sábado, 27 de novembro de 2010

O Coleccionador de Chuva - Julia Stuart [Opinião]


Título: O Coleccionador de Chuva
Autora: Julia Stuart
Colecção: Contemporânea
Preço: 22.25 €
Pp.: 244

Balthazar Jones vive na Torre de Londres com a sua esposa, Hebe, e com a Sr.ª Cook, uma tartaruga centenária, e é um dos guardas do histórico local. (Sim, alguns beefeaters vivem na Torre.) E não é tarefa fácil ser guarda numa das maiores atracções turísticas de Londres.
Entre as estranhas personagens que habitam o labirinto de casas antigas e escadas em caracol, contam-se Ruby Dore, a dona do bar Rack & Ruin, que ficou a saber que está grávida; o reverendo Septimus Drew, um inveterado solteirão que ninguém sonha que tem um carreira de êxito como escritor de livros eróticos; o galante tratador de corvos que só pensa em vingar a morte de um dos seus queridos animais; Valerie Jennings, a melhor amiga de Hebe, que está apaixonada pelo pica-bilhetes Arthur Catnip; e o fantasma de Sir Walter Raleigh, cujos ruidosos passeios nocturnos e vício do tabaco perturbam o merecido sono dos habitantes da Torre.
A paixão de Hebe e Balthazar, outrora forte, enfraqueceu desde a morte do filho do casal. Hebe consola-se com o seu trabalho na Secção de Perdidos e Achados do Metro de Londres, onde devolve objectos perdidos aos seus donos (entre malas e chaves, contam-se estranhas preciosidades como um óscar de Dustin Hoffman, 157 dentaduras e um cofre inviolável). Balthazar não derramou uma lágrima desde o trágico incidente, e Hebe está cada vez mais distante do marido.
O casamento está por um fio quando a rainha confia a Balthazar a tarefa de conceber um jardim zoológico na Torre, para abrigar as estranhas oferendas peludas e de quatro patas que os dignitários estrangeiros oferecem à monarca. É então que o dia-a-dia na Torre se torna muito agitado. Os pinguins fogem e as girafas são roubadas. E Balthazar está em apuros. E, como se não bastasse tudo isto, a sua querida tartaruga desaparece e Hebe abandona-o. Nestas circunstâncias, o que pode fazer um guarda da Torre de Londres?
Com o humor das obras de Alexander McCall Smith e para todos aqueles que apreciaram Chocolate, de Joanne Harris, O Coleccionador de Chuva é uma obra tão refrescante e optimista como O Fabuloso Destino de Amélie, de Jeunet e Caro.
A minha opinião:
Julia Stuart delicou-me com a estória de “O Coleccionador da Chuva”, sobretudo porque alia a História à vida contemporânea de várias personagens que vivem na Torre de Londres, local que tenho bastante curiosidade em visitar. Depois de ter lido as curiosas histórias deste monumento histórico, algumas completamente desconhecidas para mim, já decidi que a próxima vez que visitar Londres irei mesmo enfrentar uma longa fila para entrar, mas com a certeza de que vai valer a pena a sua visita.
Gostei particularmente da personagem de Hebe Jones, esposa de Baltazar, um dos guardas da Torre. Hebe é uma personagem que me atraiu, se calhar pelo local do seu trabalho: a secção de perdidos e achados do Metro de Londres. Um local que, à partida pode ser monótono, mas que encerra muito da vida de quem perde os seus haveres. E cada um tem uma estória engraçada para contar quando os consegue encontrar.
Depois há o próprio Baltazar, uma pessoa peculiar, que a determinada altura da sua vida, vai ter uma missão completamente diferente do que tem feito até então: a rainha decidiu “reabrir” o Jardim Zoológico da Torre completamente composto da espécies de animais que lhe tem sido dadas pelos sobernados dos outros países. Esta decisão surgiu após a morte de um macaco-sem-nariz oferecido pelo presidente chinês. Esta ideia não é completamente descabida até porque foram mantidos, durante cerca de 600 anos, desde o século XIII, animais que as potências estrangeiras enviavam ao longo dos anos tendo-se tornado o jardim zoológico uma atracção turística popular, que apenas encerrou as portas nos anos 30 do século XVIII. Coisa que desconhecia completamente.
Baltazar tem ainda o hábito de coleccionar chuva, um hábito estranho que faz praticamente às escondidas da mulher.
Mas a relação deste casal é ensombrada pela morte do filho, Milo, aos onze anos de idade. Um filho muito esperado, Milo nasceu após anos e anos de tentativas para Hebe engravidar. Com a morte do filho o casal não consegue ultrapassar.
Depois existe ainda o reverendo Septimus Drew que sonha ainda casar com a mulher da sua vida. Nas horas vagas escreve literatura erótica, coisa que ninguém imaginaria possível. Septimus é um homem solitário a quem os amigos tentam arranjar esposa, mas quando começa a contar a estória da Torre, sobretudo dos assassínos que aconteceram no monumento, as mulheres fogem a sete pés porque nunca conseguiriam viver num local assim.
Estas são as personagens que mais me tocaram, mas a autora brinda os seus leitores com muitas mais, como a colega de Heba, Valerie Jennings, Arthur Catnip, um tímido pica-bilhetes do metro de Londres que tem uma paixão assolapada por Valerie e que ao fim de muitas tentativas lá a convida para almoçar, começando assim a relação entre ambos.
Um livro de uma ternura incrível de uma autora que desconhecia, mas que de certeza irei ler mais livros.
Excerto:
"Parece que a nossa casa é onde está o nosso coração"

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