quarta-feira, 25 de julho de 2012

Verão Quente- Domingos Amaral [Opinião]


Título: Verão Quente  
Autor: Domingos Amaral
Editora: Casa das Letras
Data de Lançamento: Junho 2012
Nº Páginas: 320

Sinopse:

Em 1975, no auge do Verão Quente, com Portugal à beira de uma guerra civil, Julieta é encontrada inanimada e cega, depois de cair pela escada, na sua casa de família na Arrábida. E, num dos quartos do primeiro andar, são descobertos, já mortos, o seu marido, Miguel, e a sua irmã, Madalena. Seminus e ambos atingidos com duas balas junto ao coração, as suas mortes levam o tribunal a condenar Julieta pelo duplo homicídio. Vinte e oito anos depois, em 2003, a cegueira traumática de Julieta desaparece e ela volta a ver. Começa também a recordar-se de muitos pormenores daquela tarde trágica em que aconteceu o crime, e em conjunto com Redonda, a sua bonita filha, e o narrador da história, vão tentar reconstituir e desvendar o terrível segredo da Arrábida, que destrui aquela família para sempre. Quem matou Miguel e Madalena e porquê? Será que eles eram mesmo amantes, como a polícia suspeitou? Será que Julieta descobriu a traição infiel do marido e da irmã? Ou será Álvaro, ex-marido de Madalena e um dos «Capitães de abril», o mandante daquele crime?

A minha opinião:

Gosto da escrita de Domingos Amaral e das histórias retratadas nos seus livros, a sua mais recente obra, Verão Quente, não foi excepção.

Tendo como pano de fundo uma época importante da História de Portugal que a meu ver não é muito falada, designada precisamente de Verão Quente, o livro fascinou-me do princípio ao fim. Primeiro porque gosto da nossa História, depois porque Domingos Amaral foi inteligente ao colocar uma história, ainda que ficcional, de um assassinato neste período tão conturbado.

Com dois períodos da história diferentes: 1975 e 2003, o autor faz uma analogia entre estes dois anos, 1975 marcado pelo período revolucionário Verão Quente e o ano 2003 que teve um dos verões mais quentes que há memória.

De férias numas antigas termas transformadas em spa, o narrador conhece duas mulheres que o cativam logo à primeira vista: uma esbelta rapariga e uma mulher curvada e com uns grandes óculos escuros que depressa constata que é cega. Sentindo-se atraído pela rapariga, Redonda, o narrador aproxima-se das duas mulheres e enceta conversa. E é aí que descobre a história que a mais velha carrega consigo. Julieta carrega consigo a desconfiança de ter matado o marido e a irmã, na casa de família na Arrábida, a 3 de Agosto de 1975. É mesmo acusada e fica presa durante 16 anos, mas facto incrível é que Julieta não se lembra do que aconteceu naquele dia. Quando as autoridades chegam à casa encontram Julieta desmaiada ao fundo de uma enorme escadaria e num dos quartos o seu marido e a irmã baleados. Suspeita número 1, Julieta é detida, tendo-se constatado que ficou cega consequência da queda que deu nas escadas.

No entanto, 28 anos depois, durante a sua estadia no spa começa milagrosamente a ver, e a ter flashbacks daquele dia na Arrábida. Julieta tem a certeza que não foi ela a assassina, e com o decorrer do tempo o próprio narrador também tem. Daí até prometer investigar o caso é um passo.

Com Julieta e o marido tão próximos do Estado Novo, visto o pai dela estar directamente ligado a Salazar e apoiar Spínola, um Presidente que deixaria descontentes os Capitães de Abril, a polícia e a população queriam ver pelo menos uma fascista a pagar pelo que fez. É aqui que a história portuguesa se introduz de uma forma fantástica. A forma radical e anárquica com que os Capitães de Abril queriam colocar o sistema político português, mas também a forma como o Estado Novo colocou Portugal é muito bem explicada, se bem que de forma leve e simples.

Gostei.

1 comentário:

addle disse...

Este já está aqui na estante :)

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