quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Horizontes em Branco - José Maria Abecasis Soares [Opinião]


Título: Horizontes em Branco - Uma viagem pelo mundo na senda dos efeitos do aquecimento global
Autor: José Maria Abecasis Soares
N.º de Páginas: 208
Colecção: Volta ao Mundo N.º 4
PVP: 14,90€

José Maria Abecasis Soares fundou a Associação Ice Care em 2009, um projecto pessoal que, definiu em torno de dois objectivos principais: dar visibilidade mediática às consequências do aquecimento global sobre o degelo dos glaciares, através de expedições aos cinco glaciares classificados como património mundial e que a Unesco identificou como os mais severamente afectados pelas alterações climáticas; uma outra vertente do projecto prende-se com as populações locais, que carecem de apoio e de preparação para minimizar o impacto do recuo dos gelos.
O autor deixa-nos ainda as suas impressões sobre as duas primeiras expedições realizadas em 2009, ao Aletsch, nos Alpes suíços e, nesse mesmo ano, ao Quilimanjaro.

A minha opinião:
José Maria fazia uma vida como a maioria das pessoas: não tinha muito cuidado com o ambiente, numa altura em que a verdade “inconviniente” de Al Gore ainda não tinha despertado em si qualquer efeito.
Mas quando tomou consciência de que os glaciares do Quilimanjaro, apelidado de eterno por Hemingway, estarão completamente extintos entre 2015 e 2020 decidiu partir à aventura com o seu amigo Zé Diogo, aventura essa que passava por expedições aos cinco glaciares classificados como Património Mundial pela Unesco: Jungfrau – Aletsch na Suíça, Quilimanjaro na Tanzânia; Huascarán no Peru, Ilulissat na Gronelândia e o Sagarmatha no Nepal.
Horizontes em Branco foca apenas a viagem aos dois primeiros glaciares já referidos e, apesar de não ser grande “adepta” de literatura de viagens fiquei rendida ao relato das aventuras de José Maria Abecasis Soares. Talvez porque temos de ter mais em conta que a natureza está a mudar e tudo por culpa de todos nós, que ainda não nos apercebemos (na sua maioria) que a muito curto prazo as coisas vão mudar para pior. O nosso desrespeito pela natureza vai fazer, realmente, com que tenhamos de pagar uma factura muito cara muito brevemente.
Apesar de já ter lido e visto na televisão muitos programas relatando para o degelo dos glaciares, neste livro fiquei ainda com uma maior noção da realidade e do que nos avizinha. Exemplo disso é uma pequena poça que fez parte de um enorme lago – o Lago Maerjelen – “tão grande que tinha icebergs a flutuar no meio”. Com o degelo, “o glaciar foi ficando cada vez mais pequeno e perdeu a capacidade de suster as águas do lago”. Nos anos 50 o gelo cedeu à pressão da água e todo o vale ficou inundado.
À parte o interesse em divulgar o tema ecológico, este livro é uma espécie de biografia do autor e do que ele foi passando ao longo deste tempo em que fez as duas expedições. Gostei particularmente do encontro com a tribo Masai, já na Tanzânia e do desconhecimento por completo dos problemas ambientais e no que isso acarreterá sobretudo para essa tribo e para os animais que vivem naquele país.
Excerto:
“Nós, os povos civilizados, estamos protegidos deste tipo de catástrofes no conforto dos nossos lares e esquecemo-nos com facilidade que vivemos no vértice da vida, que a qualquer momento tudo o que tomámos por adquirido pode mudar”.

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