terça-feira, 7 de outubro de 2008

John Le Carré poderá deixar de escrever romances



O escritor britânico John Le Carré admitiu, numa conferência realizada em Londres, que poderá deixar de escrever romances e assim dedicar-se ao teatro e redigir uma autobiografia.

O autor, que está prestes a lançar um novo livro, intitulado "The Most Wanted Man", confessou ter medo de poder publicar textos de um nível inferior aos já publicados dando como exemplo Graham Greene que, na sua opinião, não devia ter publicado os seus últimos textos.

A conferência realizada em Londres, que esgotou os cerca de 900 lugares do auditório Queen Elizabeth Hall, serviu também de apelo à entrega de donativos para a Reprieve.




John le Carré, pseudónimo de David John Moore Cornwell, nasceu em Poole, Grã-Bretanha, a 19 de Outubro de 1931, vivendo actualmente na Cornualha.




Estudou na universidade de Berna na Suíça, e na Universidade de Oxford em Inglaterra, tornando-se depois professor em Eton College antes de se juntar ao corpo diplomático britânico entre 1960 e 1964.




A sua experiência nos serviços secretos terminou repentinamente, quando o agente duplo britânico Kim Philby denunciou a identidade de dezenas de espiões compatriotas ao KGB. No entanto o seu primeiro livro ainda seria publicado enquanto estava no (MI6).




John le Carré é autor de numerosos livros de espionagem, muitos dos quais apresentam um enredo que se desenvolve no contexto da Guerra Fria. No entanto, o fim da Guerra Fria levou-o a modernizar as temáticas que serviam como pano de fundo aos seus romances, assim, introduziu na sua obra temas como o terrorismo islâmico, a problemática causada pelo desmembramento da União Soviética, a política dos Estados Unidos da América no Panamá e as manobras obscuras da indústria farmacêutica no continente africano.




Destacam-se na obra de Le Carré a estrutura extremamente elaborada dos seus romances, sendo as personagens, entre as quais se destaca o agente George Smiley, complexas e profundas, o oposto do estereótipo de espião superficial popularizado pelo James Bond de Ian Fleming. A profundidade humana, a complexidade política e moral, assim como a inteligência dos enredos levaram-no a ser considerado o autor de espionagem mais literário e filosófico do século XX.

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