terça-feira, 21 de junho de 2011

Vento Suão - Rosa Lobato de Faria [Opinião]


Título: Vento Suão
Autor: Rosa Lobato de Faria
Págs: 176
PVP: 15,90 €
Sinopse:
Quando faleceu, a 2 de Fevereiro de 2010, Rosa Lobato de Faria deixou inacabado este Vento Suão. Pôs-se então a hipótese de pedir a um(a) autor(a) das suas relações que imaginasse um desenvolvimento para a história que a morte não deixara chegar ao fim e terminasse o livro inacabado. Depressa se concluiu, no entanto, que tal não era a melhor solução – primeiro, porque não se tinha a certeza de que a autora aprovasse essa inclusão de uma voz alheia no interior do seu próprio fluir narrativo; depois, porque, apesar de inacabado, o romance tinha o desenvolvimento suficiente para se deixar ler como um todo com sentido. Aqui fica, pois, este Vento Suão tal e qual como Rosa Lobato de Faria o deixou. E como derradeira homenagem a uma escritora cuja obra teve como eixos fundamentais “a força da vida, o conhecimento profundo da realidade e do meio em que se agitam os seus fantoches ficcionais, o domínio das minúcias, o fôlego narrativo, a irrupção imparável de um vento negro de violência que impõe uma aura de tragédia intemporal ao que parece quase inócuo”. [Eugénio Lisboa]

A minha opinião:
Ao terminar este Vento Suão a primeira coisa que me vem ao pensamento é a palavra saudade. Saudade das palavras bem escritas de Rosa Lobato de Faria e das narrativas bem construídas da autora que sempre me fizeram correr para comprar os livros logo que saiam. Deixei este para saborear, não o quis ler logo, porque sabia que seria o último, sabia que não teria mais... agora só me resta reler e sei que me vai saber tão bem...
Apesar de inacabado Vento Suão faz todo o sentido, tem princípio, meio e pode que dizer-se um fim aceitável, portanto, acho que foi o mais acertado publicar-se o livro tal qual a escritora o deixou. Assim, o leitor sabe que não foi adulterado, assim sabemos que ali temos Rosa Lobato de Faria na sua génese.
Mais uma vez a escritora dá-nos a conhecer duas mulheres, Rosinha, assim os amigos a tratavam, colocava sempre mulheres como personagens principais, amigas, que a vida vai distanciar, completamente diferentes no feitio, mas que sonham com uma vida de princípes encantados. Uma vive um dura traição, outra violência doméstica, mas ama o marido como ninguém. Classes sociais diferentes, mas com problemas semelhantes às classes sociais mais baixas são aqui retratadas em Vento Suão, um vento que transforma completamente o homem da casa, tornando-o demoníaco.
O romance conta com um posfácio de Eugénio Lisboa com o qual concordo plenamente. O autor fala em rótulos que se colocam muitas vezes, logo à partida em determinados escritores só porque vêm inicialmente de outros meios, neste caso de Rosa Lobato de Faria da televisão e do seu trabalho como actriz, colocando o seu trabalho como escritora menos meritório. Eu própria, antes de iniciar a leitura dos livros de Rosa pensava o mesmo até ler “Os Pássaros de Seda”. A partir daí fiquei completamente rendida e nunca mais parei de a admirar enquanto escritora.

1 comentário:

Unknown disse...

Ainda não li este livro porque também o estou a deixar para mais tarde- sabe-me bem saber que ainda existem livros da Rosa Lobato Faria que ainda não li.
Concordo em obsoluto com o final do texto: ela foi uma grande escritora e uma óptima surpresa. E tão, mão tão injustiçada. Eu, confesso, comecei a ler os seus livros apenas porque me ofereceram um, já depois da sua morte. E depois nunca mais parei.
Boas leituras

WOOK - www.wook.pt