sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quando Lisboa tremeu - Domingos Amaral [Opinião]


Título: Quando Lisboa Tremeu
Autor:
Domingos Amaral
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 488
Editor: Casa das Letras


Sinopse:
Lisboa, 1 de Novembro de 1722. A manhã nasce calma na cidade, mas na prisão da Inquisição, no Rossio, irmã Margarida, uma jovem freira condenada a morrer na fogueira, tenta enforcar-se na sua cela. Na sua casa em Santa Catarina, Hugh Gold, um capitão inglês, observa o rio e sonha com os seus tempos de marinheiro. Na Igreja de São Vicente de Fora, antes da missa começar, um rapaz zanga-se com sua mãe porque quer voltar a casa para ir buscar a sua irmã gémea. Em Belém, um ajudante de escrivão assiste à missa, na presença do Rei D. José. E, no Limoeiro, o pirata Santamaria envolve-se numa luta feroz com um gangue de desertores espanhóis.

De repente, às nove e meia da manhã, a cidade começa a tremer. Com uma violência nunca vista, a terra esventra-se, as casa caem, os tectos das igrejas abatem, e o caos gera-se, matando milhares. Nas horas seguintes, uma onda gigante submerge o terreiro do Paço e durante vários dias incêndios colossais vão atemorizar a capital do reino. Perdidos e atordoados, os sobreviventes andam pelas ruas, à procura dos seus destinos. Enquanto Sebastião José de Carvalho e Melo tenta reorganizar a cidade, um pirata e uma freira tentam fugir da justiça, um inglês tenta encontrar o seu dinheiro e um rapaz de doze anos tenta encontrar a sua irmã gémea, soterrada nos escombros.
A minha opinião:
Domingos Amaral leva-nos a vivenciar os infortúnios dos lisboetas aquando do terramoto que assolou Lisboa a 1 de Novembro de 1755. Juntamente com o protagonista e narrador da estória, o marinheiro Santamaria (pseudónimo que criou baseado no nome do seu barco que viria a ser pirateado pelos árabes), conhecemos mais personagens ligadas pelo terramoto e posterior maremoto que viria a matar muita gente. Depois disso, as chamas invadiram a capital portuguesa.
Santamaria juntamente com o seu colega de mar Muhammed encontravam-se presos no Limoeiro aquando do tremor de terra. Como as paredes da prisão foram abaixo, os dois companheiro sentiram-se libertos, juntamente com outros criminosos bem mais perigosos que estes dois marinheiros que foram apenas presos por praticarem pirataria.
Presas também estavam a irmã Margarida e Alice. Margarida uma jovem rapariga que estava condenada à morte por suspeita de bruxaria, tinha planeado enforcar-se no dia em que houve o terramoto. Hugo Gold um inglês desterrado de Inglaterra para Portugal que encontra uma escrava Ester e juntos percorrem Lisboa. E finalmente o rapaz que procura insistentemente a sua irmã que poderá estar soterrada na cave de sua casa.
Após o maremoto começaram as pilhagens. Escravos e foragidos das prisões aproveitaram as casas em ruínas para roubarem os bens mais preciosos. Junto com o maremoto foi também o tesouro real de D. Joao V, uma colecção que se dizia estar espalhada pelas várias salas do Paço real.
Com o tesouro real ficaram em ruínas diversos palácios e, inclusive, um hospital, o de Todos-os-Santos que fora aniquilado pelo fogo. As igrejas também foram aniquiladas. Em quarenta igrejas existentes em Lisboa, trinta ficaram em ruínas. Por isso mesmo, o padre Malagrida, juntamente com outros párocos vinham a dizer que o terramoto tinha sido um desígnio de Deus para castigar os pecadores. E para acentuar ainda mais essa teoria, o terramoto tinha-se dado em dia santo: 1 de Novembro.
O que é certo é que matou cerca de 10 mil pessoas tendo sido considerado um dos mais mortíferos da história.
No entanto, apesar de todos os defeitos que lhe são apontados, o rei D. José I contou com a forte ajuda de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, que rapidamente reuniu esforços para colocar Lisboa de pé novamente.
Domingos Amaral soube retratar muito bem os momentos após o terramoto de Lisboa. A morte de milhares de pessoas, a violência que gerou depois pela falta de comida. A água só não faltou porque Lisboa já era abastecida de água devido à construção do Aqueduto das Águas Livres. Porém, mesmo perante tal desgraça, as pessoas não deixavam de se apaixonar e de se amar. Que foi o que aconteceu com o protagonista da estória.

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