quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Carlota Joaquina - O pecado espanhol - Marsilio Cassotti [Opinião]

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Título: Carlota Joaquina - O Pecado Espanhol
Autor: Marsilio Cassotti
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 320
Editor: A Esfera dos Livros
Colecção: História Divulgativa

Sinopse
Nunca na História de Portugal uma rainha provocou paixões tão contraditórias como Carlota Joaquina de Borbón (1775-1830). Requintada «divindade tutelar» para os seus seguidores, foi considerada vulgar, luxuriosa e assassina pelos seus inimigos. Talvez com o objectivo de alcançar a «União Ibérica», o seu avô, Carlos III de Espanha, casou-a com o futuro rei D. João VI. Em pouco tempo, a «engraçadíssima» infanta espanhola, filha de uma bela e intriguista princesa italiana, conquistou com a sua «desenvoltura» o coração da sogra, a rainha D. Maria I. Contudo, posteriormente os seus caprichos incomodariam uma corte receosa das suas origens. Fracassado o plano de completar a sua educação com a marquesa de Alorna, e diante das ameaças da Revolução Francesa, D. Carlota tentou obter o protagonismo nos assuntos públicos. Foi travada pelos que não aceitavam que «as mulheres se metam nos negócios». O ressentimento contra um marido que considerava fraco e menos inteligente do que ela, levou-a a recorrer à conspiração. A sua misteriosa lealdade a Portugal durante a traiçoeira «Guerra das Laranjas», declarada pelo seu pai. A irregular educação dos filhos. Os rumores sobre os seus amantes. As excentricidades no Brasil. As intenções de ser coroada «rainha» em Buenos Aires. As intrigas para casar as infantas. A sua recusa em jurar a Constituição liberal. A «farsa de reconciliação» com o marido. A violência utilizada para entronizar D. Miguel como «rei absoluto». O astuto uso da doença e da religião ao serviço dos seus objectivos. Tudo isto numa das épocas mais dramáticas de Portugal. Este pecado levou a que depois dela, nunca mais uma espanhola voltaria a ser rainha de Portugal ou uma portuguesa rainha de Espanha. Rompendo-se uma tradição nascida na época de D. Afonso Henriques.

A minha opinião
Confesso que não conhecia muito sobre Carlota Joaquina, rainha amada, mas odiada ainda mais pelos portugueses, assim como pelo seu marido, assim que soube dos seus reais intentos. A menina espanhola desde cedo se evidenciou pela sua inteligência, isto porque numa idade na qual a generalidade das crianças, mesmo as de meios privilegiados, eram ainda bastante ignorantes, ela começou a ser educada por uma das pessoas mais cultas que naquela altura se podia encontrar na corte, o padre Filipe Scio de San Miguel. Rapidamente surgiu a necessidade de casar esta infanta com o futuro rei de Portugal, D. João, que assim que a viu disse à irmã Maria Ana que gostava dela.
Vinda bastante nova para Portugal, com a tenra idade de 10 anos, Carlota Joaquina fazia as delícias da família real portuguesa, sobretudo da rainha D. Maria. Desde muito nova que Carlota viria a mostrar bastante interesse na política do reino e nem o facto de ter já cinco filhos a impediriam de começar a ter uma actividade nesse campo de não menor empenho.
É aqui que começam a surgir os conflitos com o seu marido, que os viriam a separar para sempre. De realçar que quando D. João VI morreu, Carlota Joaquina, alegando estar bastante doente, nem sequer se deslocou para o ver. Antes disso, e à medida que o tempo ia avançando, Carlota ficava ainda mais desconte pelo modo como o marido conduzia os “negócios”. Já no Brasil, quando a família real teve de sair de Portugal, para fugir às tropas de Napoleão, Carlota tenta as mais mirabolantes intrigas para ganhar cada vez mais poder na corte, no entanto, sempre sem grande eficácia.
O nascimento do 7.º filho, D. Miguel de Bragança, o seu predilecto e a quem queria colocar como rei de Portugal, viria a levantar suspeitas de que este poderia não ser de D. João. No entanto, este boato pode ter surgido por razões políticas, já que não há quaisquer provas de que a rainha tenha sido infiel (no campo amoroso) ao seu marido.
Quando voltou para Portugal, (Carlota mostrou-se sempre contrariada em fugir para o Brasil, chegando a pedir ajuda aos pais, reis de Espanha, para que a acolhessem), e com o avançar da idade, a fé religiosa passou a ser cada vez mais integralista, talvez devido à doença crónica de que padecia e de que viria a morrer aos 55 anos.
Carlota seria a última rainha de Portugal nascida infanta em Espanha.
Para quem gosta de livros históricos, este vale mesmo a pena ler.


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