Título: Para a minha Irmã
Autor: Jodi Picoult
Edição/reimpressão: 2006
N.º de Páginas: 408
Editor: Livraria Civilização Editora
PVP: 20,10€
Sinopse:
Os Fitzgerald são uma família como tantas outras e
têm dois filhos, Jesse e Kate. Quando Kate chega aos dois anos de idade
é-lhe diagnosticada uma forma grave de leucemia. Os pais resolvem então
ter outro bebé, Anna, geneticamente seleccionada para ser uma dadora
perfeitamente compatível para a irmã. Desde o nascimento até à
adolescência, Anna tem de sofrer inúmeros tratamentos médicos, invasivos
e perigosos, para fornecer sangue, medula óssea e outros tecidos para
salvar a vida da irmã mais velha. Toda a família sofre com a doença de
Kate. Agora, ela precisa de um rim e Anna resolve instaurar um processo
legal para requerer a emancipação médica – ela quer ter direito a tomar
decisões sobre o seu próprio corpo. Sara, a mãe, é advogada e resolve
representar a filha mais velha neste julgamento.
Em "Para a Minha Irmã" muitas questões complexas são
levantadas: Anna tem obrigação de arriscar a própria vida para salvar a
irmã? Os pais têm o direito de tomar decisões quanto ao papel de dadora
de Anna? Conseguimos distinguir a ténue fronteira entre o que é legal e o
que é ético nesta situação?
A narrativa muda de personagem para personagem de
modo que o leitor pode escutar as vozes dos diferentes membros da
família, assim como do advogado e da tutora ad litem, destacada pelo
tribunal para representar Anna.
A minha opinião:
Anna tem treze anos quando decide tomar a decisão mais difícil da sua vida: requerer emancipação médica. Em treze anos de vida, a jovem sente que foi apenas concebida para ajudar a sua irmão mais velha, Kate na "cura" de leucemia promielocítica aguda, um cancro raro e a maior parte das vezes mortal. "Nasci porque um cientista conseguiu ligar os óvulos da minha mãe e os espermatozóides do meu pai para criar uma combinação específica de material genético precioso." Em todos os seus anos de vida Anna ajudou a irmã das mais diversas formas, começou com as células estaminais do cordão umbilical, passando com a doação de glóbulos brancos, da medula, até que Kate precisou de um rim...
Com a ajuda do irmão, Jesse, decide consultar um advogado no intuito de ser livre de escolher o que doar, ser livre no seu próprio corpo.
Ao longo do livro passaram-me uma série de sentimentos contraditórios. Não tenho irmãos, mas tenho uma filha e faria tudo o que fosse preciso para a salvar. Mas depois vem a parte moral: se tivesse uma outra filha será que a sacrificaria a toda essa dor para salvar uma outra? Sem perguntar se ela também queria o mesmo? Será que para cuidar da filha doente descuraria os dois outros filhos?
Apesar de compreender Sara, cheguei a detestá-la várias vezes ao longo da minha leitura. Achei-a uma mulher extremamente fria, focada apenas na filha doente, sem querer saber de mais nada, sem querer saber do restante agregado familiar que também precisava de ajuda... e de muita atenção. Jesse é disso exemplo, um filho completamente posto de parte que faz diversas "patifarias" unicamente como chamada de atenção.
No entanto, também tenho de elogiar o facto de Sara ser uma mãe incansável, que deixou uma carreira que poderia ter sido de sucesso como advogada para se dedicar inteiramente a Kate. Uma mulher forte e determinada.
Também me questionei sobre a atitude de Anna, que poderia levar a que a sua irmã morresse... mas fui simpatizando tanto com ela que não fui capaz de odiá-la. E ao longo da leitura a personagem só me deu provas para gostar ainda mais dela.
Gostei particularmente de Brian, um pai mais ponderado, que soube ver perfeitamente ambos os lados da questão e apoiou a filha no seu intento.
Mais uma vez fiquei rendida ao estilo de escrita de Jodi Picoult e, sobretudo, à abordagem, como já vem sendo habitual nos seus livros, de temas controversos e que nos deixam sempre com um nó no estômago.
Além disso, a história contada através de todos os elementos da família e até pelo próprio advogado, veio enriquecer ainda mais toda a narrativa.
No fim da leitura não resisti a ver o filme que apesar de não ter abordado temas bastante importantes do livro também foi muito bom.
Excertos:
"Eles não me dão verdadeiramente atenção, excepto quando precisam o meu sangue ou algo do género. Se a Kate não estivesse doente, eu nem sequer estaria viva.""Kate Fitzgerald é um fantasma que está apenas à espera de o ser."
"...Brian? Achas que fomos bons pais? - estou a pensar no Jesse, de quem desisti há tanto tempo. Na Kate, que eu não consegui curar. Na Anna."
"Não amamos uma pessoa por ela ser perfeita. Amamo-la apesar de ela não o ser."
"Apercebo-me de que nunca temos filhos só os recebemos. E que às vezes não é por tanto tempo quanto queríamos ou esperávamos. Mas é de longe melhor do que nunca chegar a ter esses filhos."
3 comentários:
Este foi o primeiro livro que li da autora, mas tendo em conta os que já li dela, este é o melhor dela :)
Beijinho
Este li há muitos anos e gostei bastante. Muito mais do que do filme.
Foi o primeiro que li dela, e A Contadora de Histórias foi o segundo.
Não vi o filme Dora, não gosto da Cameron... Acredito que o livro seja muito melhor, normalmente é ;)
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