quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Amanhã na Bulhosa: Manuela de Azevedo lança as Memórias do Senhor Jeremias

A escritora Manuela de Azevedo, que completou 100 anos a 31 de Agosto passado, lança Memórias do Senhor Jeremias - O Gato das Botas Brancas na Bulhosa de Entrecampos, amanhã, sexta-feira, 7 de Outubro, às 17h30. Editado pela Colibri, o livro da primeira mulher a receber a carteira profissional de jornalista em Portugal, vai ser apresentado pela antiga Primeira-dama e fundadora de instituições de solidariedade social como APEV (Associação para o Estudo e Prevenção da Violência), Emergência Infantil e Fundação Pro Dignitate, Maria Barroso.
Manuela de Azevedo foi professora, crítica de arte, escreveu e publicou dezenas de livros de poesia, contos, novelas, ensaios, biografias, crónicas, romance e peças de teatro. Nas últimas décadas, fundou e dirigiu a Casa-Memória de Camões, em Constância, sendo também impulsionadora da criação do Jardim-Horto Camoniano naquela vila ribeirinha onde se diz ter vivido o poeta.
No Jornalismo, que durante gerações esteve interdito a mulheres, arregaçou as mangas e soube mostrar o que valia como repórter talentosa, entrevistadora de mérito, crítica que deixou rasto e também dramaturga e escritora – o seu livro de estreia, em poesia, teve prefácio de Aquilino Ribeiro. Distinguiu-se como jornalista em várias publicações: Vida Mundial (onde chegou a chefe de Redacção), República, Diário de Lisboa e Diário de Notícias.
Foi dela a primeira reportagem sobre um bairro de lata em Lisboa, muitos anos antes da Revolução dos Cravos, num texto em que fintou as malhas da censura. E conseguiu algumas entrevistas consideradas impossíveis – uma delas com Ernest Hemingway, durante uma breve escala no cais de Alcântara do navio que transportava o autor de Adeus às Armas numa das suas viagens entre Espanha e Nova Iorque. Eva Perón, Calouste Gulbenkian e Rudolf Nureyev foram outras das celebridades que entrevistou.
Um dos períodos mais conturbados da sua vida profissional ocorreu pouco depois do 25 de Abril, numa fase de má memória do Diário de Notícias, em que foi incluída numa lista de jornalistas a despedir do jornal por motivos políticos.
Licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa, Maria de Jesus Simões Barroso Soares tem o curso de Arte Dramática do Conservatório Nacional. Representou no Teatro Nacional durante quatro anos, enquanto aluna da Faculdade, sendo demitida pelas suas posições políticas como membro da Oposição Democrática ao regime de Salazar. Apesar de ter as habilitações e competência para o fazer, foi impedida de exercer a profissão de professora durante os regimes de Salazar e Marcelo Caetano.
Teve sempre uma intervenção activa na vida cultural, sobretudo através da divulgação da poesia portuguesa e estrangeira.
Casou, em 1949, com Mário Soares, seu colega de Faculdade de quem tem dois filhos: Isabel e João. Tem cinco netos de seu filho. Foi candidata a deputada pela Oposição Democrática no tempo de Marcelo Caetano, 1969. Participou no III Congresso da Oposição Democrática em Aveiro, em 1973. Esteve em Bad-Munstereifel, aquando da fundação do Partido Socialista. Tendo participado em todas as campanhas eleitorais depois do 25 de Abril, foi eleita deputada pelos distritos de Santarém, Porto e Algarve.
Dirige, desde há muitos anos, uma escola privada fundada pelo seu sogro, o pedagogo João Soares. De 1986 a 9 de Março de 1996, como Mulher do Presidente da República, desenvolveu actividades de apoio às áreas da cultura, educação e família, infância, solidariedade social, dimensão feminina, saúde, integração de deficientes e prevenção da violência. Das muitas instituições que fundou ou ajudou a criar, destacam-se a APEV (Associação para o Estudo e Prevenção da Violência), a Emergência Infantil e a Fundação Pro Dignitate.

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