segunda-feira, 13 de abril de 2015

A Herança Bolena - Phiippa Gregory [Opinião]

Título: A Herança Bolena
Autor:
Phiippa Gregory
N.º de Páginas: 472
PVP: 19,95 €

Sinopse:
1539, a corte de Henrique VII teme cada vez mais as constantes mudanças de humor do rei envelhecido e doente.
Apenas com um bebé, como herdeiro, o rei tem de encontrar outra esposa e o perigoso prémio da coroa de Inglaterra é ganho por Ana de Cléves.
Apesar de se mudar para um país onde os costumes e a língua são estranhos, Ana tem as suas razões para aceitar o casamento com um homem com idade para ser seu pai.
Apesar de se sentir deslumbrada por tudo o que a rodeia, sente que uma armadilha está a ser entretecida à sua volta.
A sua aia Catarina tem a certeza de que conseguirá seguir os passos da prima Ana Bolena até ao trono, mas Joana Bolena, cunhada de Ana, ensombrada pelo passado, sabe que o caminho de Ana Bolena a levou à Torre e à morte.

A minha opinião:


Pegar num livro de Philippa Gregory é garantia de uma excelente leitura. A Herança Bolena tem como pano de fundo a corte de Henrique VIII, e como personagens principais, além do rei inglês, duas das suas seis esposas, Ana de Cléves e Catarina Howard, bem como uma mulher determinante na corte inglesa, Joana Bolena.

A época Tudor é assim retratada sob o ponto de vista de três mulheres, com feitios bem diferentes, mas que foram "amigas" a um dado momento na corte de Henrique.

Depois de ter ficado viúvo de Joana Seymour, que morreu dias depois de ter dado à luz, Henrique VIII já estava em negociações para casar novamente. Desta vez, estava centrado na política europeia e dos interesses que este casamento poderiam obter. No entanto, Henrique e Ana nunca consumaram o casamento. Ana sempre teve uma educação rígida, quer por parte da mãe como do irmão, cuja intenção de casamento com o rei inglês era que este adoptasse o luteranismo. Ana ia com instruções precisas em relação a isso. Bastante ingénua, e completamente ignorante relativamente à língua inglesa e aos costumes da corte, Ana era constantemente gozada pelas amas, sendo maioritariamente excluída da vida na corte. O seu casamento com o rei apenas durou 6 meses visto que Henrique se apaixonou por uma das damas da corte, Catarina Howard. No entanto, pela sua brandura e bondade, Ana safou-se da guilhotina e até acabaria por viver uma vida bastante boa depois de te visto a anulação do seu casamento com o rei, já que este lhe deixou duas residências uma pensão bastante avultada. Foi a personagem que mais gostei de conhecer, já que a história não explora muito esta rainha.




Joana Bolena, cunhada de Ana Bolena, volta à corte de Henrique, somando-se ao rol de damas de Ana de Cléves e como a maioria delas, como espia do tio Tomás Howard. Viúva de Jorge Bolena, foi determinante para a condenação à morte do marido e da cunhada visto, para salvar a pele, nunca os defender em momento algum que fosse. É uma personagem que se move por interesses próprios, embora ao mesmo tempo, acabe por ser um joguete nas mãos do seu tio que faz dela o que quer, em troca de uma promessa de uma futuro casamento com um nobre. Joana deseja unicamente estabilidade financeira na sua vida, visto ter 30 anos, ter um filho que não está com ela na corte, já se encontrar viúva e carregar o apelido Bolena. É uma importante fonte de informação da corte já que sabe muito do que se lá passa e do que se passou no passado, munindo o leitor de muitos dados históricos.

Catarina Howard, de apenas 14 anos, mas com um espírito rebelde e de doidivanas, é levada para a corte através do duque de Norfolk. Inicialmente é levada como aia da rainha Ana, mas sempre com o objectivo de saber tudo o que se passa lá dentro dando depois informações ao duque, seu tio. Os planos começam a mudar quando Norfolk se começa a aperceber que Henrique se começa a apaixonar pela sua sobrinha...

Aí vemos a paixão que Catarina sente por um dos lacaios do rei, Thomas Culpepper, mas também a adoração pelos vestidos e jóias que o velho rei lhe dá que a vai conquistando aos poucos.

Nesta fase da vida do rei, Henrique, que quando jovem era mencionado com um rei esbelto, está velho, gordo, manco e com uma ferida aberta na perna que cheira horrivelmente. Estes relatos são observados tanto por Ana no leito nupcial quando o rei tem de ser ajudado para se deitar na cama e o cheiro que emana é nauseabundo, mas também por Catarina.

Um livro fascinante de uma época surpreendente da história de Inglaterra. Uma série a não perder. Recomendo sem reservas.


 


Excertos: 
"Que tipo de homem é capaz de ver o filho morrer e ser enterrado sem pronunciar uma única palavra? Que tipo de pai é capaz de dizer às duas filhas pequenas que não são suas? Que tipo de homem consegue mandar os amigos e a mulher para o cadafalso e dançar, quando as mortes lhe são comunicadas? Que tipo de homem é este, a quem concedemos o poder absoluto sobre as nossas vidas e as nossas almas?" - Joana Bolena - pag. 36
"... e uma mulher que espera ascender no mundo, não se pode dar ao luxo de ser esquisita." - Catarina Howard - pag. 214
"Na verdade quando um rei acredita que é um deus e segue os seus desejos, o sofrimento cai sobre os outros." - Ana, duquesa de Cléves - pag. 262


 

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