multiplicado, e dor desnecessária. A sorte trouxe-lhe o regresso à vida. Mas, o que podemos fazer da vida quando um dia nos morremos e no outro voltamos?

Misto de ensaio e reportagem, escrito em ritmo de romance, este é um livro insurgente. Sem medo de fronteiras estilísticas, todas as formas lhe assentam, porque todas obedecem ao registo intimista, sem com isso esquecer os que melhor pensaram e descreveram a experiência de morte ao longo dos séculos. Tolstói, Sartre, Montaigne, Dostoiévski, Séneca, Foucault, Santo Agostinho, Miguel Real ou José Cardoso Pires são alguns dos que contribuíram para a reflexão que aqui se publica.

Com isso, passaram também a fazer parte de uma história real que nos obriga a refletir sobre o sistema de saúde, sobre a morte, mas mais ainda sobre a vida. Afinal, somos todos vivos provisórios. Mas a morte assim, tão juntinha a nós, também pode tornar-se a melhor amiga da vida.


INery-por Pedro BettencourtSobre a autora:
A curiosidade pelo outro levou-a a estudar na Alemanha ainda adolescente, e mais tarde em Espanha e nos EUA. A mesma curiosidade levou-a até ao jornalismo, amor à primeira vista, depois da licenciatura em Relações Internacionais e do mestrado em Comunicação. Isabel Nery é jornalista na revista VISÃO e coordena um núcleo de Jornalismo e Literatura no Clepul, centro de investigação da Faculdade de Letras. O seu livro de reportagem As Prisioneiras - Mães Atrás das Grades, foi adaptado para a curta-metragem Os Prisioneiros, e a reportagem Vida Interrompida percorreu o país em exposição itinerante (em co-autoria com Marcos Borga). O trabalho de Isabel Nery foi já distinguido com vários prémios, entre eles o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas, o Prémio Jornalismo pela Tolerância, o Prémio Paridade Mulheres e Homens na Comunicação Social, e o Prémio Jornalismo e Integração, da UNESCO. Enquanto investigadora, publicou ensaio e apresentou comunicações em várias instituições portuguesas e estrangeiras, nomeadamente nos EUA e Canadá. Foi uma das jornalistas selecionadas pela Fundação Luso-Americana (FLAD) para o curso de jornalismo no Committee of Concerned Journalists (CCJ), em Washington. Faz parte da direção do Sindicato dos Jornalistas desde Janeiro de 2015.





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