segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O Filho Perdido de Philomena Lee - Martin Sixsmith [Opinião]

Título: O Filho Perdido de Philomena Lee
Autor: Martin Sixsmith
N.º de Páginas: 488
PVP: 20,95€

Esta é a história de Philomena – e a história do seu filho Michael, que morreu antes de saber que a mãe nunca deixou de amá-lo e de procurar por ele, durante cinquenta anos. Trata-se de uma história de vidas marcadas pela hipocrisia e pelo secretismo, uma narrativa convincente e fascinante sobre amor e perda humanos – pungente, no fundo, porém redentora.

Enquanto adolescente na Irlanda de 1952, Philomena Lee engravidou e foi enviada para um convento – uma «mulher perdida, caída em desgraça».
Durante três anos depois do nascimento do filho, cuidou dele naquele lugar. Depois a Igreja levou-o de si e vendeu-o, a exemplo de inúmeras outras crianças, para a América, onde foi adoptado. Durante cinquenta anos Philomena procurou encontrar o filho mas nunca soube para onde foi. Sem saber que ele também a procurou toda a vida. O filho, Michael Hess, nome dado pela família adoptiva, tentou procurar a mãe, mas a Igreja negou-lhe informações, pois receava a descoberta do macabro negócio de venda de crianças. Michael foi um advogado de renome, conselheiro jurídico do presidente Bush, que acabou por morrer vítima de sida. Este escândalo, quando foi descoberto, abanou os alicerces da Igreja Católica e embora, tenham pedido publicamente perdão às mães a quem venderam os seus bebés, sofreram a vergonha também pública de não serem perdoados.
Soberbamente contada por Martin Sixsmith, esta é uma história de que irá tocar o coração dos leitores, pois confirma que, mesmo na tragédia, o laço entre uma mãe e um filho nunca pode ser quebrado e o amor encontrará sempre um caminho.


A minha opinião:
Ainda adolescente Philomena engravidou numa noite de loucura. O companheiro nunca viria a saber que esse momento amoroso viria a gerar uma criança porque Philomena entrou num convento e aí teve o seu filho, depois de horas de pura dor.

Durante três anos, Philomena e Anthony viveram no convento, embora o tempo que esta tinha disponível para estar com o filho era escasso. Trabalhava quase como uma escrava para benefício do convento, tinha de utilizar um nome falso, e não podia sequer falar com outras mulheres que passavam pela mesma situação.

No entanto, tudo seria temporário. Circulava entre elas, por murmúrios, que quando os bebés fizessem três anos, seriam dados para adopção e que as mães nunca amais teriam acesso a eles. Philomena fica em choque com tamanha revelação. E quando chega a sua vez de deixar Anthony não se conforma. Ela e outra colega, às escondidas, tinham feito um pacto em que não deixariam que os seus filhos fossem levados. Anthony e a sua amiga Mary davam-se como irmãos e as suas mães olhavam para eles embevecidos. Mas foi essa relação entre as duas crianças que ditaria também o seu destino. Uma americana que desejava muito ter uma menina (depois de ter três filhos), decide levar Mary com ela. Mas a afeição que viu entre os dois "irmãos" levou-a a querer ficar com Anthony também.


É aqui que mães e filhos são separados.

Contrariamente ao que pensava, O Filho Perdido de Philomena Lee retrata a vida de Anthony, (depois Michael) enquanto filho adoptivo dos americanos Marge e Doc, até à fase adulta e sucesso na política chegando a jurista principal do Comité Nacional Republicano no tempo de Reagan e Bush. Curiosamente viria a trabalhar para um partido completamente homofóbico, que condenava os homossexuais, não apostando na investigação da cura para a SIDA, que surgia naquela altura. Digo curiosamente porque Michael era homossexual nunca tendo escondido as suas preferências.

Apesar do sucesso em termos profissionais, Michael sentia-se sempre como um rejeitado, cuja mãe não o quis. Pensando sempre nas suas origens, tentou por mais do que uma vez descobrir a sua progenitora, indo por duas vezes à Irlanda a fim de a descobrir. A reserva por parte das freiras em não contar nada do passado nunca permitiu o reencontro dos dois.

Philomena só viria a reencontrar o filho, já morto, enterrado no convento onde nascera, como foi a sua vontade.





Confesso que gostaria de ter sabido mais um pouco sobre Philomena, como foi a sua vida até que decidiu partir para a descoberta do seu filho. Da vontade de, ao fim de 50 anos, contactar um jornalista para a ajudar a encontrar o filho perdido. Esse foi o único senão na história.

Resta-me ver o filme que deve ser também ele magnífico.

Excertos: 
"A absoluta e total solidão de todas as centenas de raparigas daquele lugar, e de outras nas mesmas condições por toda a Irlanda, estava gravada a ferro e fogo no rosto de Philomena. Mandadas embora por causa de um pecado que mal sabiam ter cometido, não passavam em muitos casos de meras crianças sujeitas a um castigo cruel e adulto."
"a Igreja pode ser sinónimo de salvar almas, mas também não era avessa a ganhar dinheiro."
"Todas as crianças enviadas para a América significam mais um donativo para a Igreja e um problema a menos para o Estado."
"O mais triste de tudo são os papéis de renúncia, os documentos sob os quais as mães eram obrigadas a abdicar dos seus filhos."
"A morte muda as coisas. Muda a maneira como pensamos acerca das pessoas; muda os vivos e muda os mortos."



2 comentários:

Fiacha disse...

Viva,

Tem tudo para ser uma leitura bem agradável, fiquei indeciso ;)

Bjs e boas leituras

Maria Manuel Magalhães disse...

Este livro é muito bom com uma história emotiva.

Excelente

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