sexta-feira, 7 de junho de 2013

Para a minha irmã - Jodi Picoult [Opinião]


Título: Para a minha Irmã
Autor: Jodi Picoult
Edição/reimpressão: 2006
N.º de Páginas: 408
Editor: Livraria Civilização Editora
PVP: 20,10€

Sinopse:
Os Fitzgerald são uma família como tantas outras e têm dois filhos, Jesse e Kate. Quando Kate chega aos dois anos de idade é-lhe diagnosticada uma forma grave de leucemia. Os pais resolvem então ter outro bebé, Anna, geneticamente seleccionada para ser uma dadora perfeitamente compatível para a irmã. Desde o nascimento até à adolescência, Anna tem de sofrer inúmeros tratamentos médicos, invasivos e perigosos, para fornecer sangue, medula óssea e outros tecidos para salvar a vida da irmã mais velha. Toda a família sofre com a doença de Kate. Agora, ela precisa de um rim e Anna resolve instaurar um processo legal para requerer a emancipação médica – ela quer ter direito a tomar decisões sobre o seu próprio corpo. Sara, a mãe, é advogada e resolve representar a filha mais velha neste julgamento.
Em "Para a Minha Irmã" muitas questões complexas são levantadas: Anna tem obrigação de arriscar a própria vida para salvar a irmã? Os pais têm o direito de tomar decisões quanto ao papel de dadora de Anna? Conseguimos distinguir a ténue fronteira entre o que é legal e o que é ético nesta situação?
A narrativa muda de personagem para personagem de modo que o leitor pode escutar as vozes dos diferentes membros da família, assim como do advogado e da tutora ad litem, destacada pelo tribunal para representar Anna. 

A minha opinião:

Anna tem treze anos quando decide tomar a decisão mais difícil da sua vida: requerer emancipação médica. Em treze anos de vida, a jovem sente que foi apenas concebida para ajudar a sua irmão mais velha, Kate na "cura" de leucemia promielocítica aguda, um cancro raro e a maior parte das vezes mortal. "Nasci porque um cientista conseguiu ligar os óvulos da minha mãe e os espermatozóides do meu pai para criar uma combinação específica de material genético precioso." Em todos os seus anos de vida Anna ajudou a irmã das mais diversas formas, começou com as células estaminais do cordão umbilical, passando com a doação de glóbulos brancos, da medula, até que Kate precisou de um rim...

Com a ajuda do irmão, Jesse, decide consultar um advogado no intuito de ser livre de escolher o que doar, ser livre no seu próprio corpo.

Ao longo do livro passaram-me uma série de sentimentos contraditórios. Não tenho irmãos, mas tenho uma filha e faria tudo o que fosse preciso para a salvar. Mas depois vem a parte moral: se tivesse uma outra filha será que a sacrificaria a toda essa dor para salvar uma outra? Sem perguntar se ela também queria o mesmo? Será que para cuidar da filha doente descuraria os dois outros filhos?

Apesar de compreender Sara, cheguei a detestá-la várias vezes ao longo da minha leitura. Achei-a uma mulher extremamente fria, focada apenas na filha doente, sem querer saber de mais nada, sem querer saber do restante agregado familiar que também precisava de ajuda... e de muita atenção. Jesse é disso exemplo, um filho completamente posto de parte que faz diversas "patifarias" unicamente como chamada de atenção.

No entanto, também tenho de elogiar o facto de Sara ser uma mãe incansável, que deixou uma carreira que poderia ter sido de sucesso como advogada para se dedicar inteiramente a Kate. Uma mulher forte e determinada.

Também me questionei sobre a atitude de Anna, que poderia levar a que a sua irmã morresse... mas fui simpatizando tanto com ela que não fui capaz de odiá-la. E ao longo da leitura a personagem só me deu provas para gostar ainda mais dela.

Gostei particularmente de Brian, um pai mais ponderado, que soube ver perfeitamente ambos os lados da questão e apoiou a filha no seu intento.

Mais uma vez fiquei rendida ao estilo de escrita de Jodi Picoult e, sobretudo, à abordagem, como já vem sendo habitual nos seus livros, de temas controversos e que nos deixam sempre com um nó no estômago.
Além disso, a história contada através de todos os elementos da família e até pelo próprio advogado, veio enriquecer ainda mais toda a narrativa.

No fim da leitura não resisti a ver o filme que apesar de não ter abordado temas bastante importantes do livro também foi muito bom. 

Excertos:
"Eles não me dão verdadeiramente atenção, excepto quando precisam o meu sangue ou algo do género. Se a Kate não estivesse doente, eu nem sequer estaria viva."

"Kate Fitzgerald é um fantasma que está apenas à espera de o ser."

"...Brian? Achas que fomos bons pais? - estou a pensar no Jesse, de quem desisti há tanto tempo. Na Kate, que eu não consegui curar. Na Anna."

"Não amamos uma pessoa por ela ser perfeita. Amamo-la apesar de ela não o ser."

"Apercebo-me de que nunca temos filhos só os recebemos. E que às vezes não é por tanto tempo quanto queríamos ou esperávamos. Mas é de longe melhor do que nunca chegar a ter esses filhos."
 


3 comentários:

Neptuno_avista disse...

Este foi o primeiro livro que li da autora, mas tendo em conta os que já li dela, este é o melhor dela :)
Beijinho

Dora disse...

Este li há muitos anos e gostei bastante. Muito mais do que do filme.
Foi o primeiro que li dela, e A Contadora de Histórias foi o segundo.

Maria Manuel Magalhães disse...

Não vi o filme Dora, não gosto da Cameron... Acredito que o livro seja muito melhor, normalmente é ;)

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