terça-feira, 24 de março de 2009

Evocação - A Minha Vida com Che Guevara – Aleida March [Opinião]


Sinopse: Mais de quarenta anos após a morte de Che Guevara, a sua viúva Aleida March oferece-nos uma perspectiva única, plena de ternura, da vida ao lado de um dos maiores símbolos revolucionários do século XX, ao longo de batalhas, acções políticas, viagens clandestinas e episódios familiares. Das suas memórias, que agora se publicam, fazem parte documentos inéditos – fotografias, cartas, apontamentos, poemas – que nos revelam não só o seu mundo fascinante e perigoso, mas também o seu lado mais íntimo e desconhecido. Retrato apaixonado e esclarecedor, A Minha Vida com Che é ao mesmo tempo a história de um mito e de um amor absoluto.

Excertos
"Todo o povo estava pronto a acabar de vez com a ditadura, que se encarniçava dia a dia contra os melhores dos seus filhos, os jovens. As eleições mal-amanhadas, que tinham sido marcadas para 3 de Novembro, eram alvo de repúdio. A ofensiva revolucionária das montanhas, apoiada pelas forças das cidades, a planície, tornava imparável o avanço para a vitória."

"É justo afirmar que nesse tempo a maioria de nós carecia de correcta formação política e que os preconceitos contra o comunismo estavam presentes em quase todos, e é claro que eu não era excepção".

"Transformávamo-nos numa máquina pronta para o combate como único objectivo, com a vantagem de sermos conduzidos por um homem capaz de desfazer qualquer dúvida, com a sua segurança e o seu apoio inquebrantáveis. Assim crescia em mim uma admiração que, com o tempo, foi transcendendo as relações afectivas que, seguramente, começaram a despontar nessa época."

"Vi ascender aquele homem que tinha conhecido em circunstâncias diferentes e vi-o renovar-se de dia a dia com brio, injectados pelo espírito que só os que possuem o dom da entrega sem limites são capazes de manifestar. Creio, sinceramente, que o Che era um homem em permanente crescimento".

"O meu caminho está traçado, só a morte me fará parar.”

Este terceiro volume da colecção Marcas do Tempo é preenchido de relatos da vida de Che Guevara através da visão da sua segunda mulher Aleida March, que em 1958 o conheceu o num encontro na serra do Escambray. A coisa que mais impressionou Aleida quando viu pela primeira vez Che foi o seu olhar, mais propriamente o modo como olhava. Foi aí que começou a interessar-se cada vez mais pelo revolucionário até que passou a ser sua secretária pessoal. Mais tarde acabaria por se casar com ele.
A poesia representava para Che uma das mais belas formas de expressão.
O livro está repleto de relatos, enriquecidos com imensas fotografias de Aleida e Che, assim como dos seus amigos mais próximos e família mais chegada.
Além disso, a obra fica ainda mais interessante com as cartas que Che escrevia à mulher, cheias de romantismo, comprovando que aquele era um casal unido, e com o mesmo objectivo: criar direitos iguais para todos e procurar uma vida melhor para toda a gente.
Apesar desta temática não ser a que mais gosto (Che Guevara e Cuba nunca me fascinaram) acabei por me surpreender com a leitura deste livro. Apesar de relatar as principais lutas de Guevara e restante equipa, mostra um outro lado do combatente. Um lado que partilha com a sua companheira de luta, que mais tarde vem a ser sua mulher; e o lado de pai extremoso que, apesar de se transformar num pai um pouco ausente, nunca se esquece dos seus rebentos e dedica-lhes sempre um gesto de carinho nas cartas que escreve à sua mulher quando está longe. Um livro cheio de ternura, que mostra o amor entre dois seres que lutam com o mesmo fim. A não esquecer.
Sobre a autora
Aleida March nasceu em Cuba em 1937 e foi a segunda mulher de Che Guevara, com quem viveu oito anos e de quem teve quatro filhos. Licenciada em Pedagogia, Aleida sentiu desde cedo o apelo político, participando em várias acções armadas e terroristas para sabotar o governo cruel e déspota que governava Cuba.

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