Autor: Deana Barroqueiro
P. V. P.: 19,50 euros
Páginas: 528
Formato: 16x23 cm
Sinopse:
O formidável Espião de D. João II possuía qualidades e talentos comparáveis aos de um James Bond e Indiana Jones, reunidos num só homem. A memória fotográfica, uma capacidade espantosa para aprender línguas, a arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, a mestria no manejo de todas as armas do seu tempo e, sobretudo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, aliados ao culto cavaleiresco da mulher e do amor que o fascinavam, fazem dele uma personagem histórica única e inspiradora.
El-rei D. João II escolhia-o para as missões mais secretas, certo que qualquer outro falharia. Talvez esse secretismo seja a razão do seu nome de família e do seu rosto terem ficado, para sempre, na penumbra.
Em 1487, Pêro da Covilhã foi enviado de Portugal, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra, aquilo que o navegador ia demandar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do encoberto Preste João.
Ao espião esperava-o uma longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mar Vermelho e costas do Índico até Calecut e, também, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, descobrindo povos e culturas em lugares hostis, cujos costumes lhe eram completamente estranhos. Na pele de um enigmático mercador do Al-Andalus, o Escudeiro-guerreiro do Príncipe Perfeito realizou proezas admiráveis que causaram espanto no mundo do seu tempo.
Neste romance fascinante, Deana Barroqueiro convida-nos a seguir o trilho de Pêro da Covilhã na sua fabulosa odisseia recheada de aventuras, amores, conquistas e descobertas inolvidáveis…
A minha opinião
O Espião de D. João II relata as aventuras de Pêro da Covilhã, ou Ali Moumen, um dos nomes que adoptou para se disfarçar de muçulmano aquando a sua viagem por via terrestre até à Índia, com o intuito de descobrir a rota das especiarias. Pelo caminho depara-se com inúmeras aventuras, conseguindo escapar sempre à morte. A convivência com diversas culturas também é aqui relatada, como é o caso das mulheres indianas ou de algumas facções muçulmanas que espantam Pêro da Covilhã, pelas disparidades tão grandes com a cultura portuguesa da época.
Na cultura indiana, por exemplo, Pêro espanta-se ao saber que as mulheres brâmanes e naires, as duas castas mais nobres, vivem em lugares próprios, sempre fora das cidades, com o intuito de não se cruzarem com castas inferiores às suas. Quando uma rapariga está na altura de receber um homem, a mãe começa a procurar imediatamente alguns brâmanes ou naires para lhe manterem a filha e assim dormirem, três ou quatro com ela, cada um deles dando-lhe uma certa quantia de dinheiro por dia para o seu mantimento. Em suma, quanto mais amantes tiver a mulher, mais honrada fica.
«Cada um dos seus maridos está com ela em dia certo, desde o meio-dia até ao outro meio-dia e assi vão passando sua vida sem haver entre eles quaisquer cumprimentos e, se algum a quiser deixar, larga-a e toma outra e ela também quando se aborrece de algum diz-lhe para se ir embora e ele não tem outro remédio senão obedecer-lhe.»
E é aí, na Índia, que descobre um mundo diferente do que estava habituado. «De uma única palmeira, se pode achar não só madeira como tecido para vestes, papel de carta ou fio para fazer cordas, leite, óleo e açucar ou, ainda, vinho e aguardente para o prazer e o esquecimento». Descobre a canela, o fulgor do ouro, o brilho das safiras, os rubis.
E descobre, também, aquilo que julga serem as antigas Minas de Salomão, mas é envenenado por uma víbora que o deixa momentaneamente cego.
Quando é enviado, por D. João II, para a descoberta terrestre da rota das Índias, Afonso Paiva, seu colega em aventuras também o acompanha na viagem até África, mas com uma missão diferente: descobrir Preste João. Só que, anos mais tarde, quando Pêro decide encontrar-se com ele, descobre que o seu amigo havia sido assassinado e não tinha conseguido cumprir a sua missão. Decide então encetar novas aventuras para cumprir a missão do amigo.
É interessante a incursão de Pêro da Covilhã a Fez, logo no início da sua viagem, descrita como uma cidade com mais de 785 mesquitas, 80 fontes e chafarizes, 93 banhos públicos (…) uma urbe maior que muitas capitais europeias, incluindo Lisboa, dando a demonstrar que os mouros eram bastante avançados em relação aos europeus.
É bastante curiosa a vida de Pêro da Covilhã, que confesso sabia muito pouco (ou quase nada). A forma como Deana Barroqueiro conta e relata a História é também de louvar, uma vez que, com a sua escrita tão fluida, nos faz viajar no tempo, de uma forma nada maçadora, e nos faz viver também as aventuras deste jovem beirão, que muito fez pelo nosso país.
Podem ainda saber mais sobre o livro e as viagens da autora após a conclusão do romance: http://conversacomleitores.blogspot.com/2009/10/no-rasto-de-pero-da-covilha.html
Os interessados podem ainda visitar o blogue da escritora: http://deanabarroqueiro.blogspot.com/
1 comentário:
Adorei a resenha, super completa!
Boa semana! Beijos!
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