segunda-feira, 20 de abril de 2015

Últimos Ritos - Hannah Kent [Opinião]

Título: Últimos Ritos
Autor:
Hannah Kent
Páginas: 320
Editor: Saída de Emergência
PVP: 17,76€

Sinopse
Na agreste paisagem islandesa, Hannah Kent traz à luz dos nossos dias a história de Agnes que, acusada do brutal assassínio do seu anterior amo, é enviada para uma quinta isolada enquanto aguarda a sua hora final.
Apavorados com a perspetiva de virem a albergar uma assassina, a família que a acolhe evita Agnes nas primeiras abordagens. Apenas Tóti, um padre designado para acompanhar Agnes nesta última caminhada e ser o seu guardião espiritual, procura compreendê-la. Mas assim que a data da morte de Agnes se avizinha, a mulher e filhas do lavrador descobrem que há uma segunda versão para a história brutal que ouviram.
Fascinante e lírica, Últimos Ritos evoca uma existência dramática num tempo e espaço distantes, dirigindo-nos a enigmática pergunta: como pode uma mulher suportar a mágoa e a injustiça quando a sua vida depende das histórias contadas pelos outros?


A minha opinião: 
Agnes Magnúsdóttir foi a última pessoa a ser executada na Islândia, condenada pela partipação no assassinato do seu antigo amo. Enquanto aguarda pela sua execução é enviada para uma quinta isolada para ajudar uma família de lavradores, que vivem única e exclusivamente do trabalho na terra, que apesar de contrariados com a sua chegada, acabam por descobrir a sua versão na história. Uma versão completamente diferente daquela que lhes foi apresentada.



Pouco se sabe sobre este crime, mas Hannah Kent soube criar uma história intensa sobre este crime real, mostrando ao mesmo tempo ao leitor uma Islândia fria, rude, agrícola. Contada do ponto de vista de três personagens: da própria Agnes, do reverendo que "confessa" Agnes nos últimos seis meses da sua vida, Tóti, e da própria família de acolhimento, vamos vendo a história sobre perspectivas diferentes, mudando, à medida que o tempo e a história avança de opinião sobre o próprio crime. Pessoalmente, nunca achei que Agnes fosse culpada, porque naquela época, 1830, e até antes, era normal, em quase todos os países, acusarem as mulheres de assassinatos e bruxarias. Em Portugal acontecia muito isso, mesmo no princípio do século XX, a pessoas que apresentavam doenças neurológicas como esquizofrenias eram facilmente identificadas como bruxas ou que tinha bruxedo.



Introspectiva, inteligente, fria, Agnes, muda completamente quando conhece Tóti. Nas suas visitas à casa de acolhimento da condenada os dois mostram uma cumplicidade que faz com que Agnes que se abra totalmente e conte a sua vida desde criança órfã a Tóti até chegar a empregada de Natan.

Últimos Ritos é um livro brilhante, embora de leitura morosa nos primeiros capítulos. 



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