domingo, 8 de janeiro de 2012

Frágil - Jodi Picoult [Opinião]


Título: Frágil
Autor: Jodi Picoult

P.V.P.: 16,90 €
Edição/reimpressão: 2009
Nº de Páginas: 498
Editora: Civilização Editora



Sinopse:
Willow, a linda, muito desejada e adorada filha de Charlotte O’Keefe, nasceu com osteogénese imperfeita - uma forma grave de fragilidade óssea. Se escorregar e cair pode partir as duas pernas, e passar seis meses enfiada num colete de gesso. Depois de vários anos a tratar de Willow, a família enfrenta graves problemas financeiros. É então que é sugerida a Charlotte uma solução. Ela pode processar a obstetra por negligência - por não ter diagnosticado a doença de Willow numa fase inicial da gravidez, quando ainda fosse possível abortar. A indemnização poderia assegurar o futuro de Willow. Mas isso implica que Charlotte tem de processar a sua melhor amiga. E declarar perante o tribunal que preferia que Willow não tivesse nascido... 

A minha opinião:
Este foi um livro que me fez experimentar várias sensações: revolta, tristeza, pena, e admiração. A história é apresentada aos leitores através de cinco narradores, numa espécie de diário, dirigindo-se unicamente para a pequena Willow, uma criança de seis anos que nasceu com osteogénese imperfeita (OI), uma doença gravíssima cuja principal característica é a fragilidade dos ossos.
Se por um lado temos Willow que apesar da doença rara é inteligente e revela uma cultura geral fora de série, ao longo da história vamos vendo também o sofrimento da sua irmã Amelia, que se sente completamente de parte naquela família completamente absorvida pela doença da irmã. Confesso que me coloquei muitas vezes do lado da pré-adolescente. Apesar de adorar a irmã, e tê-la auxiliado várias vezes, Amelia também precisava que os pais se preocupassem com ela, ouvissem o que ela tem para dizer.
Sean e Charlotte, pais da Willow, vivem para a sua pequena filha. E, como tal, tudo fazem para a ver o melhor possível. Querem que seja feliz. Mas a solução que está à vista (processar a obstreta de negligência médica) será a melhor solução? Será que as questões levantadas em tribunal não arruinarão aquela já tão frágil família?
Confesso que não simpatizei com Charlotte, isto porque mesmo até ao fim do livro continuei a não saber bem o que a fez mover. Apesar de ter mostrado ser uma mulher forte por ter lutado até ao fim pelo que queria, será que valeu a pena? Será que vale a pena sacrificar quase tudo por uma indemnização de milhões?
Pelo meio surgem ainda os testemunhos de Pipper, a melhor amiga de Charlotte e obstetra… e Marin a jovem advogada que vai defender Charlotte em todo o processo. Picoult apresenta-nos muito detalhadamente o que é a OI, doença que desconhecia completamente, mas também problemas que vão surgindo com as mais diversas personagens, como adopção, bulimia, auto-mutilação, cleptomania e a questão do aborto.
O título não podia estar mais bem conseguido. Mas quem, no meio disto tudo, será Frágil? Para mim, todos…
Já tinha lido anteriormente Jodi Picoult, mas este Frágil deixou-me definitivamente rendida ao seu estilo de escrita e às temáticas que aborda.

1 comentário:

São disse...

Não conheço ninguém que tenha lido este livro e tenha simpatizado com a Charlotte... A ideia que ela me deu, ao longo do livro, foi de uma mulher que não olha a meios para atingir os fins e isso não é uma característica positiva nas pessoas. É verdade que fazemos tudo pelos nossos filhos, mas ela vai longe demais, prejudica pessoas... E depois lá está: valeu a pena? O final mostra que não.

Também gostei que tenham sido abordados os sentimentos da Amélia. Isso é raro na Jodi. Acho que é uma falha dela. Talvez tenha alguma dificuldade em coordenar os sentimentos dos que aparentemente estão de fora com os dos mais directamente envolvidos e ,então, opta por deixa-la de fora. Em caso de se tratar de crianças ou adolescentes, muito raramente os protagonistas têm irmãos. Dos livros que li da autora, e li bastantes, as excepções são precisamente o "Frágil" em que temos a Amelia e o "Para a Minha Irmã", em que temos o Jesse ... De resto, acho que são só esses... Quer dizer, em "O Pacto" o Chris tem uma irmã, mas ela é simplesmente referida ocasionalmente , neste registo "tinha saído" , "já tinha ido dormir", quando são abordados os sentimentos dos país... Parece que a vida dela seguiu normalmente depois do que aconteceu, como se isso fosse possível..

No último que li dela, " Compaixão " em que os protagonistas são adultos, um caso de eutanásia e outro de adultério,nenhum dos dois casais tinha filhos. Quer me parecer que há alguma dificuldade por parte da Jodi em coordenar a abordagem dos sentimentos dos mais directamente envolvidos,com a dos sentimentos daqueles que aparentemente estão mais de fora... Há excepções em que ela arrisca e até "se safa" bem... Este "Frágil" é uma dessas excepções, tal como "Para a Minha Irmã". Gostei disso :)

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