quarta-feira, 27 de novembro de 2013

«Horizonte e Mar» é o romance vencedor em 2013 do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís

Com o romance Horizonte e Mar, uma professora do ensino Secundário, de 35 anos, Paula Cristina Martins Torres Rodrigues, sagra-se como vencedora da 6ª edição do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, por maioria do Júri, presidido pelo escritor e ensaísta Vasco Graça Moura. O Prémio foi instituído, pela primeira vez, em 2008, pela Estoril Sol, no quadro das comemorações do cinquentenário da Empresa. A edição do romance premiado, sob a égide de Agustina Bessa-Luís, resulta de um acordo entre a Estoril-Sol e a Gradiva, que celebraram uma parceria para viabilizar este projecto.

Desta vez, o Júri, ao eleger o romance Horizonte e Mar, considerou sobretudo “a abordagem etnográfica a que o romance procede, pouco presente no panorama da actual ficção portuguesa, expressa numa narrativa bem conduzida, cuja frase é, no geral, vertebrada, sendo sentimentalmente envolvente e susceptível de atravessar diversos patamares de leitura”.

A autora, Paula Cristina Martins Torres Rodrigues, nasceu no Porto, mas sempre viveu em Matosinhos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, data a partir da qual passou a exercer o ofício de professora de Português/Francês. Ao longo do seu percurso de onze anos na docência, com experiência no 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, no Ensino Secundário e na Educação e Formação de Adultos, foi desenvolvendo o gosto pela escrita, “ presente na sua vida desde a sua mais tenra memória”.

Publicou o seu primeiro livro para crianças, em Junho deste ano, Bicharada à Desgarrada, obra que dedicou ao seu filho. Empenhada em divulgar e fomentar o gosto pela leitura e escrita entre crianças e jovens, o livro relata uma aventura animada repleta de cor, magia, humor e diversão, onde tudo pode acontecer, de uma forma imprevisível, mas com um final feliz.

Reconhece que a atribuição do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís «é, sem dúvida, um marco importante na minha vida. Talvez pelo facto de nunca ter ambicionado receber um prémio literário, foi com surpresa e emoção que recebi a notícia. Dado o seu valor institucional, começo já a sentir o peso da responsabilidade, mas, simultaneamente, sinto-me extremamente feliz e desejosa que este prémio me ajude a colocar as gentes de Matosinhos na “boca do mundo”. Além disso, constitui um forte incentivo para que eu possa dar continuidade ao meu percurso na escrita».

A história do romance é assim:

«Comecei a escrever Horizonte e Mar aos poucos, em 2011, sem nenhum objetivo delineado, a não ser o firme propósito de colocar no papel a realidade e tradição de uma cidade que me viu crescer, que sempre me maravilhou e que povoa até hoje as minhas mais tenras recordações. Habituada a viver perto do mar, no seio de gente genuína e agarrada aos seus costumes e tradições, desde cedo me interessei por Matosinhos, pelas suas gentes, pela sua etnografia.

Para dar vida e corpo às personagens, que há muito habitavam na minha imaginação, parti de memórias que foram passando de geração em geração, de algumas vivências longínquas e de apontamentos que fui fazendo, aqui e ali, misturados com uma boa dose de ficção. Foram cerca de dois anos de investigação, pesquisa, refinamento de ideias e recolha de pormenores, sempre em torno da cidade de Matosinhos e suas gentes».


E explica:
«Talvez o maior objetivo subjacente à escrita deste livro seja, na verdade, uma espécie de tentativa de homenagem a um pequeno pedaço de terra, a uma pequena súmula de horizonte e mar, que, em meu entender, merece ser destacado no mapa pela sua história e tradição. É esta a grande função da protagonista, uma mulher simples, do povo, que encarna os vícios, os anseios, os costumes, a cultura, ou a falta dela, de uma terra à beira-mar plantada».

Ao falar das suas influências literárias, Paula Cristina Rodrigues refere que «enamorada pela prosa descritiva e acutilante de Eça de Queirós, pelo estilo grandíloquo de Camões e pela contemporaneidade de escritores como José Saramago e Vergílio Ferreira, fui escrevinhando, ao longo dos anos, alguns textos que, entretanto, foram dando corpo a histórias mais ou menos consistentes, que fui guardando na gaveta».

O Júri que o atribuiu, integrou, além de Vasco Graça Moura, que presidiu, Guilherme D`Oliveira Martins, em representação do CNC – Centro Nacional de Cultura; José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores; Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas; Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários; e, ainda, Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.

De acordo com o Regulamento só poderiam concorrer a este Prémio Revelação autores portugueses até aos 35 anos, com um romance inédito e ”sem qualquer obra publicada no género”.
O valor do Prémio são 5 mil euros. A iniciativa conta, desde o primeiro momento, com o apoio da Gradiva, que assegura a edição da obra vencedora, através de um Protocolo com a Estoril Sol.

Sem comentários:

WOOK - www.wook.pt