Autor: Francisco Moita Flores
Género: Romance
Ano: 2009
Editora: Sextante
Páginas: 192
PVP: € 13,95
Sinopse: Uma história de cinema a máfia. Frank Capra, um dos grandes mitos de Hollywood, começou por se chamar Francesco e nasceu na Sicília, em Bisacquino, um lugar perdido nas montanhas que também viu nascer D. Vito Cascio-Ferro, um dos fundadores da Máfia siciliana e o mandante do assassinato de Joe Petrosino, famoso polícia de Nova Iorque, nascido em Nápoles.
Três homens que se cruzam aqui numa história extraordinária, das que forjaram o nosso tempo na viragem para o século xx. Cinema, Máfia e ópera são o pano de fundo deste novo Era uma vez na América.
A minha opinião Bisacquino, localidade italiana, é palco do nascimento de um oscarizado realizador e de um conhecido mafioso. A vida deles cruza-se constantemente, primeiro com Vito Cascio-Ferro a aliciar o pai de Francesco a trabalhar para ele, e mais tarde, quando um dos seus mafiosos aborda Capra para construir alambiques, quando a família Capra já se encontra na América.
Francesco Rosario Capra, mais conhecido como Frank Capra nasceu em Bisacquino, a 18 de Maio de 1897 era filho de um camponês plantador de limões e laranjas, Salvatore Capra, e tinha cinco irmãos, somando ao todo três irmãos e três irmãs. Eram pobres e trabalhavam para comer. Quase todos os rapazes eram pastores. Por isso mesmo, praticamente todos os italianos pobres de Bisacquinho sonhavam com a América. Em 1898, o irmão mais velho, Ben, decide aos 16 anos, sozinho, apanhar um vapor rumo à Terra Prometida, sem aviso. Quando todos pensavam que Ben estava morto, receberam uma carta vinda de Los Angeles dizendo que Ben estava bem e que não iria voltar para Itália. O curioso é que toda a família Capra era analfabeta e não sabiam o que a carta continha. Para tal, e como muita gente fazia nessa época, recorreram ao padre local para este lhes ler as notícias. Com a missiva vinha também a possibilidade de toda a família Capra embarcar para os Estados Unidos. Assim, em Abril de 1903, os pais e quatro dos irmãos de Ben chegavam em Los Angeles, entre eles Frank. Frank sempre foi um miúdo lutador e que tinha vontade de saber mais. No barco onde rumaram para os EUA ficou fascinado com a pequena sessão de cinema, que era projectada para os passageiros e nunca mais esqueceu essa maravilha. Mais velho e contra a vontade dos pais, prosseguiu estudos até formar-se em engenharia química, em 1918. No entanto, a entrada em Guerra fez com que não conseguisse emprego e passasse sérias dificuldades económicas, chegando mesmo a passar fome. Numa dessas alturas foi abordado por um agente da máfia que o aliciou a trabalhar para eles, construindo alambiques. Recorde-se que nessa altura os EUA atravessavam a Lei Seca e era proibido comercializar álcool. Frank resistiu a tão tentadora proposta até que encontrou um estúdio cinematográfico, onde passou a realizar filmes, sendo o seu primeiro Fultah Fisher’s Boarding House, em 1922. Daí partiu para Hollywood, onde passou a realizar mais filmes, e mais conhecidos.
Vito Cascio-Ferro é uma das principais pontes entre a Cosa Nostra e a organização mafiosa que se organiza em Nova Iorque e outras cidades da Costa Leste, principalmente Boston, Filadélfia e Chicago. Acabou por morrer em Itália, quando se encontrava na prisão.
Para muitos italianos, a América não se transformou na Terra Prometida, continuando a passar sérias dificuldades económicas. A pobreza e as saudades de casa transformaram muitas dessas pessoas, que viviam amarguradas e se refugiavam no álcool.
Através da investigação de António de Sousa Duarte, Francisco Moita Flores construiu uma história surpreendente de um italiano que surpreendeu a América, numa altura da grande depressão. Um livro a reter
Excerto
“A família Capra tinha fome e não tinha. E quando se deitavam com o estômago sossegado passara-se um dia feliz.”
“Quando as sirenes roncaram anunciando a partida tinha duas certezas. Nunca mais voltaria à Sicília e jamais tornaria a comer lentilhas”
“Receio que sejam mais poderosos que nós. A Máfia é coisa ruim. Faz extorsão, contrabando, rouba, mata, corrompe, domina negócios e território, são um Estado dentro do próprio Estado.”
“O medo é um doce milagre. Uma espécie de jogo que dá sentido aos combates pela vida. Cada milímetro que lhe roubamos, cada metro que o afastamos são passos na construção do nosso destino. O destino não se cumpre, constrói-se.”
“Basta vencer o medo e acreditar que a vida é um tempo único que merece ser vivido segundo, hora a hora, como se fosse o último compasso, a última nota de uma sinfonia.”
Sem comentários:
Enviar um comentário