sexta-feira, 26 de setembro de 2008

E Depois... - Guillaume Musso [Opinião]

Título: E Depois...
Autor: Guillaume Musso
N.º de Páginas: 382
PVP: 8€

A vida de Nathan, um dos advogados mais brilhantes de Nova Iorque, está prestes a mudar pela segunda vez. Aos oito anos, depois de ter mergulhado num lago para salvar uma menina, entrara num túnel luminoso de «morte iminente». Seguira-se o regresso à vida. Agora, após ter casado com Mallory, a menina salva no lago, e conquistado o êxito na vida profissional, Nathan é procurado por um médico excêntrico que diz ser um »Mensageiro» e que maracará mais uma mudança na sua vida. O advogado irá descobrir então por que razão regressou à vida... Um livro perpassado pela vertigem do desconhecido, que narra uma comovente história de amor e de suspense e consagra o nascimento de um »estilo Musso», onde se misturam emoção e mistério no limiar da mais essencial das perguntas: por que estamos aqui?

A minha opinião:
Após saber a notícia de que a sua morte estará para breve, Nathan, um jovem advogado decide mudar radicalmente a sua vida. Nathan um bem sucedido advogado, pôe a carreira em primeiro lugar em detrimento da sua esposa e filha, assim como vota a desprezo a sua mãe que morre praticamante sozinha. Após receber a visita de um médico "Mensageiro" que lhe dá a entender que o sue fim poderá estar para breve, Nathan decide mudar o seu modo de estar e tenta aproximar-se cada vez mais da sua família, que havia perdido. Um livro fascinante com um final surpreendente.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sveva Casati Modignani em Portugal

A Porto Editora informa que a escritora italiana Sveva Casati Modignani chegará a Portugal no dia 25 de Setembro, a propósito do seu novo romance Feminino Singular.

Na página do livro no site da Porto Editora (e no YouTube e 2) estão já disponíveis dois vídeos com Sveva Casati Modignani, nos quais saúda os milhares de leitores portugueses e desvenda um pouco do enredo de Feminino Singular

De 25 de Setembro a 2 de Outubro, a escritora italiana estará em sessões de autógrafos, estando agendados dois jantares com os leitores vencedores do passatempo promocional realizado entretanto!

Calendário das acções de Sveva Casati Modignani em Lisboa e no Porto:

Lisboa:

26/09, sexta – Bulhosa Campo Grande, 12h30

26/09, sexta-feira, Continente Colombo, 16h00

26/09, sexta – FNAC Colombo, 19h30

27/09, sábado, Feira Nova Odivelas, 11h00

27/09, sábado – El Corte Ingles, 16h00

27/09, sábado - Bertrand Amoreiras, 19h00

28/09, domingo - Bertrand Fórum Montijo, 15h00


Porto:

29/09, segunda-feira, ECI Gaia, 18h00

30/09, terça-feira, Bulhosa Bom Sucesso, 12h30

30/09, terça-feira, Continente Matosinhos, 17h00

01/10, quarta-feira. FNAC Norteshoping, 21h30

01/10, quarta-feira feira, Bertrand das Antas, 18h30

Livros que vêm a caminho

Brevemente irão surgir no mercado literário português os livros de Maria Velho da Costa ("Myra", cuja história se centra numa adolescente russa imigrada em Portugal), António Lobo Antunes com (“O Arquipélago da Insónia”), José Saramago com (“A Viagem do Elefante”, que conta a história de um elefante que percorreu mais de metade da Europa), António Mega Ferreira, que se estreia como romancista, (“A Blusa Romena”), João Aguiar e Ana Teresa Pereira. A poesia também estará em destaque com Herberto Hélder “A Faca não corta o fogo” naquele que poderá ser considerado um dos maiores acontecimento editoriais do ano e de Nuno Júdice “O Breve Sentimento do Eterno”

Miguel Esteves Cardoso também vai lançar um novo livro, mais propriamente crónicas intitulado “Em Portugal Não se Come Mal”. E “As três vidas” de João Tordo é o terceiro romance deste jovem escritor.

Quanto a autores estrangeiros destaque para “A casa do silêncio” do Nobel Orhan Pamuk; “Crónica de Travnik” de Ivo Andric, “A língua recatada” de Elias Cannetti, “O último dos escolhidos” de Jill Gregory e Karen Tintori.

Destaque ainda para a autobiografia de Barack Obama “A minha herança” e para o primeiro romance de Nuno Nazareth Fernandes “Chamam ao telefone o Senhor Doutor Afonso Henriques” e “O último navegador” romance de estreia de Virgílio Castelo.

Mia Couto na CNN



O escritor moçambicano Mia Couto, autor de … apareceu na CNN, conhecida televisão americana, numa reportagem feita por aquela estação sobre Moçambique. A reportagem descreve, sobretudo, o processo democrático após a guerra civil, tendo Mia Couto referido que é muita a felicidade de se poder andar na rua e nas estradas moçambicanas sem ter medo das bombas, tiros ou minas.

Duas Irmãs, Um Rei - Philippa Gregory [Opinião]

Título: Duas Irmãs, Um Rei
Autor: Philippa Gregory
N.º de Páginas: 640
PVP: 16,90€
 
Duas Irmãs, Um Rei apresenta uma mulher com uma determinação e um desejo extraordinários que viveu no coração da corte mais excitante e gloriosa da Europa e que sobreviveu ao seguir o seu próprio coração.

Quando Maria Bolena vai a tribunal como sendo uma rapariga inocente de catorze anos, ela chama a atenção de Henrique VIII. Deslumbrada com o rei, Maria Bolena apaixona-se pelo seu príncipe e pelo seu papel crescente como rainha não oficial. Contudo, à medida que o interesse do rei se começa a desvanecer, ela vê-se forçada a afastar-se e dar lugar à sua melhor amiga e rival: a sua irmã, Ana. Então Maria sabe que tem de desafiar a sua família e o seu rei, e abraçar o seu destino. Uma história rica e cativante de amor, sexo, ambição e intriga.

A minha opinião:

A temática do livro de Philippa Gregory já não era nova para mim, já que li alguns livros sobre Henrique VIII e Ana Bolena uma vez que, além de gostar bastante de história, gosto sobretudo do reinado dos Tudors. No entanto, nunca tinha lido nada do ponto de vista da outra irmã de Ana, que também foi amante do rei, Maria Bolena.
O poderio da família contra o individual faz com que as filhas Bolena sejam joguetes nas mãos de pai e tio de forma a atingir os seus intentos: ser mais ricos e poderosos e obter as boas graças do Rei.
Quando Maria Bolena, com 14 anos chama a atenção do rei; pai e tio fazem com que ela se separe do seu marido e tente seduzir o monarca o mais possível. Num instante está na sua cama sendo a sua amante predilecta. Tem do rei dois filhos, Catarina e Henrique, mas o monarca começa a desinteressar-se, como é costume dele e é aí que pai e tio Bolena decidem elaborar outro plano. Mandam buscar Ana de França para que seja ela a próxima amante real.
Ana, maquiavélica e ávida de poder, faz tudo o que lhe mandam, sem sequer se importar dos sentimentos que Maria nutre pelo rei. Mas Ana não quer ser só mais uma amante do rei, quer ser a futura rainha de Inglaterra. O desejo cada vez maior de Henrique ter um filho que possa suceder-lhe, faz com que caia nas promessas de Ana Bolena, que jura que lhe vai dar, aquilo que Catarina não conseguiu, um varão. Depois de conseguir com que Henrique VIII anule o casamento com Catarina de Aragão, Ana finalmente sobe ao trono, mas a população fica descontente. Com o passar dos anos, Henrique constata que a promessa não se concretizou. Ana apenas lhe deu uma filha: Isabel e não consegue conceber o filho que ele tanto deseja. O desinteresse pela Bolena começa a ser cada vez maior.
O final não será de todo feliz para a família Bolena. Jorge é acusado de incesto com Ana e é decapitado. Tal como sucedera com Catarina, também o casamento de Ana com Henrique é anulado, sendo posteriormente a Bolena acusada de adultério e de incesto tendo sido igualmente decapitada. Apenas Maria tem final feliz. Sai da corte com o seu actual marido para cuidar dos filhos que tanto ama.




Livro deu filme

“The Other Boleyn Girl” é o nome do filme baseado no livro com o mesmo nome e foi lançado em 2008. O elenco é constituído por Natalie Portman, Scarlett Johansson e Eric Bana sendo dirigido por Justin Chadwick. Enquanto lia o livro fui acompanhando o filme e, como é já é habitual, desiludiu-me um pouco. Achei que Maria Bolena não foi tão explorada como no livro e mesmo a história em si foi bastante superficial. Mais uma vez continuo a preferir ler os livros em detrimento dos filmes que são baseados neles.

Série os Tudors

Relativamente à série The Tudors, que ainda continuo a ver, essa é bem mais interessante, contando ao pormenor as peripécias da corte inglesa na altura. No entanto, não há bela sem senão, e, provavelmente para melhorar o enredo, a série tem algumas imprecisões históricas, das quais destaco apenas uma minoria. Na série a irmã de Henrique, chamada Margaret, é um misto das duas irmãs que o monarca teve: Maria e Margarida Tudor. Historicamente, a Princesa Maria, foi casada com o rei francês Luís XII da França. Com a morte do seu marido, Maria casa-se novamente com Charles Brandon, 1.º Duque de Suffolk. Na série a princesa Margarida aparece a casar com um rei português, que vive apenas alguns dias até que ela assassina-o durante o seu sono. O rei português aparece em idade bastante avançada, quando na realidade o rei português de então estava na casa dos 20 anos e era o rei João III de Portugal, e não casou com qualquer princesa de Inglaterra. A irmã mais velha de Henrique, Margarida Tudor, realmente foi casada com James IV da Escócia e tornou-se avó de Maria, Rainha dos Escoceses.

Bessie Blount foi amante de Henrique deu-lhe um filho ilegítimo (Henrique Fitzroy), que historicamente não morrera na infância. Fitzroy morreu com 17 anos em 1536, cerca de 10 anos antes da morte do seu pai, Henrique VIII. Blount também não foi casada até ao nascimento de Henry Fitzroy.

O Cardeal Wolsey não foi preso e não cometeu suicídio. Depois de ser acusado de traição, ele fixou-se em Londres para responder às acusações e morreu a caminho de Leicester. Wolsey veio a morrer em 1530, três anos antes da morte da irmã de Henrique, Maria, e na série os dois eventos são justapostos. Além disso, só depois do ano 1630, 27 anos após a morte da filha de Henrique VIII, Isabel I, é que os cardeais da Igreja Católica tiveram o tratamento de "Eminência", como é conferido ao Cardeal Wolsey na série.

William Brereton não confessou o adultério com a Rainha Ana Bolena e quase certamente não era um agente papal. Ele era um rico magnata que tinha grandes propriedades em Welsh Marches, onde foi implacável e impopular, e provavelmente foi acusado, devido ao desejo de Cromwell em remover um problema político.




Um pouco de história

Maria Bolena

Mais nova dos três irmãos, Maria foi educada na corte francesa. Ainda muito nova foi enviada para a corte de Henrique VIII, onde serviu como aia da rainha Catarina de Aragão.

Maria, Ana e o irmão George, eram conhecidos como os irmãos Bolena em toda a corte. Eram belos e inteligentes. Ana e Maria eram íntimas, unidas, mas sempre rivais. Uma relação de cumplicidade inveja e lealdade. Maria era doce e obediente, Ana era determinada, obstinada e envolvente. Casada aos 14 anos com sir William Carey, afastou-se dele ao perceber o interesse do Rei, tornando-se a sua amante, a mando da sua ambiciosa e calculista família. Deu uma filha, Catarina e um filho, Henrique ao Rei. Com isto, o rei pensou em casar-se com ela, já que Catarina de Aragão não lhe dera herdeiros do sexo masculino. Com a reclusão de Maria por conta da segunda gravidez, Ana Bolena foi designada pela família a manter o Rei afastado de outras mulheres. Porém acabou encantado por Ana, e dispensando Maria. Maria passou então a servir Ana como aia, numa corte paralela, já que a rainha Catarina de Aragão se mantinha no trono, apesar da controvérsia imposta por Henrique sobre a legitimidade do casamento deles. Toda a família Bolena empenhou-se na luta de Ana para chegar ao trono de Inglaterra. Maria voltou para o seu marido, que assumira como seus os filhos do Rei desde o nascimento. Porém, logo depois William morreu. Com o casamento de Ana com Henrique, Maria achava-se livre para viver no campo com seu novo marido, Willian Stafford, um serviçal do seu tio, que adquiriu algumas terras para viver com ela e a sua filha, a quem lhe deram o nome da sua irmã, Ana. Mas Ana ainda precisava da sua ajuda, já que após dar à luz Isabel (Elizabeth), não conseguia manter uma gestação até o fim, o que estava a deixar o Rei apreensivo em ter um herdeiro homem, e começava a desviar o seu interesse para outras mulheres da corte.

Após a morte de Ana e George, Maria foi então viver para o campo, longe da corte, como sempre quisera, com o seu marido e os seus três filhos. Morreu em 1543.




Ana Bolena

O seu casamento com Henrique VIII foi polémico do ponto de vista político e religioso e resultou na criação da Igreja Anglicana. A ascensão e queda de Ana Bolena, considerada a mais controversa rainha consorte de Inglaterra, inspiraram inúmeras biografias e obras ficcionais. Ana era filha de Thomas Boleyn, Conde de Wiltshire e de Isabel Howard, filha do Duque de Norfolk. A data e local do seu nascimento permanecem incertos no intervalo 1495-1509, sendo 1500 o mais provável. Ana foi educada nos Países Baixos, na corte de Margarida, Arquiduquesa da Áustria. Por volta de 1514, viajou para a corte francesa onde se tornou numa das aias da rainha Cláudia de Valois (mulher de Francisco I), onde aprendeu a falar francês e se familiarizou com a cultura e etiqueta deste país. Esta experiência haveria de se mostrar decisiva na formação da sua personalidade.

Em Janeiro de 1522, Ana Bolena regressou a Inglaterra por ordens do pai e entrou ao serviço de Catarina de Aragão, a consorte do rei Henrique VIII de quem a sua irmã Maria Bolena era então a amante oficial. Neste período, Ana desenvolveu uma relação com Henry Percy, o filho do Conde de Northumberland, e os dois chegaram a estar secretamente noivos. O casamento foi impedido por Thomas Bolena por razões incertas e Ana foi afastada da corte. Em meados de 1525, estava de regresso e no ano seguinte, substituiu a sua irmã mais nova nas atenções do rei. A princípio Ana seduziu-o, estimulou todos os avanços de Henrique VIII, mas não aceitava ser a sua amante, queria o trono da Inglaterra. O facto de Maria Bolena ter dado ao Rei uma filha e um filho, despertou nele a intenção de casar-se novamente para produzir um herdeiro legítimo, já que Catarina de Aragão parecia ser incapaz de lhe produzir uma herdeiro varão. O poder de Ana aumentou de forma exponencial. Tornou-se influente na diplomacia inglesa ao estabelecer uma relação de amizade com Monsieur de la Pommeraye, o embaixador francês que estava apaixonado por ela. O diplomata John Barlow era também um admirador e espiava no Vaticano às suas ordens. Em 1532, Henrique VIII tornou-a Marquesa de Pembroke, fazendo-a a primeira mulher a receber um título nobiliárquico de seu pleno direito. A sua família foi também beneficiada: o pai recebeu o Condado de Ormonde e o irmão George Bolena tornou-se Visconde Rochford. Ana não era, no entanto, uma personagem popular. Em 1531 os apoiantes da rainha Catarina organizaram uma manifestação contra Ana Bolena que reuniu 8 mil mulheres nas ruas de Londres.

Finalmente, em 1532, em Calais, Henrique VIII e Ana Bolena tornaram-se amantes. Tem-se especulado bastante em torno das razões que levaram a esta cedência após tantos anos de resistência por parte de Ana. A 25 de Janeiro de 1533, antes do anúncio oficial da dissolução unilateral do casamento com Catarina de Aragão, Henrique casou-se secretamente com Ana no Palácio de Whitehall. Esta pressa pode ter estado relacionada com uma gravidez de Ana e a necessidade de Henrique VIII em não deixar sombra de dúvidas quanto à legitimidade de um herdeiro. A 1 de Junho, Ana foi coroada Rainha de Inglaterra sob o desagrado da população londrina que boicotou as celebrações. Henrique VIII foi excomungado pelo Papa Clemente VII por esta afronta ao direito canónico a 11 de Julho e em Setembro Ana deu à luz uma menina, a futura Elizabeth I de Inglaterra.

Enquanto rainha, Ana Bolena procurou introduzir muitos aspectos da cultura francesa na corte de Inglaterra. Continuou influente junto do rei e diz-se que foi por sua indicação que a maioria dos bispos da nova Igreja de Anglicana conseguiu o seu posto. Henrique VIII parecia satisfeito com ela em tudo, menos na falta de um herdeiro. As gestações subsequentes acabaram em abortos espontâneos e no nascimento de nados mortos, o que resultou no desapontamento do rei. Em Janeiro de 1536, Catarina de Aragão morreu de doença prolongada, provavelmente cancro, e Ana teve o mau gosto de celebrar o evento vestida de amarelo quando o resto da corte, incluindo Henrique VIII, se encontrava de luto pela Princesa de Gales. A partir de então Henrique VIII começou a afastar-se da mulher, que consequentemente se tornou vulnerável a intrigas. A gota de água terá sido a subida de Jane Seymour, aia de Ana Bolena, ao status de amante.

Em Maio de 1536, após cerca de 1000 dias como rainha consorte da Inglaterra, Ana foi presa na Torre de Londres acusada de adultério, incesto e do uso de feitiçaria para atrair amantes e o próprio Henrique VIII. Além de, no desespero para gerar um herdeiro ao trono, ser acusada de ter tido relações com seu irmão George Bolena, dando a luz à um 'monstro'. Cinco homens, incluindo o seu irmão, George Bolena ou também nomeado Lord Rochfort, foram também presos e interrogados sob tortura. Baseado nas confissões resultantes, o Parlamento condenou Ana Bolena por traição a 15 de Maio. O casamento com Henrique VIII foi anulado dois dias depois, por razões desconhecidas, uma vez que os registos foram destruídos. A 19 de Maio de 1536, Ana e seu irmão George foram decapitados na Torre de Londres e onze dias depois, Henrique VIII casou-se com Jane Seymour.

A história trágica de Ana Bolena tem inspirado muitas obras de ficção e biográficas. Há também inúmeras lendas e teorias em torno da sua vida, nomeadamente a sugestão de que Ana teria seis dedos numa das mãos. Além disso, muitos dizem já ter visto o seu espírito rondando pela Torre de Londres.

Henrique VIII

Henrique VIII Tudor foi o segundo monarca da dinastia Tudor, sucedendo a seu pai, Henrique VII. Ficou famoso por ter se casado seis vezes e por exercer o poder mais absoluto entre todos os monarcas ingleses. Entre os feitos mais notáveis do seu reinado inclui-se a ruptura com a Igreja Católica Romana, e o estabelecimento como líder da Igreja da Inglaterra (ou Igreja Anglicana), a dissolução dos monastérios, e a união da Inglaterra com Gales.

A coroação de Henrique VIII foi a primeira pacífica da Inglaterra em muitos anos; entretanto, a legitimidade da dinastia Tudor tinha que ser colocada em prova. O povo inglês parecia descontente com as regras de sucessão feminina, e Henrique sentiu que só um herdeiro masculino poderia assegurar o trono. A rainha Catarina ficou grávida pelo menos sete vezes (a última vez em 1518), mas só uma das crianças, a princesa Maria, sobreviveu à infância. Henrique tinha ficado com várias concubinas, incluindo Maria Bolena e Isabel Blount, com quem tinha tido um filho ilegítimo, Henry Fitzroy, primeiro duque de Richmond e Somerset. Em 1526, quando esteve claro que a rainha Catarina não poderia ter mais filhos, Henrique começou a perseguir a irmã de Maria Bolena, Ana Bolena. Apesar da motivação principal de Henrique se divorciar de Catarina, fosse o seu desejo de ter um herdeiro homem, ficou entusiasmado com Ana, apesar de sua inexperiência infantil. A insistente tentativa do rei em terminar o seu casamento com a rainha Catarina, foi apelidada de "A questão real". O cardeal Wolsey e William Warham começaram secretamente a investigar a validade do casamento. Obviamente, a rainha Catarina tinha testemunhado que o seu matrimónio com Artur, Príncipe de Gales, não tinha sido consumado, e portanto isso não foi impedimento para o subsequente casamento com Henrique. Sem informar o cardeal Wolsey, Henrique apelou directamente à Santa Sé. Henrique pediu ao papa Clemente VII que lhe outorgasse uma dispensa para permitir casar-se com qualquer mulher, inclusive escolhendo por grau de afinidade. Esta dispensa era necessária, já que Henrique tinha tido previamente relações com a irmã de Ana Bolena, Maria. Clemente VII não estava de acordo com a anulação do matrimónio, mas concedeu a dispensa, presumindo que a mesma não teria muito efeito enquanto Henrique tivesse que permanecer casado com Catarina.

Mais tarde, a comissão estabeleceu que a Bula Papal autorizando o casamento de Henrique com Catarina seria declarada nula se as alegações em que se baseava se demonstrassem falsas.

No entanto, a demora para a anulação do casamento fez com que Henrique se sentisse cada vez mais descontente com o seu braço direito, cardeal Wolsey e destituiu-o dos seus poderes e riqueza. Com o Cardeal Wolsey caíram outros poderosos membros da Igreja na Inglaterra. O poder passou então para Sir Thomas More como novo Lord Chanceler, a Thomas Cranmer como novo arcebispo de Canterbury e a Thomas Cromwell como primeiro conde de Essex e Secretário de Estado da Inglaterra.

Finalmente, a 25 de Janeiro de 1533, o arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, participou do casamento entre Henrique e Ana Bolena. Em Maio, foi anunciado a anulação do matrimónio com Catarina, e pouco depois é declarado válido o matrimónio com Ana. A Princesa Maria, futura rainha Mary I de Inglaterra, foi rebaixada a filha ilegítima, e substituída como provável herdeira pela nova filha de Ana, Isabel (a futura rainha Elizabeth I de Inglaterra). Catarina perdeu o título de Rainha, e converteu-se na Princesa viúva de Gales; Maria deixou de ser "Princesa de Gales", para passar a ser uma simples "Lady". Catarina de Aragão morreu de cancro em 1536.

Esta atitude de afronta sem precedentes à Igreja Católica valeu-lhe a excomunhão, declarada por Clemente VII em 11 de Julho de 1533. No seguimento da excomunhão, Henrique decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana, declarou a dissolução dos monastérios, tomando assim muitos dos haveres da Igreja, e formou a Igreja Anglicana, da qual se declarou líder. Esta decisão tornou-se oficial com o decreto da supremacia (Act of Supremacy) de 1534. A recusa em jurar obediência a este decreto levou-o a condenar o humanista Thomas More, seu antigo Lord Chanceler, à morte.

Em 1536, a rainha Ana Bolena começou a perder o favor de Henrique. Depois do nascimento da princesa Isabel, Ana teve duas gestações que terminaram em aborto ou morte da criança. Enquanto isso, Henrique começava a prestar atenção na dama da corte, Jane Seymour. Talvez animado por Thomas Cromwell, Henrique fez com que Ana fosse presa sob a acusação de bruxaria, de ter relações adúlteras com cinco homens, de incesto (com seu irmão Jorge Bolena, o Visconde de Rochford), de injuriar o Rei e conspirar para assassiná-lo, com a agravante de traição. As acusações eram inteiramente inventadas. O tribunal que tratou do caso foi presidido pelo próprio tio de Ana, Thomas Howard, Duque de Norfolk. Em Maio de 1536, Ana e seu irmão foram condenados à morte, entre a fogueira ou a decapitação, o rei escolheu que Ana fosse decapitada. Os outros quatro homens sobre os quais foram apontadas acusações de terem tido relações com Ana, foram condenados à decapitação. Lord Rochford, pai de Ana, foi decapitado no final do julgamento de forma imediata. Ana também foi decapitada em pouco tempo.

Um dia depois da execução de Ana Bolena, em 1536, Henrique VIII ficou noivo de Jane Seymour e dez dias depois casou-se com ela.

A Segunda Acta de Sucessão de 1536 declarou que os filhos da rainha Jane seriam os próximos dentro da linha sucessória, excluindo Lady Maria e Lady Isabel.

Jane deu à luz a um filho, príncipe Eduardo em 1537, e morreu poucas semanas depois, a 24 de Outubro devido a septicemia após parto. Logo depois da morte de Jane, a corte inteira guardou luto com Henrique por algum tempo. O Rei considerou-a sempre sua "verdadeira" esposa, ao ser a única que lhe deu o herdeiro varão que tão desesperadamente sonhava.

Henrique desejou casar-se novamente. Thomas Cromwell, agora Conde de Essex, sugeriu o nome de Ana de Cleves, irmã do Duque de Cleves, que tinha sido um importante aliado no caso do ataque da Igreja Católica à Inglaterra. Depois de ver o retrato de Ana e receber descrições complementares a respeito da mesma, Henrique decidiu casar-se com Ana. Porém, quando chegou a Inglaterra, Henrique achou-a pouco atraente, no entanto casou-se na mesma a 6 de Janeiro de 1540.

Pouco tempos depois, Henrique decidiu terminar o casamento, não apenas por causa dos seus sentimentos mas também por considerações políticas. O Duque de Cleves tinha entrado numa disputa com o Sacro Império Romano, com o qual Henrique não queria entrar. A nova rainha, Ana, foi inteligente o bastante para não deixar Henrique pedir a anulação do casamento e alegou que o mesmo não havia sido consumado. O casamento portanto foi anulado e Ana recebeu o título de "Irmã do Rei".

Em 28 de Julho de 1540, Henrique casou-se com a jovem Catarina Howard, prima de Ana Bolena e estava encantado com a nova rainha. Logo após o casamento, entretanto, Catarina teve um caso com o cortesão Thomas Culpeper. Ela também empregou como seu secretário, Francis Dereham, com quem tinha tido um caso antes de se casar com Henrique VIII. Thomas Cranmer apresentou evidências das actividades extra-conjugais da rainha a Henrique e, embora este não tivesse acreditado, mandou Cranmer conduzir investigações que acabaram por resultar na verdade. Quando interrogada, a Rainha admitiu o caso com Dereham mas alegou que foi forçada por ele a ter esta relação extra-conjugal, porém Dereham delatou o relacionamento de Catarina com Thomas Culpeper. O casamento com Catarina foi anulado rapidamente após a sua execução. Como no caso de Ana Bolena, Catarina Howard pode ter sido vítima de uma acusação falsa de adultério, porém nada conseguiu ser provado.

Henrique casou-se com a sua última mulher em 12 de Julho de 1543, a rica viúva Catarina Parr. Ela e Henrique tiveram um casamento cheio de discussões sobre religião, uma vez que ela era radical e Henrique conservador. Embora isso desagradasse ao Rei, ela sempre se salvou mostrando-se submissa. Ajudou a reconciliação de Henrique com suas duas filhas, Lady Maria e Lady Isabel. Em 1544, uma Acta do Parlamento colocou-as de volta na linha de sucessão ao trono inglês após o príncipe Eduardo, embora elas continuassem ilegítimas.

A tirania de Henrique tornou-se mais aparente com o avanço da idade e a queda da sua saúde. Uma onda de execuções políticas, que começaram com Edmund de la Pole (o Duque de Suffolk) em 1513 e terminaram com Henrique (Conde de Surrey) em Janeiro de 1547.

Nos últimos anos da vida de Henrique, o monarca engordou consideravelmente, com uma medida de cintura de 137 centímetros, e possivelmente sofria de gota.

A conhecida hipótese sobre que sofria de sífilis foi difundida pela primeira vez uns cem anos depois de sua morte. Argumentos mais recentes sobre esta possibilidade provêm de um maior conhecimento desta doença, que permite supor que Eduardo VI, Maria I e Isabel I mostraram todos sintomas característicos de sífilis congénita.

Henrique VIII faleceu a 28 de Janeiro de 1547 no palácio de Whitehall. Foi sepultado na Capela de São Jorge, no castelo de Windsor, ao lado de a esposa, Jane Seymour. Posteriormente, os seus três filhos sentaram-se sucessivamente no trono da Inglaterra.

Informações baseadas na Wikipedia
WOOK - www.wook.pt