quarta-feira, 4 de março de 2020

Uma Família Quase Normal - Mattias Edvardsson [Opinião]

Título: Uma Família Quase Normal 
Autor: Mattias Edvardsson
Editor: Suma de Letras
N.º de Páginas: 472

Sinopse: 
Stella é uma adolescente comum, de uma família honesta. O pai, Adam, é pastor da Igreja da Suécia, respeitado e de uma moral irrepreensível, casado com Ulrika, advogada de defesa.

Os Sandell são a família perfeita, até que Stella é acusada do assassinato brutal de um homem muito mais velho, Christopher Olsen. Mas que motivo poderia ela ter para conhecer um homem de negócios obscuro, quanto mais para o matar? Tudo deve não deve passar de um erro terrível.

Neste emocionante thriller, o magistral contador de histórias Mattias Edvardsson arquitecta uma teia na qual todos se envolvem e nada é o que parece. A história de um crime e a destruição de uma família é contada através de uma estrutura incomum de três partes que mantém o leitor a questionar tudo e todos. Tudo é virado do avesso à medida que a perspectiva muda, uma nova voz assume o controlo e novas sombras são lançadas na luz.

A minha opinião: 
Os Sandell são, aparentemente, uma família exemplar. Adam é pastor numa igreja sueca, Ulrika é uma advogada com algum estatuto e Stella, uma adolescente comum. 

Até que Stella é acusada do assassinato brutal de um homem muito mais velho. 

A partir daqui a história será contada sob três pontos de vista: o do pai, o de Stella e, por último, o da mãe. 

Adam é o primeiro a relatar o que aconteceu naquela noite. Grande protector da filha, é capaz de lhe dar um álibi, mesmo que saiba de antemão que ao inventar uma história poderá prejudicá-la. A sua protecção vai ao ponto de a controlar e perseguir. 

Stella, inicialmente vista como uma miúda problemática, é, apesar de tudo uma adolescente normal. Quando o autor lhe dá a voz vamos conhecendo melhor a sua vida até aqui, e percebendo um pouco melhor as razões que a levaram a ter determinados comportamentos. 

Ulrika é advogada e, como tal, vê o caso de uma outra forma. Prejudica inicialmente a filha para a poder e conseguir ilibar no fim. 

Mais do que um thriller, este livro levanta várias questões morais. Até que ponto iríamos para proteger um filho? Mentiríamos? Levantaríamos suspeitas sobre outra pessoa só para o libertar? Acreditaríamos em tudo o que ele nos dissesse?
Se acrescentarmos o facto de Stella ter como pais um pastor amado pela comunidade e uma advogada, as questões morais serão ainda mais destacadas.  

O autor sueco Mattias Edvardsson surpreendeu-me com este livro. Gostei imenso da forma como foi escrito, desde a sua estrutura, ao desenrolar da narrativa até ao facto de ser relatado sob o ponto de vista das três personagens principais.
Com o avançar da leitura vamos percebendo melhor o que aconteceu realmente naquela noite e as circunstâncias que levaram àquele crime. As pistas que foram surgindo levaram-me a suspeitar do verdadeiro criminoso. 

O final não foi surpreendente mas encheu-me as medidas. 

"- Estás a dizer que és a favor da pena de morte?
- Acho que a maioria das pessoas é. É muito fácil uma pessoa dizer que é contra a pena de morte, quando isso não a afecta pessoalmente. Pergunte a qualquer pessoa que tenha um familiar que tenha sido assassinado, e aposto que a resposta é bastante óbvia."





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