quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Mudanças - Mo Yan [Opinião]

Titulo: Mudanças
Autor:
Mo Yan
Páginas: 155
ISBN: 978-989-863-3002
Preço: € 14,90

Em Mudanças, Mo Yan descreve, na primeira pessoa, as alterações políticas e sociais no seu país ao longo das últimas décadas, num romance disfarçado de autobiografia, ou vice-versa. Ao contrário da maioria dos escritos históricos sobre a China, que se limitam a narrar acontecimentos políticos, Mudanças conta a história do povo, numa perspectiva mais intimista de um país em transformação. Avançando e recuando no tempo, Mo Yan dá vida à História, descrevendo com acutilância e muito humor os efeitos dos acontecimentos do dia-a-dia na vida do cidadão comum.




A minha opinião:
Romance de estreia da nova editora portuguesa Divina Comédia, devo dizer que acertou em cheio, já que o primeiro livro que publica é do Prémio Nobel da Literatura 2012. Com uma qualidade gráfica e visual a saltar à vista, torna-se aliciante comprar livros desta editora, caso continuem assim. Estreia também para mim, já que nunca tinha lido Mo Yan, o que se viria a revelar numa agradável surpresa. De fácil leitura e com um tema que me agradou bastante, a história política da China, consegui lê-lo em pouco tempo e deliciar-me com a sua escrita.

Mudanças é um relato autobiográfico, um tanto ou quanto romanceado, que nos ajuda a percorrer, juntamente com o autor, a China dos anos 50 até à actualidade. Vamos acompanhando as dificuldades pelas quais passa o povo chinês ao longo destes anos, as desigualdades económicas, e uma sociedade que funcionava à base de interesses. Mo Yan viveu numa altura em que a entrada para a faculdade se baseava não em exames, mas em recomendações feitas por camponeses pobres e da classe média-baixa.

Sem possibilidade de continuar a estudar e uma vez que foi expulsod a escola no 5.º ano, Mo decid enveredar pela carreira militar, mostrando um claro apoio à política vigente. No entanto, anos mais tarde, e ao escrever estas memórias, não deixa de criticar a corrupção reinante no seu pais, que tornou alguns dos seus amigos ricos.

Um retrato cuja personagem principal é o próprio autor, a que se junta uma outra, fundamental para o enredo: um camião,
um Gaz 51, de fabrico soviético, que fascinava todas as crianças colegas de Mo Yan quando frequentavam a primária.

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